A breve passagem de Marília Mendonça pela Terra foi meteórica: na adolescência, já se revelava uma gênia das composições. Aos 15, conquistou o coração de um empresário da música sertaneja, passando a escrever canções para Jorge & Mateus, Cristiano Araújo, Henrique & Juliano, João Neto & Frederico, entre outros.
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Aos 18, já era uma compositora bastante requisitada no mundo sertanejo. Não demorou muito para alçar voo solo, lançando seu primeiro álbum aos 20 anos. Nascida em Goiás, Marília era a cara do Brasil. E tinha um jeito bem particular de representar mulheres magoadas e oprimidas.
Suas canções, especialmente as mais recentes, criticavam a violência doméstica, o sexismo dentro da música sertaneja e o preconceito com o gênero musical. “O sertanejo sempre foi visto como brega, na pior definição do termo, ou como um estilo de gente sem cultura que não entende das coisas. Para as mulheres, o estereótipo é ainda pior, pois há a questão da imagem. Mas hoje sei que adoro ser brega“, disse Marília em julho deste ano ao jornal “O Globo”.
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Ela cantou a versão da mulher traída, seu maior sucesso, “Infiel”. Cantou a mulher amante em “Como Faz com Ela” – e também cantou a mulher renegada em “Amante Fiel”. Ao narrar a vida de mulheres reais, a cantora de 26 anos se tornou a principal voz do “feminejo”, subgênero musical em que mulheres tomam a palavra para narrar sua versão de causos de amor.
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“A gente sempre quis falar sobre assuntos que chocam. Somos mulheres jogadas numa selva. Por isso, temos essa postura bem combativa. Sabemos identificar quando algo não está indo para o lado certo. O máximo que cheguei a ser agredida, e isso me fez muito mal, foi um dedo na cara. Queremos que mais mulheres sejam encorajadas com a nossa arte“, disse a goiana, que foi a cantora brasileira mais escutada no streaming em 2019 e 2020.
Nas redes sociais, Marília Mendonça tem mais seguidores no Spotify do que os próprios Beatles – e acumula incríveis 40 milhões de seguidores no Instagram. Muito além dos números, a jovem de Cristianópolis (GO) mudou a face da música sertaneja, hoje a grande música popular do Brasil.
Mais: era de forma inconteste a artista mais reconhecida de toda a música sertaneja há alguns anos – e sempre usou essa fama a seu favor, incluindo a atuação em causas e ações sociais relevantes à população.
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Separamos 9 momentos de pura solidariedade da Patroa e Rainha da Sofrência. Confira abaixo:
1. Fez shows e lives para ajudar vítimas da pandemia de Covid-19
Em abril do ano passado, quando a pandemia começou a ganhar força no Brasil e medidas de isolamento social foram decretadas pelo governo, Marília Mendonça organizou uma “live” no YouTube para engajar seus seguidores e arrecadar mantimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Cerca de 225 toneladas de alimentos e outros insumos foram levantados durante a transmissão, beneficiando diretamente dezenas de milhares de pessoas.
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O show foi o primeiro de muitos feitos pela Patroa visando ajudar as populações carentes em parceria com a Mesa Brasil Sesc, uma rede nacional de bancos de alimentos contra a fome.
“Marília Mendonça, além de talentosa, tem responsabilidade social dobrada. Ajudou a proteger e alimentar quem está passando necessidade e ainda matar a fome de alegria de quem está longe das pessoas queridas. Foi importante que a sociedade se mobilizasse para realizar ações solidárias naquele momento. A pandemia está impactando a vida das pessoas de muitas formas”, disse o presidente do Sindicato Sindilegis, Petrus Elesbão.
2. Ajuda na crise do oxigênio em Manaus (AM)
Nos dias 14 e 15 de janeiro, Manaus vivenciou o colapso total do seu sistema de saúde em decorrência da falta de cilindros de oxigênio – essenciais para tratar casos graves de Covid-19.
Com a demora das autoridades em agir, artistas e personalidades se uniram para comprar – e distribuir rapidamente – dezenas de cilindros para possibilitar a continuidade do tratamento dos infectados.
Ao lado de Whindersson Nunes, Marília mobilizou recursos e transporte para a entrega do oxigênio em tempo hábil.
3. Venda de jatinho particular para pagar salários de seus funcionários
Devido às regras rígidas de quarentena para frear o aumento de casos do novo coronavírus, o país ficou mais de um ano sem receber e realizar shows, prejudicando a classe artística.
Marília, por sua vez, ficou cerca de quinze meses sem fazer apresentações com público pagante – e nesse meio-tempo, se recusou a demitir sua equipe. Para manter o salário de todos os colaboradores em dia, ela vendeu seu jatinho particular e passou a utilizar voos fretados.
4. Doação de cestas básicas à população de rua de Goiânia (GO)
No final do ano passado, em meio ao desemprego recorde e relatos de famílias passando fome na capital goiana, estado natal da sertaneja, ela doou milhares de cestas básicas diretamente ao poder público para distribuição prioritária.
Na mesma época, em uma live no Instagram, convidou seus seguidores a doar também, o pouco que fosse, seja em alimentos ou contribuições financeiras.
5. Doação de 100 mil reais à instituição de amparo aos idosos
Em 2018, pouco depois de fazer um show na cidade de Campina Grande (PB), Marília Mendonça anunciou a doação de R$ 100 mil para a instituição São Vicente de Paulo e entregou à irmã Maria do Rosário, que cuida da entidade.
A fundação, que existe há mais de oito décadas, se dedica a atividades voltadas para idosos carentes.
“Não gosto de mostrar esse tipo de coisa, mas queria mostrar para vocês que não quero deixar meu amor só nas palavras, porque isso fica muito pequeno diante de tudo que o Nordeste necessita, diante de tudo que o Nordeste é, fica muito pequeno diante de vocês”, disse Marília ao se oferecer para ser madrinha da Instituição.
6. Protagonismo da mulher em canções sertanejas
Em um gênero musical tradicionalmente dominado por homens, Marília Mendonça chegou como um foguete, colocando as mulheres como protagonistas das situações, como na faixa Supera, em que ela dá orientações “de mulher para mulher” sobre um relacionamento abusivo.
Ao jornal “O Globo”, a Patroa disse que “havia perdido” a conta de quantas mulheres entraram em seu camarim para revelar que abandonaram os maridos incentivadas pelo hit “Infiel”.
No entanto, ela frisou ao lado das amigas Maiara e Maraisa que “não faz música feminina” e que, pessoalmente, não curtem o termo “feminejo”.
“Não precisamos mais de um nicho. Estamos no ranking de igual para igual com os homens“, cravou a jovem.
Meses antes de sua morte, Marília Mendonça cantou a canção inédita “Você não manda em mim”, cuja letra aborda a violência contra a mulher.
Ouça abaixo:
7. Gente como a gente
Por mais fartura e bonanças que o sucesso musical tenha lhe concedido, a Rainha da Sofrência jamais deixou de ser gente como a gente. Como exemplos simples, podemos citar seus Stories no Instagram, onde ela fazia graça de tudo, brincava com as situações do dia a dia e se tirava sarro de si mesma.
Em 2019, ela foi flagrada ajudando o pessoal da limpeza a varrer o chão após um show em Fortaleza, no Ceará. Exemplo de humildade!
8. Visita à pequena Sophia
Ela também visitou a pequena Sophia, de 1 ano e 5 meses, que se tornou viral na internet após ser gravada dançando a canção “Eu sei de Cor”, da sertaneja.
A pequena sofre de uma doença rara, a Histiocitose de células de Langerhans, onde várias marcas surgem na pele do paciente e é necessário a realização de sessões de quimioterapia.
A mãe da menina, Mayara Cristiane Bueno, contou ao G1 que a cantora estava em Ribeirão Preto para um show no Ribeirão Rodeo Music e procurou a família de Sophia para conhecer a pequena fã, que estava na cidade para uma consulta. O encontro aconteceu em um hotel da cidade.
“Não tenho palavras para expressar o que estou sentindo; ver a cantora Marília Mendonça sentada no chão, tentando fazer amizade com a Sophia, foi emocionante. Você percebe, em momentos como esse que, mesmo famosos, as pessoas são humanas e tem sentimentos”, escreveu Mayara no Facebook.
A mãe disse que, mesmo após um show na noite anterior e ainda com outro previsto no dia, Marília brincou e conversou com a menina. Ela também optou por ser um encontro só com a família e o médico Paulo Martins.
Modelo trans que foi agredida em apartamento no RJ ganha vaquinha e tem apoio de famosos
9. Ajuda à modelo trans agredida no RJ
Alice Felis foi vítima de agressões físicas em seu apartamento no ano passado e isso foi muito chocante e revoltante para todos nós. Plena década de 2020 e, infelizmente, a transfobia ainda é um crime muito frequente.
Usando um trecho de um dos vídeos que ela publicou, “por mais que você faça o bem, por mais que você seja uma pessoa boa, sempre vai ter uma pessoa que vai te atirar uma pedra, vai te discriminar e vai te maltratar simplesmente pelo fato de você querer ser feliz da forma que você quer”.
Para a sorte dela, ainda há muita gente que respeita e defende a diversidade de gênero.
história brutal. sem escrúpulos nenhum quem tem coragem de atacar um ser humano dessa forma, gratuitamente. por favor, deixem abaixo o link da vakinha e eu ajudarei como posso. ajudem vcs também! https://t.co/0aWhIaRGU8
— maria mendonça (@MariliaMReal) August 18, 2020
O caso de Alice repercutiu muito na rede e famosos de solidarizaram com o caso, como Marília Mendonça, que não só divulgou a vaquinha feita por internautas, como também fez uma doação direta à Alice.
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