Estilistas do Capão Redondo desfilam coleções na Oscar Freire

A busca por novos talentos da moda em uma das comunidades mais populosas e carentes – de serviços básicos – de São Paulo foi o que inspirou a jornalista Nádia de Mello a criar o projeto Descobertas do Capão em parceria com a designer de moda Bruna Castro no Capão Redondo.
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A comunidade do Capão Redondo tem um potencial criativo que o mundo precisa conhecer. Para isso, é necessário criar plataformas – no sentido de projetar as criações dos moradores locais –, como tem feito Nádia e Bruna desde setembro de 2017, quando surgiu o Descobertas.
No meio do caminho, algumas pessoas saíram do projeto, “porque arrumaram emprego. E a pessoa precisa. Por mais que ela queira continuar, tem contas para pagar”. Outras desistiram por questões de saúde. De toda a turma que começou o projeto, restaram apenas duas alunas, Ana Carolina Santos Barcelos, 22 anos, e Karen Marques, 21 anos.
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Elas já eram costureiras antes do projeto começar. E a ideia do Descobertas é justamente transformar essas profissionais em estilistas. “Quando essas pessoas vão trabalhar com a moda é tudo muito voltado para a costura. E isso começou a surgir um incômodo muito grande. Por que todo mundo na comunidade só pode ser a costureira?”, questiona Nádia. “Não desvalorizamos a profissão. Mas, por que na periferia ela não pode ser etilista?”, reforça Bruna.
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As jovens estilistas dão vida aos seus looks com uma técnica chamada Upcycling, que consiste em aproveitar peças fora de uso para criar novas peças – totalmente sustentável. Mais do que só revelar novos talentos, o projeto tem a premissa de fazer com que as peças produzidas por essas mulheres sejam valorizadas financeiramente e vendidas a preços alinhados com os conceitos aplicados em sua criação, explica a jornalista Nádia e a designer de moda Bruna.
Sobre a identidade dos looks das duas estilistas, Ana Carolina busca referências na cultura japonesa e coreana – desde a adolescência, a carioca da Baixada Fluminense é apaixonada pela moda oriental –, enquanto Karen explora a sensualidade da mulher, de uma maneira inteiramente nova, sem clichês.
“Desde muito nova já gostava de moda japonesa e coreana. E aos 13 anos comecei a me personalizar de Lolita. Uma moda bastante seguida por mulheres adultas e crianças, que traz uma visão inocente das mulheres. Elas se vestem como bonecas de porcelana. E tem uma série de regras. Era muito difícil encontrar costureiras que fizessem as peças com perfeição. Por isso, decidi costurar“, relembra Ana Carolina.
“Eu pretendo mostrar que a mulher pode ser sensual e não precisa se vulgarizar para isso. Minha relação com o tema proposto é um tanto quanto pessoal. E minha inspiração consiste na percepção que tenho de que a cada dez mulheres, nove tem baixa autoestima e apenas uma é confiante. As mulheres acreditam que se colocam uma roupa mais curta, justa, decotada que seja, estará bonita e seja desejada. A ideia é mostrar que não precisa desses artifícios para ser linda, bonita, desejada, sensual. Enfim, a ideia é mostrar que cada mulher é bonita a sua maneira“, afirma Karen.
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Após meses de trabalho, a dupla pôde apresentar suas coleções (Visual Kei, de Ana Carolina, e Sensualize, de Karen Mendes) em um desfile na Unibes Cultural, instituição localizada na Rua Oscar Freire, endereço tradicional da moda na capital paulista, no domingo (6).
O desfile foi aberto ao público e contou com a participação de modelos do Periferia Inventando Moda, projeto social criado em 2014, na comunidade de Paraisópolis, pelo estilista Alex Santos.
Veja o resultado:
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Fotos: Reprodução/Caetana Filmes
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