O estudante de Letras Lucas Barbosa Paveglio, 25 anos, de Cerro Largo (RS), surpreendeu os professores e colegas da Universidade Federal da Fronteira Sul na defesa do seu trabalho de conclusão de curso. Lucas apareceu trajado de drag queen: blazer rosa, maquiagem, salto alto, peruca loira e muita, muita atitude. Uma verdadeira drag estudiosa!
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Esse grande momento de representatividade e protesto aconteceu no comecinho deste mês. Lucas conversou com o Razões e nos contou tudo sobre esse grande dia!
“Espero que essa visibilidade ajude muitas pessoas, que assim como eu, foram ou são silenciadas e que precisam ser exaltadas. Be free!”, disse Lucas.
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A escolha do tema
O trabalho do Lucas é uma análise de identidades: busca identificar o ‘encontro do eu e do outro’ presentes em trechos do livro Arrase!, de RuPaul, a drag queen mais famosa do mundo. Ele relatou que desde o ano passado estava decidido a trabalhar com a temática drag, só não sabia ainda qual seria o seu material de pesquisa.
“Primeiramente porque tenho paixão por drag queens, pelo programa RuPaul’s Drag Race e por estar desde criança conectado com o mundo feminino e me encontrar nele”, disse.
Ele relatou ainda que a pesquisa foi enriquecedora e estudou a história do artista transformista, desde a Grécia Antiga até os dias de hoje. E claro, nas partes em que encontrou dificuldades, como qualquer universitário, teve até vontade de chorar!
“Aprendi muitas coisas, no surgimento desse artista que utilizava de adereços femininos para representar as mulheres, pois elas não podiam se apresentar, tanto em manifestações artísticas como religiosas, no entanto, o homem fazia os papéis femininos, vi aí que a mulher sendo silenciada deu então início a essa arte, que mais tarde foi denominada como drag queen. É tudo muito interessante”, explicou.
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A decisão de apresentar o trabalho vestido de drag queen
Além do tema, outra certeza que o Lucas tinha era que apresentaria o trabalho vestido de drag queen. Ele contou esse desejo a sua orientadora, a professora Ana Beatriz Ferreira Dias, e ela só pediu uma coisa: queria ver uma drag estudiosa naquele palco!
“Eu sinto que quebrei barreiras e fiz história em uma região muito conservadora e preconceituosa. Foi nesse dia que eu notei algo muito importante, o brilho no olhar dos meus amigos em me ajudar, senti a felicidade deles, um sentimento único.”
“Tenho planos de dar continuidade às minhas montações. Apresentar meu trabalho montado foi um ato de protesto sim, afinal, tem estudos que falam que o corpo é um ato político, e foi exatamente isso o que quis representar e fazer naquela noite.”
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Reação dos professores e colegas
Lucas explicou que a vontade dele de apresentar o trabalho vestido de drag queen já tinha chegado aos ouvidos da maioria das pessoas da faculdade.
“Não foi uma surpresa para os colegas de curso e professores, sabe como é fofoca, corre rápido. No entanto, só se falava disso, era algo muito aguardado pelos colegas de curso e alguns professores.”
Enfim, chegou o grande dia! Ele contou com a ajuda dos amigos que conseguiram roupa, peruca, calçado e maquiagem para montá-lo. “Me senti uma artista prestes a entrar no palco!”.
“Quando entrei no auditório, foi feito um chamamento a mim pelo meu amigo de infância que discursou e então ao som de ‘Sissy That Walk’ de RuPaul eu entrei, desfilando bem devagar e tremendo muito. Mas ocorreu tudo bem, defendi minha pesquisa com tranquilidade e segurança, afinal, eu havia estudado muito e tinha meu trabalho na ponta da língua”, disse.
A caminhada acadêmica
Como a maioria dos universitários brasileiros, Lucas precisou administrar seus dias com o trabalho e estudos.
“Por precisar trabalhar, eu tive que deixar de cursar algumas disciplinas que eram ofertadas durante o dia, o que ocasionou no decorrer dos anos em muitas disciplinas atrasadas, mas estou fazendo o máximo que posso para recuperá-las e poder concluir o curso o quanto antes”, conclui.
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Bom, só temos uma coisa para te dizer Lucas: A-R-R-A-S-O-U!!!!!
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