Livros reúnem histórias que crianças com doenças graves querem contar ao mundo

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Um pássaro que ficou amigo de peixes e, por isso, podia nadar, além de voar.
Um dragão que cuspia fogo carregando gentileza.
Uma data que desaparece do calendário e motiva uma aventura em sua busca.

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Todos os enredos acima são histórias infantis, escritas por crianças mais que especiais. O projeto Red Fred, criado pelo designer americano Dallas Graham, de 45 anos, reúne meninos e meninas deficientes para contar suas próprias histórias de vida, de forma lúdica, como uma criança sabe fazer melhor do que ninguém.

Mais de dez livros já foram publicados, e designer quer que crianças de outros países sejam autoras também
Mais de dez livros já foram publicados, e designer quer que crianças de outros países sejam autoras também

“Se você pudesse escrever um livro para o mundo ler, sobre o que seria?”

Essa é a pergunta que Dallas motiva todas as crianças na hora de iniciar suas histórias.

Até agora, Dallas publicou histórias de 18 crianças. O projeto também está apenas nos Estados Unidos, mas o designer já informou que nada impede de a ideia se espalhar pelo mundo – e seria maravilhoso ver isso acontecer!

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As histórias trazem no enredo casos de amizade, família, bullying e superação. Todos os valores arrecadados com as vendas dos livros, vão para a família das crianças, ou então para iniciativas que elas apoiam, como de assistência a outras pessoas com condições de saúde semelhantes.

Dallas, criador do projeto
Dallas, criador do projeto

Dallas conta que quer conhecer a história e a imaginação de outras meninas e meninos pelo mundo, expandindo o projeto para outros países, incluindo o Brasil.

É claro que nós, como adultos, temos uma tendência a querer voltar às formas com que as crianças veem o mundo — de uma forma mágica, vívida, com os olhos novos de uma criança. Mas estas são crianças que estão passando por um processo de amadurecimento muito rápido — por coisas que muitos de nós, adultos, nunca passamos em relação à nossa saúde“, disse o designer.

Ele disse ainda que as crianças “têm uma perspectiva bonita do mundo, mas isso não significa que elas não sofram, não tenham dor“.

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O caso que inspirou o projeto

A primeira história que Dallas ajudou a publicar foi do filho de um amigo, que sofria de distrofia muscular de Duchenne.

O designer se perguntou o que poderia fazer para ajudar. De repente, veio uma ideia: “Quero fazer um livro com ele”. A família chegou a concordar com a proposta, mas o menino faleceu e as histórias — a sua e a que ele escreveria — foram interrompidas.

Continuo em contato com a família dele — eles são muito amáveis e compreensivos. Afinal, ele não era meu sobrinho ou filho. Mas eles apoiam muito o projeto, que mudou minha vida. Para mim, trouxe uma verdadeira mudança de perspectiva“, conta o designer,

Isso aconteceu em 2012 e, desde então, Dallas se dedica exclusivamente ao projeto. Tudo é financiado a partir de doações que ele recolhe com vaquinhas e das vendas dos livros.

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“O projeto tem muito luto, e muito cuidado também. Da minha parte, tento fazer desse processo algo bonito. Porque a vida é bonita, e é frágil também”, diz Dallas, se referindo às crianças que já tiveram suas histórias publicadas, mas faleceram.

dallas

Processo criativo

Normalmente, Dallas passa cinco dias criando as histórias junto com as crianças. Eles escolhem os personagens, desenvolvem os enredos e produzem as ilustrações que vão nos livros.

“Esta é uma forma de solidificar memórias. Uma das crianças, que está fazendo tratamento contra um neuroblastoma, escolheu incluir fotos de um lago ao qual ia depois de suas terapias contra o câncer. Ela disse: quero que todos conheçam o lago. A verdade é que muitas crianças sabem que têm uma doença que ameaça suas vidas, e estão dispostas a viver a vida dessa forma”.

Outra história que encantou muito Dallas foi a do garotinho Alejandro Ako, que tem uma paralisia generalizada causada pela atrofia muscular espinhal severa — ela afeta o funcionamento dos músculos, no caso do menino exigindo que ele use um aparelho para conseguir respirar.

menino escritor

E Alejandro escreveu toda a sua história através de software criado pelo pai, que capta seus movimentos dos olhos

A mãe do garotinho, Guiller Bosqued, disse que a transformação do seu filho após o projeto foi incrível.

Inicialmente, hesitamos em nos comprometer com o projeto porque nosso tempo é muito limitado, mas o Dallas conseguiu acomodar isso muito bem e nunca precisamos desorganizar nossa rotina. Alejandro sempre estava muito animado para os encontros, e eles eram muito divertidos.

A história do Alejandro conta a rotina de Peco, um pássaro que vive em um hospital — “que é um dos lugares favoritos do Alejandro, o qual ele visita frequentemente“, explica a mãe. Um dia, Peco percebe que a data do aniversário de um amigo desapareceu do calendário, e reúne um grupo para procurar por esse “dia perdido”.

Datas são um assunto que Alejandro sempre adorou — ele adora falar sobre elas e tem uma habilidade extraordinária para lembrar delas“, conta Guiller.

Emocionante. Eu já quero que o projeto chegue logo por aqui!

[Nota da Redação]

Estamos com a campanha especial #PoderDoSomos com OMO contando histórias incríveis de projetos que transformam vidas! Confira o projeto selecionado anunciado pela Tatá Werneck:

FONTE: BBC

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