Com medalha olímpica, Camila Castro diz que vôlei sentado a reviveu: “voltei a sorrir”
As Paralimpíadas Rio 2016 foram pura emoção não só com as disputas, mas com as lindas histórias de superação de cada um dos atletas presentes. Vencendo a Ucrânia em meio a 8,5 mil torcedores na arquibancada, a seleção brasileira de vôlei sentado feminino garantiu o bronze depois de muito suor. Com medalha olímpica no peito, Camila Castro conversou com o Razões Para Acreditar, dizendo que o esporte a reviveu: “voltei a sorrir”.
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Marcando sete pontos na última partida, que resultou num título inédito para a modalidade, a atacante realizou um sonho. “Ingressar nas Paralimpíadas foi literalmente um sonho! Eu tenho certeza que fizemos um excelente trabalho, com imensa dedicação, raça, honra e amor”, me contou. Animada com tudo o que está vivendo atualmente, ela diz defender o Brasil fazendo o que mais ama na vida é mais do que poderia imaginar. “Tenho imensa honra e amor por esse esporte e poder trazer a primeira medalha num esporte coletivo paralímpico para o Brasil é um sentimento inenarrável!“, celebrou.
BRA win BRONZE!! 3rd set 25-20. Match 3-0 #sittingvolleyball @paralympics @Rio2016_en @Brasil2016 @ukrparalympic pic.twitter.com/fqN4k9tEVA
— World ParaVolley (@ParaVolley) September 17, 2016
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Com a conquista de um lugar no pódio, Camila almeja melhorias para o esporte, esperando que possa ser mais divulgado e consequentemente mais disputado nacionalmente. Além disso, ela mandou um recado ainda mais importante do que o título. “Que milhares de pessoas que estão em casa, se achando incapazes, diminuídas ou sem estímulo, possam conhecer o esporte adaptado e fazer crescer o número de paratletas no Brasil!”.
A carreira de Camila começou cedo, aos 8 anos de idade, quando iniciou a prática de vôlei. Depois de jogar federada no Rio de Janeiro, passar por São Paulo e defender um clube em Portugal, sofreu um acidente de moto que mudou o rumo de sua vida, aos 29 anos. O resultado foi uma grave e rara lesão no pé, chamada fratura-luxação de Lisfranc. Ficou sem andar durante um ano e adquiriu uma patologia na coluna que afeta os nervos de alguns músculos da perna direita. Assim, não consegue ficar mais de 10 minutos em pé por conta da dor.
Na época, as limitações causaram profunda depressão, até mesmo porque não poderia mais exercer sua formação em fisioterapia, que era exercida com gosto. Sem o esporte, sem emprego e dependente de familiares e amigos, ela não tinha mais expectativas de voltar a sorrir. “Um dia disseram que nunca mais poderia jogar. Foi o pior pesadelo que vivi. Saber que nunca mais jogaria, nunca mais poderia voltar a ser eu, sentir aquela adrenalina, aquele prazer…”, contou.
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Mas a vida nos surpreende e depois de conhecer o namorado Rammon, jogador de vôlei sentado do Vasco da Gama (RJ), em 2013, viu uma chance de voltar para as quadras. “O vôlei é minha alegria. Sempre joguei vôlei, desde pequena sempre foi minha paixão, meu prazer, meu círculo de amizades, meu desestresse. Dentro das quatro linhas me sinto realizada, plena, desafiada, feliz. O vôlei sempre foi a minha vida. Depois do acidente, novamente foi ele me fez reviver, literalmente!“.
Pronta para estampar um sorriso no rosto e não tirar nunca mais, ela passou a treinar e conquistou muitas coisas, como a medalha de bronze na Copa Intercontinental (Março de 2016, na China), foi vice-campeã no campeonato brasileiro (2013 e 2014 – ano em que levou o troféu de melhor recepção), e ainda uma medalha de bronze no mesmo torneio, em 2015. Em sua primeira Paralimpíada, aos 34 anos, saiu vitoriosa. “O que mais me motiva é evoluir como pessoa, como atleta, como ser humano. Saber que tem pessoas com limitações muito mais severas e que sabem sorrir em adversidades buscando um novo caminhar”.
Os esportistas, de maneira geral, encontram muitos obstáculos para conseguirem competir e ganhar títulos. Para os paratletas, a situação é ainda mais delicada e desafiadora. Camila me explica quais são as melhorias que devem ser feitas pra ontem dentro não só dos esportes, mas do convívio em sociedade. “O que deve melhorar com urgência é a acessibilidade das pessoas com deficiência e o modo com o qual olhamos para elas, muitas vezes com pena ou as achando incapaz, quando na verdade é uma pessoa que pelo seu próprio dia a dia já vence barreiras e se fortalece nas coisas ‘mais simples’ e banais, sem lamentar ou se render, mas sim cada vez mais firme e capaz”.
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4 Fotos acima de ©Nossa Cria
*Agradecimento especial à Marina, irmã da Camila, pela ajuda 🙂
Fotos: reprodução/CPB/Camila Castro
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