Em maio deste ano, a banda Arcade Fire lançou o clipe da música “We Exist”, do álbum Reflektor de 2013. Estrelando como protagonista Andrew Garfield, o ator do filme “O Espetacular Homem-Aranha”.
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Ao contrário de algumas notícias que contam apenas de forma superficial que Garfield aparece como um travesti, dançando num sonho surreal, como em “Andrew Garfield interpreta travesti em novo clipe do Arcade Fire; assista” ou “Andrew Garfield Does Drag In The Arcade Fire Video For ‘We Exist’, o clipe representa algo muito mais sério e profundo.
A primeira cena do clipe começa com “Sandy” em seu trailer olhando para um espelho, raspando a cabeça e colocando roupa de mulher pela primeira vez. O medo durante a preparação é visível, mas a coragem para explorar quem realmente é prevalece e o que acontece nos próximos minutos, metaforicamente, faz com que a narrativa se aproxime exponencialmente mais das vidas reais das pessoas trans.
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“Sandy” então caminha para um bar local, fica sentada em um banco, e, enfim, é convidada para a pista de dança, porém, ela passa a ser assediada por um grupo de homens. Nesse momento o encontro começa a se tornar violento e Sandy fica fora de sintonia com a realidade e entra num mundo dos sonhos, onde ela dança sozinha até ficar sem energia.
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Em Em seguida, quatro homens se juntam a ela como apoio. É neste momento que é representado de forma figurada o forte apoio da Comunidade LGBT que a banda tem. Então os bailarinos levam Sandy de um lugar de não aceitação para um campo enorme e lotado, um show do Arcade Fire, com milhares de pessoas que a aceitam do jeito que ela se sente e do jeito que ela é.
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Na Na realidade, Garfield não é uma travesti de forma pejorativa que estamos acostumados a ver na mídia, nas piadas e comentários maldosos que escutamos por aí. Ele interpreta de maneira belíssima a luta e os passos de uma pessoa trans, desde a metamorfose, passando pelas dificuldades e pela violência, até chegar num ambiente de aceitação, onde muitos (sobre)vivem a vida inteira ou morrem sem alcançá-lo. É lindo e emocionante a forma com que ele e os outros homens dançam!
Laura Jane Grace, a vocalista da banda Against Me!, é transgênera e criticou via twitter a escolha de Garfield para o protagonista:
“Querido Arcade Fire, talvez vocês devessem colocar um ator realmente ‘trans’ ao fazer um vídeo de uma música intitulada ‘We Exist’ [Nós existimos], em vez de colocar o Homem-Aranha.”
Pouquíssimas pessoas sabem quem é trans e representações populares na televisão ou no cinema (como por exemplo, Jared Leto como Rayon em Clube de Compras Dallas), por isso Grace mostra frustração. Laverne Cox, DIVA do seriado “Orange Is The New Black”, está sendo a pioneira ao ser indicada ao Emmy. Isso é sinal de novos ventos, embora ainda há muita coisa para mudar e lutar.
O questionamento de Grace é totalmente compreensível, até para o vocalista do Arcade Fire, Win Butler, que comentou numa entrevista sobre Garfield no papel: “Havia tantos pensamentos e amor que foram para o vídeo que eu pessoalmente não vejo isso como negativo. Eu posso ver totalmente a sensibilidade da questão.”
Apesar da relevância do comentário de Grace, representando o descontentamento de muitas pessoas, é sempre bom pesquisar sobre as coisas antes de criticar. Butler contou que durante a produção do álbum Reflektor, na Jamaica, ele conheceu crianças gays que viviam sobre ameaças constante de violência. “We Exist” conta a história de uma criança gay conversando com o pai dela, assumindo sua sexualidade. “Para um garoto gay na Jamaica, ver o ator que interpretou o Homem-Aranha no papel [de mulher trans] é muito mais poderoso, na minha opinião”, disse Butler. Uma criança não sabe quem é Laverne Cox, Laura Jane Grace e nem Andrew Garfield, mas com certeza ela é fã de Homen-Aranha, Batman, Super Homem e etc. O Arcade Fire acertou na escolha tanto do ator quanto na criação da música e do clipe, sendo inspiração para muitos. Torço para que o T da comunidade LGBT tenha mais visibilidade cada vez mais!
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Excelente maneira de publicar este vídeo e abordar este tema ainda tão controverso. É triste ver como, em pleno século 21, os jornalistas que são formadores de opinião (não sei porque não entendem a importância disto) ironizam e fazem piadas “subentendidas” ao falar, tanto sobre isto, quanto sobre religião, dentre outros assuntos considerados polêmicos. Quando não estão ironizando, eles dão importância apenas para as partes nas quais sabem que os preconceituosos irão ridicularizar mais. Muito importante lutarmos pela visibilidade trans tanto no meio LGBT quanto fora dele. Parabéns!
Exatamente Sharon, obrigado pelo seu comentário. É sempre muito bom receber feedbacks das nossas publicações! 🙂
É realmente emocionante e motivador no que diz respeito a ‘liberdade’ de se ser e de se expressar.
A música não sai da cabeça!
E parece que é o ultimo trabalho da banda, se eu não estou enganado..
Sim Dian! É o clipe mais recente deles, o anterior foi a sensacional “After Life” 😉
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