A engenheira e empreendedora social Evelin Mello, 28 anos, é uma verdadeira construtora de sonhos. De bloco em bloco, ela conseguiu superar o machismo de alguns setores da construção civil para transformar as aspirações de dezenas de famílias em realidade.
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Nos últimos anos, Evelin tem se dedicado a reformar os lares de famílias carentes do Mato Grosso do Sul por meio da Digna Engenharia, empresa focada no ramo da chamada Dignidade Habitacional.
Em entrevista ao portal G1, a empreendedora social contou que a Digna foi inspirada a partir de suas próprias experiências e vivências como moradora da região periférica de Campo Grande.
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Seu primeiro passo em direção à Dignidade Habitacional foi dado ainda na faculdade, quando ela se dedicou ao assunto no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
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“Sempre morei na região de periferia. Meus pais sempre passaram por muita dificuldade. Então, a Digna começou quando vi o dia a dia dos meus próprios pais e vizinhos. Eu nunca tinha visto um engenheiro em uma obra de bairro. Via a dificuldade deles em juntarem dinheiro para contratarem um pedreiro”, disse Evelin.
Ao notar o vácuo de empresas e ações para esse mercado visivelmente carente, Evelin centrou os estudos na dita “engenharia social”.
“Eu olhava e pensava: ‘por que ninguém atende este público?’. Vi o nicho de cliente e isso me fez ir atrás. A partir da dor dos meus pais e dos meus vizinhos a Digna nasceu”, disse a engenheira.
Para atender o público, a Digna Engenharia atua de duas formas: gratuita e com parcelamento em várias vezes, com financiamento de baixo custo e ajuda financeira de investidores que viram potencial no negócio.
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Sonhos transformados em realidade
Em cinco anos de operações, a Digna Engenharia já atendeu mais de 100 famílias de forma gratuita. Isto é, mais de cem sonhos que foram construídos e realizados.
“Para a modalidade gratuita, nós temos um doador-anjo [empresário anônimo que faz doações]. As famílias podem nos procurar para o atendimento. Criamos um formulário para ver se a pessoa se encaixa na necessidade. Mandamos o projeto e situação da família para a empresa doadora, eles aprovando, iniciamos a obra, que impacta diretamente na vida dos moradores”, explicou Evelin.
Atualmente, há 10 vagas disponíveis para famílias carentes que queiram se inscrever na modalidade gratuita. Você pode entrar em contato com a companhia clicando aqui.
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Também há vagas para a modalidade parcelada, que conta com um fundo de captação de dinheiro. “Pegamos o dinheiro do fundo, aplicamos na obra e a pessoa que nos contratou pode fazer o pagamento geral em até 36 vezes, no boleto”, explica Evelin.
“Nós nos sentimos muito honradas por ser o único do Centro-Oeste que recebe esse recurso do doador-anjo. Somos muito certos com as coisas, porque é necessário ser muito correto com nota fiscal, com prestação de contas, com prazo de relatório, prazo de obra”, destacou a engenheira.
Uma das contempladas pela iniciativa foi a Dona Maria Luiza de Arruda, que sempre sonhou em ter um banheiro com forro, vaso sanitário branco e uma torneira que abrisse por completo.
O alto custo da obra sempre foi um motivo para adiar a reforma – até que Dona Maria conheceu Evelin.
“Eu toda vida trabalhei em casa de família, sempre olhei os banheiros bonitos das pessoas. Eu queria muito ter um banheiro bem arrumadinho, com vaso branquinho, piso. Quando eu menos esperava, ela [Evelin] me ligou. Às vezes uma pessoa simples fica sonhando com a obra ou ter uma casa arrumadinha com dignidade, mas não consegue comprar o material”, disse ela.
Superando velhos preconceitos
Ao portal G1, Evelin relembrou sua primeira reforma feita através da Digna, feita de maneira super simbólica.
“Foi uma mãe solteira que trabalhava em dois hospitais para conseguir sustentar a casa e filhos sozinha. Ela tinha muito medo de colocar um pedreiro em casa, não tinha conhecimento e condição financeira. O receio era grande”, disse.
Após Evelin fazer o orçamento e entrar com a mão de obra e material, a obra deslanchou e foi super bem-sucedida. “A partir desta primeira obra, parti para outras, fiz muitos banheiros e nunca mais parei. Estou aqui”.
Para a engenheira, o receio de algumas clientes em receber um profissional homem em casa, ativa alguns “gatilhos” em sua mente. No passado ela já sofreu com o machismo, que é mais nítido no ramo da construção civil, setor predominantemente masculino.
Evelin já foi menosprezada e chamada de burra por alguns clientes (homens). “Também já tive situação de quando estava sozinha, onde um homem quis alterar a voz e gritar comigo, criar discórdia. Eu nunca tive medo de me impor, se eu baixar a guarda, eu não aguento”, contou.
Ela ressalta a necessidade das mulheres em precisar passar por cima dessas humilhações, e serem fortes. “Outras mulheres estão vindo atrás. Se minha filha quiser ser engenheira? A gente tem que lutar por elas e tantas outras que virão! Já lutaram por nós, temos que continuar!”, comentou.
Hoje, Evelin e o marido, Wesley Alves, 32 anos, trabalham lado a lado. Juntos, comandam uma equipe de 15 pessoas – e a previsão é de crescimento da empresa nos próximos anos.
“É extremamente gratificante tudo isso. [Vale ressaltar que] a Digna não tem nada a ver com reforma. Nós trabalhamos com a transformação, que acontece depois que vamos embora. A reforma transforma as pessoas, elas observam que elas podem mais e percebem que podem não morar naquela situação insalubre. Nunca é tarde para realizar um sonho”, completou a engenheira e empresária.
Fonte: TV Morena MS
Fotos: Arquivo pessoal
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