Se a imensa maioria das pessoas prefere adotar um bebê, ao invés de uma criança com mais idade, da mesma maneira, quem se dispõe a adotar um cachorro, prefere que ele seja saudável, mesmo tendo condições de cuidar de um animal com a saúde fragilizada.
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Em julho de 2017, Marina Inserra, moradora de São Paulo, encontrou o “Negão” à beira da morte, com pouco menos de um ano de vida. O cachorrinho que vivia na rua rua contraiu uma doença chamada Cinomose, provocada por um vírus e de difícil cura, podendo levar o cão a óbito, se não for identificada e tratada rapidamente.
De acordo com o portal Tudo Sobre Cachorros, a Cinomose é altamente contagiosa – a transmissão do vírus ocorre em contato com outros cães contaminados ou pelas vias aéreas quando o animal respira o ar já contaminado. Os sintomas mais graves da doença são tiques nervosos, convulsões e paralisia.
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Marina há mais de 10 anos resgata e encontra lares temporários para cães em situação de rua e maus tratos. O trabalho dela é tão novo para nós, que precisamos descansar os dedos sobre o teclado do computador, para organizar o raciocínio e explicar tudo direitinho.
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Seu trabalho de proteção consiste em encontrar lares temporários para os animais resgatados; hoje, ela cuida de 50 cães e a maioria está na casa de pessoas que recebem da protetora uma quantia mensal para acolher os animais. Isso até Marina encontrar um lar definitivo e uma nova família para os cachorros.
Foi graça a esse trabalho que ela recebeu um vídeo do Negão, em que ele aparece paralisado debaixo de uma moto, efeito da Cinomose. O cachorro estava lá há dias, já cego, sem poder andar e conseguir comer ou beber água. “Me marcaram em um post pedindo ajuda. Ele estava há dias no mesmo local. Eu sabia que o caso era grave. Ele estava praticamente indo a óbito”, disse Marina, em entrevista ao Razões para Acreditar.
“Já resgatei muitos cães com Cinomose. Honestamente, eu sabia que as chances dele eram mínimas. Porque quando animal chega nesse estágio, a doença não regride mais. Mas, eu pensei em dar uma morte digna para ele, pelo menos isso.”
Então, Marina levou Negão para uma clínica veterinária. Lá, o cachorro foi diagnosticado com Cinomose e um prognóstico de morte em poucos dias. “Mas, ele tinha muita vontade de viver. Mesmo paralisado, não deixa de comer. Já água, ele não conseguia tomar.”
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A protetora decidiu levar Negão para outra clínica, para que ele tivesse acompanhamento noturno, de hora em hora. Porém, o tratamento chegou a um ponto que os veterinários sugeriram a eutanásia. Apesar do cachorro estar profundamente debilitado, ele dava sinais de que queria viver. “Eu jamais permiti, porque ele queria viver e demonstrava isso”, afirma Marina.
Marina colocou Negão na fisioterapia, para exercitar os músculos do cãozinho. Entretanto, a clínica não dava ao animal a atenção que ele merecia. Foi nesse momento que a amiga de Marina, Ana Gaspar, se ofereceu para fazer exercícios com Negão. Ana acabou adotando o cachorro e lhe deu um novo nome: “Puff”.
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Ana falou ao Razões para Acreditar que já era tutora de uma cadelinha, Cindy, quando levou Puff para casa. Cindy recebeu super bem o novo membro da família. Assim como fazia com a cadelinha, ela começou a alimentar Puff com comidinhas naturais. Ana também colocou Puff na fisioterapia e acupuntura – as sessões foram presentes de uma amiga querida.
“Forrei todo o chão do meu apartamento de EVA, para que ele pudesse se arrastar. Ele começou a querer se virar sozinho, então, teve um dia que ele resolveu ficar de pé. Foi uma emoção, sabe? Eu me emociono até hoje, porque foi uma vitória! Ele ficava assim dois, três segundos. Eu fiquei muito feliz. Ele fez aplicações de células-tronco e foi evoluindo”, lembra Ana emocionada.
“Acho que todos esses tratamentos ajudaram. Mas, acredito muito no poder que o amor, o carinho e o cuidado têm. Acho que Puff me fez muito bem para mim e para a Cindy, porque ele chegou em um momento profissional da minha vida muito difícil. Ver o quanto ele queria reagir também me fez querer reagir.”
Conforme a saúde de Puff melhorava, Ana decidiu comprar um sling bag para passear com o animal. Iam os três: ela, Cindy, presa a uma coleira, e Puff, no bolsa que fica posicionada junto ao busto. Depois, Ana comprou um carrinho de bebê para Puff passear com mais conforto.
Passaram-se três meses do dia em que Puff resgatado. O cãozinho surpreendeu Ana ao ficar de pé, mais firme do que nas outras vezes, um momento de grande emoção para sua tutora. No mesmo dia, ela foi a um Pet Shop e comprou a primeira coleirinha dele.
“Hoje, ele está um fofo. O Puff foi realmente um guerreiro. Ele estava desenganado pelos veterinários. Às vezes, as pessoas desistem, quando poderiam lutar”, finaliza Ana, destacando que, apesar das adversidades, como o Puff, devemos sempre acreditar que iremos encontrar a força necessária para passar por cima dessas adversidades.
Puff é um exemplo de superação para ela, Marina, e todos nós. Se “sonhar” não custa nada, “acreditar” custa menos ainda. Em menos de um ano, Puff mostrou que é possível. Claro que essa vitória não é apenas dele, mas também das pessoas que lhe ofereceram tratamentos sem cobrar nada, amor e proteção. Mesmo assim, foi Puff quem deu o primeiro passo da superação dele.
Fotos © Marina Inserra e Ana Gaspar/Arquivo Pessoal – Reprodução Autorizada
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