10 histórias de atletas paralímpicos que merecem ser contadas e compartilhadas

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As Paralimpíadas Rio 2016 chegaram ao fim, mas seu legado segue firme pela cidade e na nossa memória. Foram 97 medalhas masculinas e 39 femininas, resultado da melhor campanha brasileira da história. Com as arquibancadas cheias, os jogos renderam muito mais do que premiações. Conheça 10 histórias de atletas paralímpicos que merecem ser contadas.

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Daniel Dias

Não dá pra falar de atletas paralímpicos sem citar o maior nadador do mundo. Nascido em Campinas (SP) com má formação dos membros superiores e da perna direita, o brasileiro encontrou a natação em 2004, aos 16 anos, depois de acompanhar as conquistas de Clodoaldo Silva em Atenas-2004.

Na água, ele coleciona prêmios e recordes. Com impressionantes 24 medalhas paralímpicas, ele tem seis recordes mundiais e 14 títulos. Também já levou para casa dois troféus Laureus, que é como um “Oscar do Esporte”, como Melhor Atleta com Deficiência em 2009 e em 2013. Atualmente ele é casado e tem dois filhos.

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Deepa Malik

Nascida em Bangladore, na Índia, Deepa Malik se tornou a primeira medalhista paralímpica do país após competir nos jogos do Rio 2016. Aos seis anos de idade, retirou um tumor da coluna, que acabou reaparecendo em 1999. Três cirurgias na espinha dorsal comprometeram o movimento de suas pernas, o que a levou à cadeira de rodas.

Aos 30 anos de idade começou a nadar e depois descobriu o arremesso de peso, em 2009. Derrubando esteriótipos, ela já conquistou 47 medalhas de ouro, cinco de prata e duas de bronze em competições nacionais, além de 13 medalhas internacionais. Com o intuito de libertar outras mulheres das amarras machistas indianas, baseadas na dependência feminina, a atleta vai utilizar o prêmio em dinheiro que recebeu para investir no esporte em seu país.

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Antônio Tenório

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Natural de São José do Rio Preto (SP) e praticante de judô desde os 8 anos de idade, Tenório teve mudanças em seu destino de maneira totalmente imprevisível. Aos 13 anos, enquanto brincava com amigos, foi atingido no olho esquerdo por uma semente de mamona que deslocou sua retina e o deixou cego. Seis anos mais tarde, o olho direito foi prejudicado por uma infecção, fazendo com que ele perdesse totalmente a visão.

Assim teve de se adaptar na modalidade paralímpica do esporte e foi se aperfeiçoando tanto que logo em 1996, nos jogos de Atlanta, já garantiu a primeira medalha de ouro do Brasil fora do atletismo e da natação. Quando chegou em Pequim, em 2008, era o único judoca a conquistar quatro ouros consecutivos em Paralimpíadas e o 6º maior vencedor brasileiro em Jogos Olímpicos. Aos 42 anos, subiu ao pódio da Rio 2016 com medalha de prata e nem pensa em aposentadoria. Agora o foco é chegar ao Mundial de 2018 e a Tóquio 2020.

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Foto: Gabriel Heusi/Brasil2016.gov.br

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Susana Schnarndorf

Nascida em Porto Alegre, Susana se entregava ao triathlon (combinação de natação, ciclismo e corrida), conquistando o pentacampeonato brasileiro em 1993 e 1997, disputando o Iron Man 13 vezes e os Jogos Pan-Americanos em 1995. Foi neste mesmo ano que foi diagnosticada com Atrofia de Múltiplos Sistemas (MSA), doença degenerativa grave e sem cura que vai paralisando o corpo, incluindo os pulmões, tão fundamentais na vida de quem nada.

Ainda assim ela seguiu competindo na natação, responsável por retardar a doença, e lutando por sua própria existência. Mãe de três filhos, chegou à Rio 2016 aos 48 anos com 40% de capacidade respiratória e ainda assim subiu ao pódio com uma orgulhosa medalha de prata. Sua condição faz com que a cada Paralimpíada mude sua categoria, devido o aumento das limitações. Ainda assim ela foi campeã mundial em 2013 e recordista brasileira dos 50m, 100m e 400m livres, 100m peito e 200m medley.

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Clodoaldo Silva

Conhecido como “Tubarão Paralímpico”, Clodoaldo teve grandes conquistas ao longo da vida. Nascido em Natal (RN) com paralisia cerebral por falta de oxigênio no parto, ele teve o movimento das pernas e a coordenação motora comprometidos. Como reabilitação, o atleta começou a nadar em 1996 e já levou três medalhas de ouro para casa após sua primeira competição, em 1998, quando tinha 19 anos.

A fama chegou nas Paralimpíadas de Atenas, em 2004, ano em que ganhou notoriedade ao conquistar seis ouros e uma prata nas oito provas disputadas. Assim era o maior medalhista brasileiro e paralímpico da natação. A partir dali ganhou o apelido de “Michael Phelps do Brasil” e seguiu acumulando títulos, com quatro recordes mundiais, cinco recordes paralímpicos, além de ser eleito o melhor atleta paralímpico de 2005 pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC). Inspiração para Daniel Dias, se aposentou aos 37 anos dando as últimas braçadas na piscina da Rio 2016 e mantém um instituto que leva seu nome.

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Foto: Miriam Jeske/Brasil2016.gov.br

Teresa Perales

Até os 19 anos, a espanhola Teresa Perales praticava karatê em Saragoça e sequer sabia nadar. Foi nesta época que passou a usar cadeira de rodas devido a uma neuropatia, doença que afeta o sistema nervoso. A natação então entrou em sua vida como reabilitação e nunca mais saiu. Com o tempo das braçadas sempre avançando, ela começou a se dedicar ao esporte e chegou às Paralimpíadas de Sydney conquistando cinco medalhas.

Em Atenas, no ano de 2004, vieram as duas primeiras medalhas de ouro. Até a Rio 2016, ela tinha 22 medalhas olímpicas, mesmo número do nadador norte-americano Michael Phelps. Aos 40 anos, a determinada atleta conquistou três pratas e um ouro nas Paralimpíadas do Brasil , elevando seu número de medalhas para 26. Além destas, tem 17 mundiais e 33 europeias. Ela também já atuou na política, lançou livros e dá palestras motivacionais.

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Daniel Martins

Comparado fisicamente com o atacante Neymar Jr., o velocista natural de Marília (SP) também sonhava em ser jogador de futebol. Rápido em campo, Daniel tinha dificuldades de aprendizado e descobriu o atletismo num esportivo comandado pelo treinador Luiz Carlos Albieri, o mesmo que revelou o campeão olímpico Thiago Braz.

Quando conheceu o esporte, a três anos atrás, passou a depositar toda a energia e velocidade em prol de superar limites. Campeão mundial e o mais rápido de todos os tempos entre os paralímpicos, conquistou a medalha de ouro na classe T20 (para deficientes intelectuais) da Rio 2016 e conseguiu bater o próprio recorde, cravando 47s22. O tempo lhe rendeu não só o primeiro lugar no pódio, mas recorde mundial nos 400m da categoria.

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Yu Chui Yee

As batalhas da chinesa Yu Chui Yee começaram muito antes dela ser medalhista olímpica. Aos 11 anos foi diagnosticada com câncer nos ossos, resultando na amputação de metade da perna esquerda. Depois da doença, passou a nadar, até uma amiga a apresentar para a esgrima de cadeira de rodas. Aos 16 anos, estava apaixonada pelo esporte devido a complexidade tática, o duelo físico e, segundo a própria, os caras bonitos.

Conhecida como “princesa de sete ouros de Hong Kong”, a paratleta rapidamente brilhou na equipe do país e chegou a Atenas em 2004, aos 20 anos, vencendo disputas do florete da categoria A, tornando-se a primeira esgrimista em cadeira de rodas a ficar em primeiro lugar nas categorias individual e equipe. As conquistas alcançaram o pódio também em Pequim 2008 e Londres 2012, onde levou duas medalhas de ouro. Na Rio 2016, com 32 anos, saiu vitoriosa com duas medalhas de prata.

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Ricardinho

Conhecido no Futebol de 5 como Ricardinho, o gaúcho Ricardo Steinmetz Alves ficou cego aos oito anos de idade após dois anos intensos de luta contra um problema na visão, que causou deslocamento de retina. A notícia parecia anunciar o fim do sonho de jogar futebol. Mal sabia ele que, dois anos depois, estaria jogando bola na escola, e que aos 15 já era membro da  seleção brasileira principal.

As conquistas só foram aumentando. Aos 17, foi o atleta mais jovem a receber o título de melhor jogador do mundo. Em 2006, se destacou como artilheiro da Copa América, e em 2010, foi campeão mundial pela primeira vez. Atualmente considerado o melhor do mundo na categoria, integra o time da seleção brasileira de Futebol de 5, que tem quatro títulos mundiais e é tricampeã Paralímpica, levando medalhas de ouro em Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012. Na Rio 2016, com um único gol de Ricardinho, levaram a medalha de ouro em jogo contra o Irã e são agora tetracampeões paralímpicos.

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Natalia Partyka

A mesatenista polonesa nasceu em Gdansk, no norte da Polônia, sem uma parte de seu braço direito. Isso não a impede de jogar tênis de mesa como qualquer outro atleta, tanto que disputa não só as Paralimpíadas como também os Jogos Olímpicos em 2008, 2012 e 2016. O esporte teve início aos sete anos, por influência da irmã, que também praticava.

Em Sydney, no ano 2000, foi a atleta mais nova a disputar os Jogos Paralímpicos, com apenas 11 anos de idade. Aos 15, em Atenas, levou o ouro e não parou mais. Conhecida por seu “vício em vencer” e com sete medalhas olímpicas aos 27 anos, ela não vê nada de especial em sua condição e tampouco gosta de falar sobre isso, já que sem sua visão isso é uma coisa normal. E todo mundo deveria achar o mesmo.

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