Mais de 7 milhões de brasileiros não têm onde morar, segundo a FGV. Sérgio era uma dessas pessoas, até que ele recebeu o dinheiro do auxílio emergencial nessa pandemia.
Ele poupou cada centavo, comprou um quartinho nos fundos de um terreno, reformou com as próprias mãos, mesmo sem nunca ter trabalhado como pedreiro, e agora é dono da sua própria casa.
Essa história de resiliência e superação do jovem de 25 anos, que mora em Feira de Santana (BA) nos comoveu demais. Ele também realiza projetos sociais e sonha terminar a sua faculdade. Para ajudá-lo, lançamos sua vaquinha na VOAA. Clique aqui e contribua.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
“As pessoas diziam que eu não ia conseguir”
É impressionante o que ele conseguiu fazer com apenas R$ 1.800,00 até aqui. “Eu sabia que teria apenas alguns meses de renda de R$ 600,00 e não a vida toda, então eu precisava empreender o dinheiro e não gastá-lo”, disse. Que consciência, hein!
Sérgio sonha mudar o mundo através da arte e educação, mas ele precisa finalizar a faculdade. Contribua para a vaquinha dele!
Sérgio viu um terreno à venda e nos fundos avistou um quartinho. “Eu insisti para o dono para ele me vender só o quartinho”, contou. Depois de tudo isso, ele conseguiu comprar o imóvel por R$ 1.500,00.
Mas a estrutura estava bem precária. “Eu via aquele negócio todo acabadinho, mas já ficava imaginando como ia ficar”, disse. E ele conseguiu, mas não foi fácil. Muitas pessoas desestimularam o jovem.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
“As pessoas diziam que eu não ia conseguir porque precisava de dinheiro e eu dizia que precisava de determinação“. Que demais esse garoto!
O pedreiro cobrou R$ 5 mil para reformar o quartinho e torná-lo minimamente habitável. As palavras do pedreiro foram duras, mas serviram de motivação.
“Era uma coisa surreal, eu não tinha R$ 5 mil. Ele disse: ‘Não dá! Mesmo que tenha dinheiro para comprar a terra e o material, você não tem para pagar a mão de obra’. Ele botou uma pedra no meu sonho“, contou.
Mas o pedreiro mal imaginava que seriam também as suas palavras que iriam ajudar a provar que ele estava errado.
Sérgio sonha mudar o mundo através da arte e educação, mas ele precisa finalizar a faculdade. Contribua para a vaquinha dele!
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
“Quando eu falei com o pedreiro, ele foi me dizendo quanto de material que eu ia precisar e o que ele iria fazer, botar cano aonde, onde por a massa. E eu fui captando e serviu como aula, aí eu meti a mão“, disse.
Sérgio foi no material de construção, negociou, comprou os materiais mais em conta, contratou frete de carroça para ficar mais barato, levou os canos de seis metros na mão para não pagar frete e assim conseguiu comprar todo o material.
Ele ainda negociou e comprou mais um pedaço de terra para construir um banheiro e pegou emprestado com a avó para pagar com as próximas parcelas do auxílio. Depois era só botar a mão na massa literalmente.
“Começamos de 5h da manhã, eu e meu namorado, cavando porque nesse horário não tinha ninguém na rua para ficar dizendo que não ia dar certo. Minhas mãos ficaram acabadas, fez calos, colocamos os canos, tapamos os buracos, pintamos, colocamos forro, piso, gesso, tecido e no fim, eu fiquei muito feliz, fiquei maravilhado”, contou alegre.
Sérgio sonha mudar o mundo através da arte e educação, mas ele precisa finalizar a faculdade. Contribua para a vaquinha dele!
O trabalho foi grande:
“Foi o pontapé inicial da minha vida muito feliz, muito significante, sou muito realizado por ter usado esse dinheiro com sabedoria. Tô sempre lá, olhando apaixonado, encantado. É meu agora! Tá feio agora, mas o mundo evolui, é mato agora na frente, mas já já vão ser prédios e eu serei vizinho desses prédios”, disse. Quanta visão desse moleque.
Depois da repercussão, um internauta entrou em contato com ele e doou R$ 600,00 para ajudá-lo.
Sérgio perdeu a mãe aos dois anos e vive realidade difícil
Sérgio é um garoto que endossa uma série de estatísticas que representam muitas barreiras de oportunidades para os jovens brasileiros. Ele é órfão da mãe e não tem pai no seu registro, é negro, pobre e gay.
“Mas isso nunca me afetou, sou grato a todos esses rótulos porque me fazem ser que sou“, fala com orgulho.
Sérgio sonha mudar o mundo através da arte e educação, mas ele precisa finalizar a faculdade. Contribua para a vaquinha dele!
A mãe dele era empregada doméstica de uma família rica e morreu em um acidente viajando a trabalho. Ele tinha dois anos quando tudo isso aconteceu e passou a ser criado pela avó, mulher nordestina que cuidou sozinha de 10 filhos.
“Nunca tive a oportunidade de ter as coisas, de ter alguém trabalhando para me dar algo. Eu sempre senti muita carência de amor para falar verdade“, contou.
Mesmo com todas essas dificuldades, a avó de 84 anos sempre tentou fazer de tudo o que estava no seu alcance pelo neto. “Ela sempre me apoiou em tudo, inclusive quando falei da minha sexualidade, ela entendeu”, disse.
O que mais ele queria era ser a primeira pessoa da família a concluir o Ensino Médio e ele conseguiu aos 15 anos de idade. Depois veio a faculdade particular que ele teve que largar por não ter como pagar. Seu nome inclusive ficou sujo.
Sérgio sonha mudar o mundo através da arte e educação, mas ele precisa finalizar a faculdade. Contribua para a vaquinha dele!
“Sempre fui muito de correr atrás do que eu quero e meter a cara. Ainda estudei seis meses e concluí um semestre só tendo dinheiro para pagar três meses de mensalidade”, disse.
Quando veio a pandemia, a sua fortaleza que é a vozinha adoeceu de Chikungunya. “Ela sentia muitas dores no corpo. Eu sempre vi minha vi na minha vó uma mulher muito forte, lavando roupa, fazendo comida. Então pensei: ‘se ela é meu tudo, se perco ela, não terei nada, vou ficar totalmente sem rumo’ e naquele momento eu tive medo”, contou.
Dona Helena Porto é o porto seguro de Sérgio. Foi aí que ele viu a necessidade de ter o seu próprio cantinho. E o que mais o surpreendeu foi a reação das pessoas ao verem a sua história. “Não esperava ter essa proporção toda e tô muito feliz por receber o carinho de todos, por se importarem com a minha história”, disse.
Olha o resultado:
Sérgio nunca trabalhou com carteira assinada, faz bicos como professor de artes e dança e dá reforço escolar para alunos da comunidade. “Concluir uma faculdade é o meu maior sonho da vida. Ainda não consegui alcançar, mas vou chegar lá, ainda vou me formar“, disse.
Jovem dá aulas de dança e aulas de reforço para crianças de sua rua
Mesmo com dificuldades ele nunca para. Ele hoje dá aulas de dança, aulas de reforço para crianças de sua rua e também participa de um programa do governo chamado Mais Educação, onde ele ministra aulas de reforço e artes para crianças de várias idades.