A cientista brasileira Livia Schiavinato Eberlin, de 33 anos, formada em Química pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolveu um dispositivo semelhante a uma caneta capaz de detectar células tumorais (câncer) em questão de segundos.
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Apesar da pouca idade, Livia já é chefe de um laboratório de pesquisa da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos. Ela iniciou sua pesquisa há quatro anos, quando criou um dispositivo capaz de extrair moléculas de tecido humano e analisar se no material há a presença de células cancerígenas.
Ainda é um protótipo, mas os resultados têm sido promissores: 800 amostras de tecido humano já foram analisadas com sucesso.
Livia mora nos Estados Unidos há dez anos, desde que se mudou para fazer o doutorado. Ela veio ao Brasil neste mês para apresentar suas descobertas no congresso Next Frontiers to Cure Cancer (Próximas Fronteiras para a Cura do Câncer, em tradução livre), promovido pelo A.C. Camargo Cancer Center todos os anos em São Paulo.
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Em solo americano, a pesquisadora brasileira ganhou destaque na comunidade científica ao ser incluída numa lista de personalidades selecionadas para receber a prestigiada bolsa da Fundação MacArthur, comumente conhecida como a “bolsa dos gênios” e destinada a pessoas com “atuação destacada e criativa em sua área”. A bolsa-prêmio de US$ 625 mil (R$ 2,6 milhões) é de uso livre do bolsista.
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A pesquisadora explicou durante uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que a caneta, batizada de MacSpec Pen, tem como principal objetivo “certificar durante uma cirurgia oncológica, que todo o tecido tumoral foi removido do corpo do paciente. Isso porque nem sempre é possível visualizar a olho nu o limite entre a lesão cancerosa e o tecido saudável.”
“Muitas vezes o tecido é retirado e analisado por um patologista ainda durante a cirurgia para confirmar se todo o tumor está sendo retirado, mas esse processo leva de 30 a 40 minutos e, enquanto isso, o paciente fica lá, exposto à anestesia e a outros riscos cirúrgicos”, explicou.
A partir de uma técnica de análise química, a caneta é capaz de dar a mesma resposta que um patologista daria. “A caneta tem um reservatório preenchido com água. Quando a ponta dela toca o tecido, capta moléculas que se dissolvem em água e são transportadas para um espectrômetro de massa, equipamento que caracteriza a amostra como cancerosa ou não”.
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A amostra pode ser caracterizada como maligna ou não graças a uma tecnologia que usa, além dos equipamentos de análise química, técnicas de inteligência artificial para que a máquina “responda” se as células são tumorais.
Para que isso acontecesse, foram utilizadas centenas de amostras de tecidos cancerosos para embasar e enriquecer o banco de dados do modelo. Assim, a pesquisadora “ensinou” a máquina a identificar tecidos tumorais.
“Na primeira fase da pesquisa analisamos mais de 200 amostras de tecido humano e verificamos uma precisão de identificação do câncer de 97%”, conta Livia.
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“Apesar dos bons resultados em amostras de tecido, o modelo ainda precisa ser validado em testes clínicos. Se os resultados forem confirmados, ainda deve demorar de dois a três anos para a caneta ser lançada como produto”, afirma Livia. O MacSpec Pen já foi testado em tecidos cancerígenos do cérebro, ovário, tireoide, mama e pulmão. Em breve, será testado em tumor de pele.
“Uma das coisas mais importantes quando a gente fala de tratamento cirúrgico é que o cirurgião consiga retirar completamente o tumor. As taxas de cura vão estar relacionadas a isso, mas temos limitações em garantir que toda a circunferência do tecido retirado esteja livre de células tumorais. Então, uma tecnologia como essa, se validada, tem muito a agregar,” concluiu.
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Fonte: Rondo Notícias
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