Crianças praticam o desapego em feira de trocas em SP, mas são os pais que aprendem mais

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crianças praticam o desapego

Durante uma feira de trocas em São Paulo, presenciamos crianças praticando o desapego e ensinando aos pais o verdadeiro valor das coisas.

Muito provavelmente você já ouviu histórias da sua avó sobre a infância, que nas décadas passadas criava brinquedos com pouquíssimos recursos e era plenamente feliz. Depois uma era consumista bastante confusa, o que era só nostalgia está se transformando numa nova realidade, além de um já sinalizado desapego a coisas materiais.

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A iniciativa partiu do Quintal de Trocas, uma plataforma online que passou passou a fazer eventos “onlife”, como a idealizadora e gestora cultural Ana Carolina Guedes gosta de dizer. “A gente não trabalha só com a ideia da troca, mas com uma expansão de consciência, que é fundamental para isso aqui acontecer. Sempre procuramos usar espaços públicos, do brincar, da criança, para ter essa conexão”, contou ao Razões para Acreditar durante o sábado ensolarado, ao lado da filha Maria Beatriz, de 5 anos.

o desapego é fundamental nessas horas
Pais e filhos praticam a troca de brinquedos.

Com base na educação, colaboração e compartilhamento, o Quintal foi criado depois que Ana visitou uma feira de trocas promovida pela Casa das Rosas, um espaço literário na capital. O encantamento foi tamanho, que ali houve o insight para criar uma empresa que busca total horizontalidade em suas relações. “Queria levar o conceito de viver em comunidade adiante. Durante nove meses estudei a fundo o assunto, vivi em comunidade para absorver essa energia, li muito sobre educação…até lançar a ferramenta em 2014”.

Criando vínculos dentro e fora de sua essência, a rede de trocas oferece um lugar na internet para que brinquedos e livros, sem divisão de gênero, tenham novos fins. A cada produto colocado no site, o usuário ganha um crédito para trocar por outro. Os interessados têm a chance de aceitar ou não a troca, mas é fundamental que se pense no ato em si e no brinquedo novo que virá, do que no preço que aquele brinquedo tinha e assim cultivar a cultura do desapego.

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desapego é a palavra da vez

Para trocar livros, jogos, brinquedos e fantasias, pela primeira vez o grupo ocupou a praça da leitura no Parque da Água Branca, um dos mais agradáveis da cidade e escolhido não por acaso. “Eu amo aqui porque remete muito à minha infância. Queria muito fazer uma edição nesse espaço, que é tão especial”. E esse mesmo tom de saudades leva os outros pais à brincarem, interagirem e compartilharem. O desapego e a gentileza é uma coisa realmente bonita de se ver, entre todas as idades.

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Observando os pequeninos, vemos que tudo flui com muita naturalidade e muitas vezes sem a necessidade de interferência dos adultos. Aliás, são eles os que mais aprendem nessa história toda, seja sobre a importância de consumir mais racionalmente ou até mesmo sobre o brincar, coisa que a gente vai deixando cada vez mais de lado com o avanço da idade. “Eu digo que nosso papel principal é educar os pais, porque a criança já nasce colaborativa. Muitas vezes elas não querem comprar, elas querem viver experiências que aqueles brinquedos proporcionam”, pontuou Carol, numa visão muito lúcida sobre o consumo.

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Seguindo por essa linha de raciocínio, entendemos que comprar não é o principal problema. “Não sou contra o consumo. Mas tenho que pensar de quem e de que forma vou consumir. Essas são questões importantes. Imagina se eu compro um brinquedo e vou trocando por outros ao longo do ano. Serão 12 brinquedos diferentes para a criança, sendo que eu só comprei um.

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Conversamos com a mamãe Flávia Teixeira Santos, que levou a filha Sofia de 9 anos para esse dia cheio de experiências. A prática não é novidade para a família, mas a vivência sim. “Fazemos as trocas mais online, há quatro anos, através de grupos de whatsapp, Facebook…Hoje trouxemos nove brinquedos para trocar e ela já fez duas. Tinha mais coisas, que acabaram indo pelos outros meios”, contou.

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A arte educadora e contadora de histórias Francine Brandão aponta que a leitura, mesmo a infantil, também desperta esse espírito lúdico nos adultos. Ali eles retomam tudo o que viveram na infância para então se integrar e interagir com os filhos. “Esse espaço aqui tem essa liberdade, esse lado criativo. A criança capta tudo porque ela tem muito potencial de ler nas entrelinhas e trazer para nós uma outra visão de mundo, disse.

E foi assim que saímos de lá, renovados e ainda mais convencidos de que com conexões, que migram do mundo virtual para o real, os aprendizados são infinitos. Só criando correntes do bem como esta podemos enxergar o verdadeiro valor das coisas, que está bem longe das etiquetas e dos rótulos.

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Todas as fotos © Brunella Nunes

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