Era uma noite de agosto do distante ano 2000 quando Danny Stewart pegou o metrô de Nova York para encontrar seu então namorado, Pete Mercurio, para um jantar especial.
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No meio do trajeto, algo incomum chamou a atenção do norte-americano. “Inicialmente achei que fosse um boneco. Então olhei para trás mais uma vez e foi quando notei que suas pernas se moviam”, disse ele à BBC.
Foi aí que o homem de 34 anos decidiu descer as escadas para averiguar e ficou chocado ao encontrar um bebê recém-nascido, envolto em um moletom escuro, com as perninhas de fora.
“Ele não tinha nenhuma roupa, ele estava apenas embrulhado neste moletom. Seu cordão umbilical ainda estava parcialmente intacto, então eu poderia dizer que ele era um recém-nascido, com no máximo dois dias de vida”, relembrou.
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Danny revelou que, embora o bebê estivesse muito quieto, ele também estava alerta com olhos grandes e arregalados. “Ele olhou para cima e eu acariciei sua cabeça e então ele choramingou um pouco. Parecia realmente irreal, toda aquela situação, e naquele momento, eu estava tentando alertar as pessoas sobre o que estava acontecendo, mas não conseguia chamar a atenção de ninguém”.
Com medo de pegar o bebê da forma errada, Danny voltou a subir as escadas e correu até um telefone público para ligar para o 911 (serviço de emergência). Ele informou a polícia de seu paradeiro e correu de volta para verificar se o bebê ainda estava bem enquanto esperava os policiais não chegavam.
“Tenho certeza de que foram apenas alguns minutos, mas o tempo parou enquanto meu coração estava acelerado”, disse ele.
Pete, à essa altura esperando há 30 minutos no restaurante, também ficou em choque ao tomar ciência da situação. Ele pegou o metrô e foi até seu parceiro para acompanhá-lo ao hospital com a criança.
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“Lembro-me de virar para Danny e dizer a ele na calçada enquanto o carro da polícia estava se afastando: ‘Sabe, você vai estar conectado com aquele bebê de alguma forma pelo resto de sua vida'”, disse. “Danny retrucou, ‘O que você quer dizer com isso?’ E eu disse: ‘Bem, eventualmente, essa criança vai saber da noite em que foi encontrada e pode querer encontrar a pessoa que a salvou. Talvez haja uma maneira de descobrirmos onde ela foi parar e tentar ajudá-la”.
Pouco tempo depois que o casal retornou às suas vidas cotidianas – Danny para seu papel de assistente social e Pete como dramaturgo e web designer – o primeiro recebeu um convite da Administração de Serviços para Crianças para comparecer a uma audiência no tribunal de família para testemunhar como havia encontrado o bebê.
Na audiência de dezembro de 2000, a juíza perguntou se ele poderia ficar por toda a audiência. “E então a próxima coisa que saiu da boca dela foi: ‘Você estaria interessada em adotar esse bebê?'”, lembrou Danny. “Acho que a maioria dos queixos caiu no tribunal, incluindo o meu. Eu disse: ‘Sim, mas não acho que seja tão fácil’, e a juíza sorriu e ela disse: ‘Bem, pode ser’.”
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“Eu não tinha pensado em adotar”, acrescentou, “mas, ao mesmo tempo, não conseguia parar de pensar nisso… me senti conectado, senti que isso nem era uma oportunidade, era um presente e como você pode dizer não a este presente, sabe?”.
Pete, por outro lado, demorou um pouco mais para se aquecer com a ideia. Embora uma parte dele desejasse desesperadamente que isso acontecesse, ele estava preocupado com os aspectos práticos de criar um filho. Tudo mudou quando Danny o convenceu a ir com ele para visitar o bebê em seu lar adotivo. Quando eles chegaram, rapidamente ficou evidente que aquele não era o lar ideal para o bebê.
Pete se lembra de uma “onda instantânea de amor” que o atingiu na primeira vez que segurou a criança nos braços. “O bebê apertou meu dedo com sua mãozinha com tanta força”, disse ele.
“Ele estava apenas olhando para mim e eu estava apenas olhando para ele, e foi quase como se ele encontrasse um ponto de pressão no meu dedo que abriu meu coração para a ideia da adoção, me mostrando naquele momento que eu poderia ser um dos seus pais.”
O casal adotou oficialmente o bebê – a quem deram o nome de Kevin – em 17 de dezembro de 2002. Alguns anos depois, quando Kevin tinha 10 anos, eles se casaram legalmente depois que Nova York se tornou o sexto estado dos EUA a legalizar o casamento homoafetivo.
A cerimônia foi oficiada pela juíza Cooper – a mesma juíza que foi fundamental na adoção de Kevin – que disse a eles em sua primeira reunião que ela havia se envolvido em um projeto piloto de curta duração colocando bebês que haviam sido abandonados em um orfanato pré-adotivo.
“Ela também disse que todos os bebês precisavam de uma conexão com alguém. E então, quando Danny estava testemunhando no tribunal sobre encontrar o bebê, em sua mente, sua conexão mais séria no mundo era com Danny, então por que não perguntar a ele?” disse Pete. “Foi quase tão simples assim. Ela viu uma conexão que já estava feita e teve um palpite de que seria a conexão certa.”
Kevin é agora um estudante universitário de 22 anos que adora jogar frisbee, correu inúmeras maratonas e dançou profissionalmente dos 9 aos 14 anos.
Nesse meio-tempo, seus pais escreveram um livro sobre a história de sua família chamado “Our Subway Baby” (Nosso Bebê do Metrô, em tradução livre). “Kevin é empático e gentil. Ele mantém suas emoções à flor da pele. Ele é um observador, não anseia ou busca atenção. Ele é uma pessoa reservada, mas também um líder quieto”, disseram os papais corujas.
Danny – agora com 56 anos – acrescentou: “Não consigo imaginar minha vida se não fosse assim. Minha vida se tornou muito mais enriquecida e completa. Mudou minha visão de mundo, minha perspectiva, toda a minha lente”, concluiu.
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Fonte: BBC / People
Fotos: Arquivo pessoal / Pete Mercurio
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