Suíça votará proibição da criação de animais em escala industrial para abate

Apesar de parecer óbvio, é sempre válido ressaltar que os animais não são meros produtos para serem explorados ou vendidos pelos seres humanos.

Infelizmente, bilhões de seres vivos passam a maior parte de suas vidas enclausurados em prisões minúsculas, sendo expostos às mais terríveis crueldades, apenas aguardando na fila de abate.

Entretanto, na Suíça, as coisas estão prestar a mudar: a população do país votará a proibição da criação de animais em escala industrial.

O parlamento da nação europeia considera proibir completamente a prática após dezenas de entidades, ativistas e defensores da causa animal reunirem mais de 100 mil assinaturas pedindo ao governo que crie uma nova legislação, rígida e justa, sobre o tema.

Os parlamentares defensores da nova lei argumentam que a criação de animais em escala industrial está diretamente relacionada ao seu bem-estar geral. Também criticam a agropecuária desenfreada, que contribui para o agravamento das mudanças climáticas, escassez de água e problemas de fome.

“A Suíça importa 1,2 milhão de toneladas de ração animal a cada ano para produzir a quantidade necessária de produtos de origem animal”, disse Vera Swerin, presidente da Fundação Franz Weber, uma ONG que trabalha pelos direitos dos animais e por políticas de sustentabilidade a nível global.

A criação de animais em escala industrial está intrinsecamente ligada ao consumo desenfreado da matéria-prima do planeta.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) nomeou a carne “o problema mais urgente do mundo” neste mês. “Nosso uso de animais como tecnologia de produção de alimentos nos levou à beira da catástrofe”, afirmou o PNUMA em comunicado. “A pegada de gases de efeito estufa da pecuária rivaliza com a de todos os carros, caminhões, ônibus, navios, aviões e foguetes juntos”.

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“Sofrimento inaceitável”

Lançada em junho do ano passado, a iniciativa No factory farming in Switzerland (“Sem Criação de Animais em Escala Industrial na Suíça”, em tradução livre) visa acabar com a pecuária intensiva, alterando o artigo 80º da Constituição Federal.

O co-diretor da ONG Sentience Politics, Silvano Lieger, disse em uma entrevista: “O fato de termos conseguido colocar em votação essa iniciativa tão rapidamente mostra o quanto as pessoas na Suíça se preocupam com os animais. A maioria deles não tem conhecimento da quantidade significativa de indivíduos que ainda estão sendo criados em condições insuportáveis”.

“A criação de animais com objetivos comerciais é inaceitável – e devemos usar o poder da democracia direta para também torná-la ilegal”, acrescentou.

Suíça e os direitos dos animais

A população suíça pode vir a participar de um referendo que questionará se testes em animais é aceitável ou não.

Tal votação pode ser convocada a qualquer tempo pelo parlamento depois que os peticionários coletaram o mínimo estabelecido de 100 mil assinaturas necessárias para colocar uma medida em discussão.

Em 2018, a Suíça passou a considerar prática criminosa a fervura de lagostas e quaisquer crustáceos vivos devido a preocupações com o bem-estar dos animais.

E a população tem se engajado: um estudo recente estimou que 2,6 milhões de suíços – ou 31% da população – estão reduzindo ou reduziram totalmente o consumo de carne.

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Fonte: ANDA/Fotos: 80000hours.org/Reprodução

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