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Mãe de autista e especialista no tema indica traços do transtorno para diagnóstico precoce

Mãe de autista e especialista no tema indica traços do transtorno para diagnóstico precoce 2

O diagnóstico precoce é muito importante para o desenvolvimento geral de uma criança autista e é nesse ponto que entra o papel da família: observar o comportamento do bebê e a sua relação com o TEA (Transtorno do Espectro do Autismo).

Muito além de identificar o autismo infantil, a família deve auxiliar a criança autista no seu desenvolvimento, sabendo que a inclusão começa em casa!

É o que explica a mãe de um autista e especialista em autismo, Fátima de Kwant, que largou a profissão de jornalista para dedicar-se à pesquisa sobre o autismo e hoje atende famílias na Holanda.

Hoje, com 22 anos, seu filho Edinho, que de autismo severo foi para o atípico, conseguiu ser inserido na sociedade e ter o seu primeiro emprego com carteira assinada. Vitórias conquistas com muito trabalho, terapias e apoio da família.

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Fátima com o seu filho Edinho, diagnosticado com autismo aos 3 anos de idade. Foto: Arquivo Pessoal

Pais e mães são fontes inesgotáveis de poder, de informação e conhecimento sobre seus filhos. Quanto mais envolvidos nas terapias, aplicando as dicas que recebem dos terapeutas também em casa, mais chances de obterem progressos”, afirmou.

O papel da família para o diagnóstico precoce do autismo infantil

O primeiro passo da família é identificar no bebê comportamentos que tenha relação com o autismo, como se ele não olha nos olhos quando a mãe está amamentando, quando brinca com o mesmo brinquedo, se possui algum comportamento repetitivo, se embalança muito para frente e para trás.

Também podem ser bebês que riem pouco ou quase não sorriem, e que parecem chorar inconsolavelmente”, explicou Fátima.

“O Edinho, meu filho de 22 anos, era um bebê diferente, mas também alegre, sorridente e muito amoroso. Isso me confundia, pois eu já sentia que ele não era normal – só não sabia que aquilo tinha nome: autismo”. Foto: Arquivo Pessoal

Outros sinais são: não balbuciar até os 9 meses; não apontar ou “dar tchau” até os 12 meses (1 ano); por volta de 12 meses não sorrir para outras pessoas; não atender ao chamado de seu nome aos 12 meses; não falar palavras soltas aos 16 meses (1 ano e meio); não parecer ter fantasia (fazer de conta) por volta dos 18 meses. Aos 2 anos de idade ainda não falar frases com duas palavras (“eu quero”, etc.). E, por último, se o bebê aparenta ter regredido repentinamente no desenvolvimento ou na linguagem.

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“O diagnóstico deve ser encarado como uma ferramenta para o desenvolvimento da criança autista, nunca como rótulo, já que quanto mais cedo uma criança autista é estimulada com intervenções (individuais, de acordo com as áreas de baixo desenvolvimento), mais rapidamente irá progredir”, disse Fátima.

“A família pode apoiar a criança autista dando seu amor incondicional, aumentando sua autoestima e preparando-a para a inclusão dentro da sociedade”

É fato: quanto mais os pais envolvidos nas terapias e aplicando as dicas que recebem dos terapeutas também em casa, mais chances de obterem progressos!

Quando a família aceita o autismo, fica mais fácil a criança autista se aceitar, também. No entanto devemos lembrar que quando o autismo acontece em uma família mais desestruturada, o desafio é bem maior”, disse.

“Edinho, adolescente, precisava colocar aparelho nos dentes. Na época, ele tinha medo de bullying. O pai não pensou duas vezes e também colocou para apoiar do filho”, contou Fátima. Foto: Arquivo Pessoal

Infelizmente, a falta de atendimento/assistência precoce e contínuos no tratamento específico para a criança autista pode agravar o seu caso levando-a a ter comportamentos agressivos e ao autismo severo.

“Agressividade e (auto) flagelação no autismo são consequências de um extremo desconforto físico, emocional, mental ou sensorial. Saber reconhecer o comportamento autista e conduzi-lo para o bem maior do autista, vai fazer com que consiga se desenvolver até o máximo de sua capacidade.” 

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Os desafios da especialista em autismo como mãe de um autista

A história da Fátima com o autismo começou em 1996, na Holanda, com o nascimento do seu filho Edinho. Diagnosticado em 1999, aos três anos de idade, com autismo severo e retardo mental moderado, Edinho recebeu um segundo diagnóstico, em 2011, de autista leve com inteligência acima da média.

Eu sou uma ‘mãe do século passado’! Não foi fácil identificar o autismo porque ninguém falava disso na minha época. Não existia internet e o conhecimento que havia era muito pouco, e quase sempre de um ou outro artigo sobre o autismo severo”, explicou Fátima.

“Tenho o melhor trabalho do mundo, e isso eu agradeço a meu filho e ao autismo”. Foto: Arquivo Pessoal

A profissional relatou que a sua viagem pelo TEA foi extraordinária. Após sua incrível recuperação, Fátima estudou autismo e se especializei na área do Autismo & Desenvolvimento e Autismo & Comunicação, Criando o Projeto Autimates para propagar conscientização e informação sobre o TEA.

“Não creio que isso seria possível o seu desenvolvimento sem as terapias que ele teve, as escolas inclusivas e o apoio da família – eu, meu marido e nossas duas filhas neurotípicas.”

O que é autismo?

O TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) é um transtorno do neurodesenvolvimento também conhecido como um transtorno do ‘Processamento de Informação’ que afeta as áreas do cérebro responsáveis pela comunicação, interação social e influindo no comportamento geral de uma criança, adolescente ou adulto.

O autismo é diferente em cada pessoa, mas costuma vir acompanhado de muita (ou pouca) sensibilidade sensorial e de algumas comorbidades (outros transtornos que são notados nos autistas), como eplepsia, TOC (Transtorno Obssessivo Compulsivo), seletividade alimentar, depressão, ansiedade, hiperatividade entre outros.

Apresentador Marcos Mion luta pela comunidade autista depois que seu filho Romeo foi diagnosticado com o transtorno. Recentemente o apresentador conseguiu que o Governo sancionasse a lei que inclui dados específicos sobre autismo no Censo2020. Foto: Uol

O autismo não é considerado doença, não tem cura, mas deve ser tratado com intervenções (terapias) individuais para cada caso de autismo e trazer à criança autista qualidade de vida.

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