O quanto um simples álbum de figurinhas da Copa do Mundo pode ensinar as crianças sobre organização, perseverança e o valor de uma conquista planejada? Muita coisa, pelo menos é o que pensa os pais do garoto Davi Caczan, de 7 anos de idade.
A Copa do Mundo da Rússia é a primeira Copa que Davi vai acompanhar e poder desfrutar. Na edição passada, no Brasil, ele tinha apenas 4 anos, então não sofreu com a goleada que a seleção brasileira tomou da Alemanha: o famigerado 7 x 1. Davi ainda pode sonhar com a sexta estrelinha na camisa da seleção.
Como toda criança apaixonada por futebol, ele quer chegar até a Copa com seu álbum de figurinhas dos jogadores das seleções participantes completinho. A graça de correr atrás das figurinhas está aí.
Davi é uma criança, ainda tem tempo para aprender a planejar as conquistas que tem pela frente. Porém, o pai do garoto, Felipe Caczan, viu no álbum de figurinhas uma oportunidade para ensinar ao filho desde cedo. Um dia desses, o garoto chegou em casa com o álbum rasgado, dobrado e com as figurinhas coladas tortas.
“Demos a ele instruções básicas, do tipo: cuide de seu álbum e troque as figurinhas repetidas. Nada muito detalhado. Foi na escola, com os amiguinhos, que ele ‘aprendeu’ a “manha” de trocar as figurinhas. Deixamos bem claro que as repetidas eram para troca”, disse a mãe do garoto, Luciana Caczan, ao Razões para Acreditar.
Felipe acredita que os pais que, literalmente, correm atrás das figurinhas e mantém o álbum do filho em condições que a criança sozinha jamais seria capaz, uma atividade simples e, sobretudo, lúdica, perdem a oportunidade de formar adultos preparados para erros e insucessos.
“Numa pequena atividade como essa, vocês estão tirando de seus próprios filhos a chance de entenderem que, para ter êxito em algo, há uma série de etapas que precisam ser cumpridas, pensadas, planejadas”, escreveu Felipe na sua conta no Facebook.
Felipe publicou a foto de Davi no dia 1º de junho e, de lá para cá, a publicação viralizou, somando 83 mil curtidas, 32 mil compartilhamentos e 14 mil comentários, de pessoas que concordam e discordam da sua postura.
“A postagem foi completamente despretensiosa, mas tomou uma proporção enorme e muita gente compartilhou seus pensamentos, corroborou a ideia, acrescentou comentários e lições importantes. Estamos extraindo muito aprendizado disso tudo”, conta Felipe.
“Eu li muitos comentários de professores agradecendo. Vejo muitas crianças, adolescentes e adultos que acreditam que devem ser ouvidos. É a mesma situação quando um pai ou mãe chega no colégio do filho e começa a exigir privilégios “porque está pagando”. Quem nunca ouviu uma história dessas? Não penso assim e não quero que meus filhos sejam assim”, completa Luciana.
Os pais contam que Davi recebeu muito bem a conversa que eles tiveram sobre o álbum de figurinhas. O garoto compreendeu as instruções e os exemplos que Felipe e Luciana deram para ele – conversando, tudo se resolve, não é mesmo?
Davi tem muito trabalho pela frente, já que ainda resta colar 66 figurinhas, e não está fácil conseguir as que ele precisa para completar o álbum. “A maioria das trocas aconteceu na escola. Porém, chegou em um ponto que não dá para comprar sem que a maioria dos cromos seja repetida e, por isso, fui com ele em um ponto de troca no final de semana passada”, lembra Luciana.
“Estamos sempre acompanhando. Esse álbum foi a primeira experiência concreta dele como o universo de trocas, compra, venda etc. Então, decidimos fazer isso juntos, mas dando autonomia para ele poder interagir com as outras pessoas”, acrescentou o pai.
“Acredito que ele está aprendendo muitas coisas boas ao mesmo tempo. E nós também. Mas, a lição que eu mais quero que ele valorize é que é preciso perseverar para conquistar seus objetivos”, finaliza Felipe.
Fotos © Luciana e Felipe Caczan/Arquivo Pessoal – Reprodução Autorizada
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