Depois de superar bullying, jovem com Down vira chef de cozinha

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Depois de superar bullying, jovem com Down vira chef de cozinha 1Laura Basilio, hoje com 24 anos, nasceu com Síndrome de Down e, ao contrário do que a maioria imagina (por falta de conhecimento), já pode contar orgulhosa todas as suas conquistas.

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Ela é a primeira aluna com Síndrome de Down a se graduar regularmente na Hotec (Faculdade de Tecnologia em Hotelaria, Gastronomia e Turismo de São Paulo), sendo eleita a oradora da turma.

Nascida em Sorocaba, Laura enfrentou uma infância e adolescência de muito bullying em sala de aula. Apesar dos comentários maldosos, isso só a fez ser mais forte e determinada e, aos 20 anos, ingressou no projeto social Chefs Especiais.

Ela dividiu a cozinha com chefes do porte de Olivier Anquier e Henrique Fogaça.

Hoje, Laura é doceira e já se prepara para fazer pós-graduação. Além disso, é professora convidada voluntária do Chefs Especiais, participa de comerciais e já tem seu projeto de criar a confeitaria “Delícias de Laura”.

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Inspiradora, ela fez um relato incrível para a Folha de S. Paulo e você ler na íntegra aqui abaixo:

“No ensino médio, eu estudava em uma escola particular de Sorocaba [101 km de São Paulo] e faziam piadinhas comigo dentro da sala de aula. Tentavam fazer eu ficar com alguém, pediam para eu dançar funk.

Sofri com isso até os 20 anos, quando me formei. Não chorava, só sentia magoa. Eles falavam besteiras para mim, mas isso nunca me fez pensar em desistir. Quando acontecia, ficava quieta. Depois falava para os meus pais, que iam na escola. Os professores nos apoiavam.

Mesmo assim, os tratava bem [os colegas de classe]. Eu queria focar no meu futuro.

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O maior desafio foram os estudos. Tinha muitas dificuldades em química, inglês e espanhol. Os professores eram muito pacientes comigo, e eu prestava muita atenção, me dedicava.

Perguntava para o meu pai o que deveria fazer para entender a lição, ele dizia que eu deveria repetir o exercício até entender e era o que fazia. Em casa, eu lia, relia, prestava muita atenção e conseguia fazer. Me apliquei muito, porque eu estudava em uma escola regular e tinha os mesmos deveres e tempo dos outros alunos para finalizar os exercícios e provas.

Na minha sala tinha mais uma aluna com síndrome de Down, que é a minha melhor amiga até hoje. Uma ajudava a outra.

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O apoio dos meus pais foi fundamental nessa época. Eles me inspiravam e eu acreditava que poderia ir muito mais longe do que todos imaginavam.

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Depois de concluir o ensino médio, fui apresentada pelo meu pai ao projeto Chefs Especiais. Liguei para os responsáveis e logo passei a frequentar as aulas e cursos do instituto. Foi lá que fiz meu primeiro prato, para uma festa de Dia das Bruxas.

Durante três anos no projeto, aprendi a cozinhar, fiz aulas com vários chefs, como Olivier Anquier e Henrique Fogaça. Também foi onde despertei minha paixão pela gastronomia. Comecei a cozinhar para toda a família. Antes, era complicado usar fogão e faca.

Peguei gosto, fiquei mais atenta, aprendi a ter cuidado com facas de ponta e com a higiene na cozinha.

Fui ganhando independência. Passei a cozinhar em casa com a ajuda da minha tia, da minha mãe e também da esposa do meu pai. Elas sempre ficam comigo na cozinha para evitar riscos.

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Eu gosto muito de ler, tenho muitos livros de gastronomia, fui me aprofundando no tema. Falei para os meus pais que queria fazer faculdade de gastronomia. Eles deixaram. Estudei muito para o vestibular e consegui passar regularmente.

A diretora [da faculdade] me disse que eu estava na idade adulta, que seria muita exigida, com ou sem bullying. Respondi que era capaz e iria lutar por isso.

No começo, era difícil. Tinha que coordenar muito bem para evitar queimaduras e machucados. Fui evoluindo, estudando e colocando em prática. Na faculdade, não sofria mais bullying, todos me ajudavam.

Aprendi a fazer salgados, doces e panificações, conheci vinhos. Mas o que eu adoro mesmo são doces. Sou uma ‘formiga’.

Comecei a estagiar em um restaurante árabe. Cortava cebola, tomate e salsinha. O chef adorava meus cortes. Depois, fui estagiar em uma fábrica de macarrão de um restaurante italiano. Fazia gravatinhas recheadas.

De tarde, eu ia à faculdade, de manhã, estagiava. À noite fazia os trabalhos [da faculdade] até de madrugada.

Em dois anos me formei. Fui oradora da turma. A diretora me disse que estávamos escrevendo juntas uma página da história da inclusão no Brasil. Era a primeira vez que alguém com síndrome de Down se formava naquela faculdade. Fiquei emocionada, arrepiada e com vontade de chorar. Não chorei, afinal, não podia borrar a maquiagem.

Formada, recebi um convite maravilhoso para ser professora [voluntária] no projeto Chefs Especiais. Queria compartilhar o conhecimento em gastronomia e mostrar para os alunos que eles eram capazes de tudo.

Eu ensino as receitas e as técnicas de cortes para os alunos do projeto. Depois de mim, já tem mais um aluno com Down fazendo faculdade.

Terminei a faculdade em 2014. Ainda não trabalhei na área, mas estou à procura de trabalho. Recebi um convite do restaurante do chef Henrique Fogaça, de quem sou muito fã.

Agora, quero escrever meu livro contando a minha história de superação e com dicas de receitas. Quero abrir um restaurante e confeitaria, que já tem nome: Delícias de Laura.

Hoje, além de cozinhar em casa, faço doces por encomendas.

A síndrome de Down nunca me impediu de seguir em frente, porque eu tinha algo maior, tinha amor dentro de mim.

Falo para os alunos [com Down] que eles têm que seguir o coração, acreditar, ter determinação, nunca parar de estudar. Procuro dar conselhos para eles não sofrerem, não desistirem de seus sonhos.

Vale a pena lutar pelo que se acredita. Não quero que as pessoas me olhem com preconceito, mas com um olhar inclusivo”.

Impossível não amar, né?!

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Fonte: Folha de S. Paulo

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