“Mesmo sem ter um cão, encontro neles afeto e sabedoria”

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A jornalista Rafaela Carvalho, de 32 anos, de São Paulo, não tem um cachorro. Mas, como ela nos conta aqui, isso não a impede de aproveitar a companhia desses animais, dar e receber carinho deles e, nessa troca, aprender mais sobre a vida.

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“Já ouvi mais de uma vez que nutro um entusiasmo pela vida como se fosse um labrador. Gosto de pensar que é verdade: tento aproveitar meus dias com o máximo de energia, cumprimento as pessoas à minha volta com um sorriso largo e sempre procuro dar um voto de confiança e acreditar no melhor de cada um. E, justamente por causa disso, sinto-me cercada de alegria na maior parte do tempo.

Talvez seja por isso que sou apaixonada pela companhia de cachorros: de alguma forma, percebo que a gente se entende. Em casa, não tenho nenhum – ainda parece uma responsabilidade grande demais –, mas é só sair pela minha porta que reconheço meus muitos amigos caninos.

Marcelo, meu vizinho, sempre está na rua andando com seu vira-lata, Magrelo – e essa rima de nomes me fascina todos os dias quando os cumprimento. Na praça do bairro, sempre vejo seu Ricardo, um senhor que caminha lentamente, no ritmo de Lolo e Mocinha, seus dois pequenos cães que adoram cheirar meus pés e apreciar a paisagem. Ao visitar minha irmã, passo semanas abraçada a Nina e Ariel no sofá, cada uma com mais de 20 kg de amor em saltos, lambidas e patadas na minha perna quando paro de fazer carinho. E, quando encontro meu pai e minha madrasta, vejo Lua e Maré, duas pitbulls que se deitam de barriga para cima ao meu lado e fecham os olhos esperando um agrado.

“Cachorros entendem o que importa e, ao contrário de muitos humanos, não perdem tempo com o que não lhes faz bem.”

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Os cães dos meus amigos, familiares e conhecidos parecem ser uma fábrica inesgotável de afeto. É tanto carinho transbordando que a única coisa que eles sabem fazer com o sentimento é reparti-lo generosamente – não só com seus tutores, mas comigo também.
Em tempos como os de agora, em que somos lembrados de tudo que perdemos, das dores que se cristalizaram em nós e dos rancores que ainda alimentamos, nunca deixo de me surpreender com os animais, que conseguem ser alheios a essa realidade.

Alguns dirão que eles são felizes porque sabem menos. Pois eu digo que é porque sabem mais: cachorros entendem o que importa e, ao contrário de muitos humanos, não perdem tempo com o que não lhes faz bem. Estar perto deles não é só uma forma de se conectar com as pessoas que os amam – é, também, experimentar um mundo em que a leveza do presente é a principal razão para viver.”

Texto: Rafaela Carvalho
Foto: AJ Watt / iStock
Conteúdo publicado originalmente na Sorria #83, em fevereiro de 2022.

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