Alunos de escola pública em Juscimeira (MT) realizam prova com lanternas e professor abre discurso sobre educação no Brasil

A cena aconteceu na Escola João Matheus Barbosa, em Juscimeira, Mato Grosso, município de aproximadamente 15 mil habitantes na região sul do Estado, a 200 km da capital, Cuiabá. Durante uma avaliação bimestral da disciplina de Sociologia com a turma do 2º ano B, o professor de História, Filosofia e Sociologia, Fernando Garcia, precisou se ausentar.
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E foi nesse momento, à procura de um agente de pátio para ficar em seu lugar e acompanhar as avaliações que houve uma queda de energia devido a manutenções de rede. “Então retornei para a sala e quando cheguei, me deparei com todos os alunos em posse de seus celulares, os usando para iluminarem e realizarem a avaliação. Vale ressaltar que foi uma ação espontânea deles, em momento algum cogitaram o encerramento ou adiamento, pelo contrário, quando sugeri que se acaso houvesse demora no retorno, adiaríamos, todos se negaram e entraram em comum acordo de que a falta de energia não os comprometeria”, conta o professor a Redação do Razões para Acreditar. A publicação foi essa.
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A avaliação se tratava da construção de melhores condições e acerca do papel social de cada um de nós referente às desigualdades sociais e parece que cada um dos alunos estava mais do que destinado a escrever sobre o assunto durante a avaliação não importando se estavam com ou sem luz durante o processo. Segundo o professor, os estudantes daquela turma sempre pareceram entusiasmados, o que o fez propor inúmeras atividades que consistiam na prática do bem-estar comum.
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Convidamos cinco mulheres que enfrentaram o câncer de mama para falar sobre suas experiências. Mas elas não sabiam que, durante a gravação do vídeo, seriam surpreendidas. Nesta linda homenagem, as filhas presenteiam suas mães com um sutiã especial (para quem viveu o câncer) acompanhado por uma prótese externa, uma espécie de enchimento que encaixa na lingerie. Assista o vídeo e prepare o lencinho:
Mas foi naquele dia específico que ele percebeu a efetiva relação entre processo de ensino-aprendizagem e relações cotidianas. “Presenciei os frutos de tudo aquilo que debatemos e problematizamos durante as aulas. Para um professor que acompanha os desafios cotidianos dos estudantes, aquela não foi uma imagem de alunos que usaram a lanterna do celular para fazerem uma avaliação, era a concretização e a valorização do acreditar no outro como agente capaz de compor seu próprio destino e tornar-se cidadão crítico e reflexivo”, revela.
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Abaixo você pode ver alguns projetos que eles realizam na escola com a turma da foto com os celulares e com outras:
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Para Fernando, aquele momento se tornou uma marca do respeito e comprometimento com a educação, afinal eles não continuaram ali por causa da nota em si. “Ultrapassamos a relação de pontuações, foi a prova do comprometimento com a educação e uma das tantas demonstrações de que devemos acreditar nas pessoas e como sempre comento nas aulas: é preciso que sejamos incentivadores de pessoas e bons exemplos”, conta.
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Ele que entrou na escola há pouco mais de um ano, iniciou seu trabalho de professor a partir do momento que foi aprovado no concurso público estadual. E foi aí que tudo começou a clarear para ele. Com uma turma tão motivada, Fernando sabia que deveria fazer algo para desenvolver cada vez mais cada um daqueles alunos. Para o professor, hoje a educação brasileira se alicerça em desafios cada dia maiores. “Nós profissionais da educação recebemos e carregamos conosco toda responsabilidade de parte da formação de cidadãos com valores morais e éticos, os é responsabilizado tarefas que talvez não sejam exatamente papel da “escola’, por outro lado, é necessário que nos entendamos como parte de um processo de formação humana e que a educação só alcançará seus reais objetivos quando o processo de ensino aprendizagem consiste e desencadeia na formação igualitária entre estudantes e profissionais da educação”, revela. O principal desafio, segundo ele, é a necessidade de construírem juntos gerações capazes de se relacionar socialmente, lidando com todas as evoluções proporcionadas pelo avanço da tecnologia. Não é a toa que nos vemos diante de reformulações para que haja uma reflexão e autoanálise dos papéis sociais para encarar tais desafios socioculturais trazidas pelo século XXI.
Em relação à juventude brasileira, um momento representado por constantes transformações, vemos a tecnologia trazendo ainda mais mudanças com tantas informações circulando em suas mãos. “O jovem se vê diante do desafio de se formar enquanto cidadão diante flexibilização de conceitos, normas e até mesmo da ética”, diz Fernando. Assim, se olharmos pelo ponto de vista cultural, como sugere o professor, vemos que a juventude vai se construindo por meio das diferenças e complexidades desses novos tempos. E é por isso que temos que olhar pelo viés da educação, entendendo o seu papel diante disso, onde os professores são essenciais para viabilizar escolhas cada vez mais sensatas para que cada um possa acreditar e apoiar mais seus semelhantes, indiferente de suas peculiaridades, como explica Fernando.
E é assim que o professor vê a educação: positivamente. Para ele, a educação brasileira evolui, apesar de em passos lentos, porém firmes que dificilmente regredirão. “Falo de uma educação que sobrevive e sobreviveu a diversos ataques em suas raízes com a finalidade de construírem-na enquanto meio de preservação de desigualdades. Acredito na educação e nos educadores que ultrapassam os limites das salas de aula e se reafirmam como incentivadores de sonho. Venho de uma família pobre e enfrentei duras condições para alcançar a formação e o tão sonhado curso superior, não fiz isso sozinho, contei como oportunidades que me foram dadas ao longo da vida e acredito exatamente nisso, na educação que oportunize, esta sim é capaz de mudar histórias, culturas e estatísticas”, como revela Fernando.
E é por essas e outras razões que devemos entender a educação como parte de todos nós, como ensina o professor, como um processo contínuo que se constrói ao longo da vida, de forma individual e também coletiva. Segundo ele, devemos acreditar na capacidade alheia “para que alcancemos uma educação capaz de completar todo ciclo de formação humana e criar, ao longo do tempo, gerações críticas, reflexivas e pautadas no respeito às diferenças’’, completa. E como podemos fazer isso? A partir de políticas públicas e incentivos governamentais para que então possamos criar um incentivo forte desde o início da vida escolar até as pós-graduações, para que assim uma mudança efetivamente aconteça. “Por fim, não menos importante, é preciso que sejamos “incentivadores de pessoas” é preciso “comprarmos” as idéias e sonharmos juntos”, revela.
Assim, a educação é realmente algo que deve cada vez mais ser levado em conta. O que aconteceu na escola em Mato Grosso é um exemplo disso. As crianças querem estudar, estão dispostas a isso, a ganhar conhecimento, a ter uma base teórica para se tornarem críticos no futuro, se tornando pessoas responsáveis. E é a partir disso que vemos que a educação tem tudo para se transformar cada dia mais e possibilitar milhares de possibilidades para cada indivíduo. E você? Como vê a educação nos dias de hoje?
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Fotos disponibilizadas por Fernando Garcia
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