Em Junho é comemorado mundialmente o Mês do Orgulho LGBTQIA+ e eu precisava desabafar: talvez algumas pessoas se surpreendam e outras não. Talvez alguns digam “eu já sabia” ou não. Eu não me importo.
Mas o que vem a seguir vai dizer muito mais sobre os outros do que sobre mim! Eu, já quase um trintão, independente financeiramente há anos e moro na minha casa própria. Não precisava ter medo ou receio, afinal não dependo de ninguém.
Não “corria riscos”, mas ainda assim estava receoso. O que mais me incomodava era que eu estava vivendo os anos mais felizes da minha vida e minha família não estava fazendo parte. Me sentia incompleto.
Já namorei mulheres, o que por muito tempo me fez pensar ser bissexual! Mas recentemente contei aos meus pais cristãos que era gay. Só faltavam eles. Eu estava indo viajar e eles foram buscar meu cachorro em casa. Encostei no carro e disse:
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?? Vocês sabem que eu sou gay, né?
Aquilo estava engasgado há tempos, desceu seco a goela.
?? Meu pai me olhou e disse: – Ok.
?? Olhei para minha mãe e ela: – Tudo bem!
Foto: Jeferson Santos
Eu não entendi nada. Estava atordoado, confuso. Como disse minha irmã: eu estava passado. Ainda me zoaram pelo fato de eu estar espantado com a reação positiva deles.
?? Lá em casa frequenta fulano e ciclano que são gays, pra gente é normal uai! É cheio de ‘viado’ lá em casa! – dispara minha mãe.
Meu pai vira e começa a falar do Paulo Gustavo. Nessa hora eu me segurei para não chorar e percebi a importância da representatividade, da arte e da leveza do Paulo.
?? Eu já sentia há tempos que vc queria me contar algo e era só isso? Diz meu pai.
Nessa hora meu celular toca. É a portaria anunciando uma visita e eu autorizo a entrada. Desce do carro um careca de 1,82 e vem em nossa direção espantado. O Freddo, meu cachorro, já identifica quem é e fica todo alegrinho.
??Quero apresentar uma pessoa pra vcs. Esse o Danilo, é meu namorado!
?? Meu medo é lá fora, com o preconceito. – Diz minha mãe.
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Papeamos por um instante e nos despedimos com a promessa de marcar um churrasco com as famílias quando a pandemia passar. Antes de se despedir meu pai me abraça e diz:
?? Não é nosso papel aceitar ou não. Filho sempre vai ser filho.
Repito: eles vivem em uma “bolha” evangélica tradicional, mas ainda assim conseguem entender que o amor é muito maior que tudo isso. Isso é Cristianismo. Isso é amor.