Neste depoimento, o jornalista Leonardo da Silva Filomeno, 36, de São Paulo, conta como aprofundou a convivência com o pai depois que passou a compreendê-lo.
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“Principalmente na adolescência, eu sentia enorme dificuldade em estabelecer uma conversa com meu pai. Para ele, o certo era respeitar a opinião dos mais velhos e ponto. Tivemos muitas discussões porque ele não aceitava meus questionamentos sobre religião, regras sociais, política, e porque ele me cobrava muito para ser sério como meu irmão mais velho, já que a criação era a mesma.
Se eu quisesse dividir uma insegurança, não conseguia, e atribuía a ele a culpa por eu acabar fazendo bobagem. Acontece que meu pai também era desprovido de ferramentas para falar de afeto. Ele cresceu sem a referência de uma figura paterna, e, desde cedo, precisou se virar sozinho.
Sua vida sempre foi de muita batalha, e, como ele mal chegou a se alfabetizar, não teve a oportunidade de acessar tantas informações como eu tive.
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Dei um passo e ele deu outro
Mas só comecei a compreender como todas essas experiências moldaram o seu jeito de ser depois que passei a andar com minhas próprias pernas, mudei de casa e me vi cheio de responsabilidades. E foi engraçado porque, de repente, senti certa urgência em demonstrar esse entendimento.
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Eu não queria perder meu pai, e se a gente continuasse brigando, em vez de construir pontes, só ia aumentar o distanciamento. Então, resolvi dizer quanto ele era importante na minha vida.
Dei um passo, e meu pai respondeu dando outro, porque ele, que sempre foi muito duro, se mostrou emocionado. Acho que, conforme foi envelhecendo, meu pai aprendeu que não há problema nenhum em expor o que sente, e isso melhorou muito nossas conversas.”
Texto: Romy Aikawa
Foto: Marcus Steinmeyer
Conteúdo publicado originalmente na TODOS #40, em novembro de 2021.
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