Amanda e seu marido Rodrigo sempre tiveram o sonho de adotar uma criança. Em 2015 isso se tornou uma realidade ao acolherem o pequeno Tamir, na época com 5 anos de idade. O casal só não esperava que acabaria adotando outra criança naquele mesmo dia.
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Estamos falando da Tamara, a irmã mais nova do menino, que morava em um abrigo com ele antes de conhecer seus futuros pais adotivos. Uma família nascia ali!
Tamir e Tamara moraram no abrigo de crianças por mais de dois anos. Na época, eles mantinham um certo contato com a família biológica – contato este logo desfeito após as autoridades descobrirem que os irmãos eram vítimas de maus-tratos.
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No orfanato, Tamir era um menino muito agitado, que começou a tomar sedativos ainda novo na tentativa dos cuidadores de “acalmá-lo”. Apesar de terem sido resgatados de um lar onde eram maltratados, os irmãos passaram pelos mesmos problemas no abrigo.
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Infelizmente, nessa mesma época, diversas famílias que visitavam o local logo rejeitavam a ideia de adotar o menino por ele “provavelmente ter uma deficiência”. No caso, como descoberto anos depois, o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Tudo mudou quando Amanda e Rodrigo apareceram no abrigo e se encantaram por Tamir e sua irmãzinha Tamara. Enfim, as crianças receberiam o amor e cuidados que tanto mereciam.
“Eu sou professora, e sempre senti vontade de levar meus alunos para casa! Realmente tinha esse desejo de adotar, de cuidar. Eu casei, e não consegui engravidar. Não foram anos tentando, mas mesmo assim decidimos adotar”, disse Amanda ao portal Autismo em Dia.
“Como era um desejo “mais meu”, digamos assim, eu deixei nas mãos do meu marido o processo. Eu não queria que ele se sentisse pressionado a fazer isso só porque eu queria. Mas ele fez tudo! Correu atrás das documentações, reuniões de adoção… E deu tudo certo! Recebemos um pedido para ir visitar o abrigo que o Tamir e a irmã moravam“, relembrou.
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Pouco depois, os irmãos foram oficialmente acolhidos e visitaram sua casa nova pela primeira vez.
Amanda fez questão de lembrar um episódio em específico, no fórum de adoção, quando ela e o marido conversaram com uma psicóloga e demais profissionais envolvidos no trâmite.
“A psicóloga alertou meu marido que ele tinha uma irmã de três anos, e imediatamente, ele disse que adotaria ela também. A partir daí, começamos o processo de aproximação”, contou.
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No fórum, ao final da audiência, as crianças passaram pelo casal e gritaram: “tchau pai, tchau mãe”. “Nesse momento, eu tive a plena certeza de que eles eram nossos filhos”, completou Amanda.
O processo de adoção em si foi bem rápido, uma vez que eles eram considerados “tardios” devido a idade e tempo no abrigo. “Quando eu vi, eu estava com duas crianças dentro de casa. Foi bem rápida a questão legal”, brincou a mãe adotiva.
Pela primeira vez em anos, Tamir e Tamara tinham um lar e uma família disposta a dar todo o suporte necessário para que eles tivessem uma infância mais feliz dali para a frente.
O próximo passo dessa adaptação familiar foi descobrir a causa de tanta agitação de Tamir – o TEA, transtorno do espectro autista.
“Eu sei que para muitos pais descobrir que têm um filho autista é algo difícil de lidar e que deixa muitos sem chão. Mas como já adotamos o Tamir sabendo que ele tinha algum comprometimento, para nós não foi assim. A gente só queria saber o que ele tinha mesmo”, afirmou Amanda.
Ela lamentou o fato do abrigo não ter buscado o real diagnóstico (e tratamento) do menino, e sim uma forma de manter Tamir sempre sedado.
Segundo os médicos dele, retirar esses remédios sedativos foi trabalhoso, pois além de todas as agressões físicas sofridas pela criança, ela também foi submetida a uma “agressão medicamentosa”.
Hoje, a avaliação dos especialistas é de que Tamir, de 11 anos, tem autismo de grau II (moderado) e síndrome alcoólica fetal, isto é, um distúrbio que afeta o desenvolvimento do feto, causado pelo consumo de bebidas alcoólicas pela progenitora durante a gestação.
De lá pra cá, um plano de tratamento mais adequado tem sido colocado em prática pela mãe. Para Amanda, tudo tem ficado mais fácil no ambiente e convívio familiar.
“Com esses diagnósticos, ficou mais fácil compreender o meu filho e buscar os tratamentos que ele precisava para se desenvolver. E ele tem evoluído muito bem em todos os sentidos, desde a parte comportamental, pedagógica, e todas as outras habilidades que ele precisa pra ter mais autonomia”, disse.
Como pedagoga, ela acrescentou que aprendeu muito com o menino, ao mesmo tempo em que precisou sacrificar planos profissionais para se dedicar aos filhos.
“Eu sou pedagoga, mas abri mão do meu concurso público e carreira para me dedicar aos meus filhos. Depois da adoção, eu engravidei e fui presenteada com mais um menino, o Tobias. E se alguém tem alguma dúvida se tem diferença entre adotar e gerar, eu posso dizer que para mim, não tem diferença nenhuma. A mesma emoção que eu senti quando vi o Tobias pela primeira vez, foi o que senti pelo Tamir e pela Tamara, o sentimento é exatamente o mesmo. Tenho três crianças e sou mãe em tempo integral”, completou.
Ao final, para Amanda, a lição que fica desde a chegada dos filhos adotivos, é que ela e o esposo aprenderam mais sobre respeito às pessoas com deficiência. “E nos tornamos mais solidários, procurando ajudar outros pais. A adoção transformou a gente. Não só eu e meu marido, mas a família toda, nossos parentes, todos. As crianças trouxeram vida para a família”, concluiu a pedagoga e mãe de 3.
Fonte: Autismo em Dia
Fotos: Arquivo pessoal
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