Ela aprendeu a bordar com a avó e hoje ajuda a transformar a vida de presidiários

0
1087

A empreendedora Milena Curado, de 46 anos, da Cidade de Goiás (GO), começou a se familiarizar com as técnicas do bordado aos 8 anos, a convite da avó. Na vida adulta, transformou em profissão essa tradição de família. Desde 2008, ela ensina mulheres e homens encarcerados o ofício que a encanta desde menina, em um projeto que foi reconhecido pela justiça como remissão de pena, ou seja, a cada três dias de trabalho, um dia a menos de cadeia.

PUBLICIDADE

CONTINUE LENDO ABAIXO

“Eu tinha 8 anos quando minha avó Wanda me chamou para ensinar a técnica do bordado. Bordar era uma tradição da época dela, e era até ensinado nas escolas. Minha avó, mãe de catorze filhos, usava para decorar a casa e enfeitar as roupas das crianças. Então, desde cedo, via minha avó, minha mãe e minhas tias se dedicarem a essa atividade.

O bordado livre, em especial, tornou-se uma tradição de família. Nessa técnica, usamos diferentes pontos e tecidos, sem a necessidade de seguir muitas regras. Em 2007, já adulta, passei a encarar o bordar com um novo olhar. Naquele ano, eu, minha mãe e vó Wanda criamos a Cabocla Criações, uma marca em que os nossos desenhos feitos à mão dão vida a roupas coloridas, bolsas e acessórios produzidos de forma artesanal. Nós três bordávamos as ilustrações que eu fazia inspiradas nas flores do Cerrado, nos nossos casarios, na iconografia goiana.

“Hoje, vivo da arte que minha avó me ensinou. E, com ela, transformo a vida de encarcerados.”

Em janeiro de 2008, firmei uma parceria pela qual ensinamos bordados a mulheres e homens encarcerados. Eles passaram a trabalhar conosco e a ganhar por produção. O projeto deu tão certo que foi reconhecido pela Justiça como remissão de pena, ou seja, a cada três dias de trabalho, um dia a menos de cadeia.

PUBLICIDADE

CONTINUE LENDO ABAIXO

Por cinco anos, trabalhamos juntas e ficamos ainda mais próximas. Mas, em 2012, vó Wanda morreu, aos 90 anos. Ela, que sempre foi uma grande referência e inspiração, deixou o bordado não só para mim. Hoje, eu vivo dessa arte que ela me ensinou e ainda consigo compartilhá-la com outras pessoas. A gente transforma vidas através desse ensinamento dela.”

Texto: Helaine Martins
Foto: Léo Eloy / Felipe Alves
Conteúdo extraído da reportagem “Laços de família”, publicada originalmente na Sorria #80, em agosto de 2021.

Quer ver a sua pauta no Razões? Clique aqui e seja um colaborador do maior site de boas notícias do Brasil.