Fisioterapeuta descobre câncer graças a post e hoje ajuda pacientes oncológicos pelo Instagram

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Roberta durante quimioterapia e pós-tratamento
Roberta praticou exercício físicos durante toda quimioterapia. Fotos: arquivo pessoal.

A fisioterapeuta Roberta Perez, 31 anos, decidiu criar uma conta no Instagram na qual mostra seu dia a dia durante a recuperação do câncer. O @vaipormim.oficial tem cerca de 13 mil seguidores e revela toda a experiência que a jovem teve com a doença nos últimos cinco anos, além de sua rotina de exercícios físicos.

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Segundo Roberta, a ideia de criar o perfil na rede social partiu de uma demanda de amigos e familiares para saber como ela estava durante seu tratamento. A fisioterapeuta destacou, em entrevista exclusiva ao Razões, que os mais próximos achavam que ela ficava apenas na cama chorando.

“Um dia, em uma conversa com umas amigas, elas disseram como era legal saber o que estava por trás, tem tanta vida por trás do diagnóstico [de câncer]. Olha o papel importante que tem aí de mostrar, desmistificar o tanto de coisa que as pessoas pensam negativamente sobre o câncer.”

Roberta Perez e marido em selfie no parque
Roberta encontrou em seu marido, Rodrigo, um grande parceiro para caminhadas e corridas durante o tratamento contra o câncer. Foto: arquivo pessoal

O conhecimento na área de saúde, atrelado as experiências que Roberta vivia, começaram a se transformar em dicas para quem seguia seu Instagram. De acordo com a fisioterapeuta, o nome “Vai Por Mim” surge dos conselhos que ela dava para seus seguidores.

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“Comecei a dar dicas: ‘vai por mim, isso é muito bom’, ‘vai por mim, essa sensação é maravilhosa’. Aí o ‘vai por mim’ pegou! Quando eu ia para Santos (SP), correndo na orla da praia, as pessoas gritavam: ‘vai por mim, é você!’, porque era uma carequinha branca correndo”, conta bem-humorada.

Publicação em rede social pode ter salvado sua vida

Roberta descobriu que estava com câncer em 2016, após sentir um nódulo em seu seio durante um autoexame. A fisioterapeuta, então, procurou um ginecologista mastologista que, posteriormente, através de exames laboratoriais, confirmou as suspeitas da jovem.

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Entretanto, o sinal de alerta para Roberta foi acendido por uma ex-colega de escola em um simples post em uma rede social, em 2015. Esta amiga, com quem ela não falava há anos, dizia na publicação que estava com câncer de mama e pedia para que todas as mulheres, jovens ou não, se cuidassem.

“Aquilo me chamou muita atenção, porque sendo da área da saúde, eu não estava acostumada a ver mulheres jovens com câncer de mama. […] Lendo aquilo, se encaixou no meu momento de vida, sabe? Então, já percebia que estava no piloto automático, apenas existindo.”

O alerta da amiga da Roberta foi o sinal que fez com que ela prestasse mais atenção ao seu corpo e pode ter sido decisivo no diagnóstico prematuro do câncer de mama.

“Se eu descobrir que é câncer, vou mandar uma mensagem para a carol do post para dizer que possivelmente ela salvou minha vida”

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Câncer raro forçou tratamento imediato

Roberta Perez em tratamento de câncer
Roberta iniciou a quimioterapia uma semana após receber o diagnóstico de câncer. Foto: arquivo pessoal

Apenas uma semana após o diagnóstico do câncer de mama, lá em 2016, Roberta começou a fazer sessões de quimioterapia. O enjoo, mal-estar e a queda dos cabelos foram as primeiras consequências do tratamento, que faria parte de sua rotina por alguns meses.

Roberta conta que uma das partes mais difíceis no começo deste processo foi lidar com a queda da sobrancelha. De acordo com a fisioterapeuta, ela não enxergava mais seu reflexo no espelho e se sentia um vampiro ?

“Lembro de ligar para o meu marido chorando e falando: ‘sou um vampiro, porque meu reflexo não aparece no espelho’. Estava resgatando a Roberta de antes do câncer, que tinha um cabelo longo e que era muito ligada à aparência.”

Com o passar do tempo, Roberta percebeu que todas as preocupações que tinha com sua aparência sumiram e viu seus familiares dizerem que ela nunca se sentiu tão bonita como durante o tratamento.

Mastectomia e a depressão

Cerca de seis meses após descobrir o câncer, Roberta finalizou a quimioterapia e realizou a cirurgia de mastectomia bilateral – remoção das duas mamas. Durante o mesmo procedimento, a fisioterapeuta colocou próteses de silicone nos seios, em uma intervenção similar à da atriz americana Angelina Jolie.

Os meses seguintes reservaram à Roberta múltiplas cirurgias por problemas de cicatrização. A mobilidade da fisioterapeuta ficou extremamente comprometida durante este período, impedindo que ela fizesse atividades simples, como tomar banho ou pentear o cabelo.

Dentre os impactos físicos, Roberta também tinha dificuldade para reconhecer seu corpo após tantas cirurgias. O tratamento hormonal ao qual foi submetida, que funciona como uma espécie de menopausa induzida, atrapalhava ainda mais a recuperação da jovem.

Na época, a fisioterapeuta não sabia que também era portadora da doença, mas posteriormente foi diagnosticada com depressão.

“A sociedade esperava de mim que eu fosse feliz, ficasse agradecida, mas eu não tinha essa vontade de viver, não sabia por onde começar”

Segundo Roberta, a depressão pós-quimioterapia é comum, apesar de não ser divulgada amplamente na mídia. Desta forma, se sentia extremamente culpada por não estar feliz naquela fase da vida, mesmo tendo recebido o que muitos chamariam de uma segunda chance.

Descoberta de tumor no ovário e reinvenção nas atividades físicas

Em 2017, durante exames de rotina, Roberta descobriu a presença de um tumor no seu ovário direito. A fisioterapeuta teve a trompa e o próprio ovário removidos e precisou que lidar com a possibilidade de também ter o útero retirado.

Na tentativa de se reinventar, Roberta conheceu o ioga e foi a partir da prática da atividade que sua vida começou a mudar. A fisioterapeuta criou um grupo voluntário para dar aulas de ioga para pacientes oncológicos e, em tempos de pandemia, usa a internet para continuar a ensinar suas técnicas.

E não é só de ioga que a Roberta vive! O Instagram da fisioterapeuta esbanja saúde e mostra como é sua rotina de exercícios e a reinvenção que ela teve após o tratamento contra o câncer.

De acordo com Roberta, as atividades físicas se tornaram mais comuns em sua vida durante e pós-quimioterapia. Foi a forma como ela conseguia ajudar os médicos que cuidavam de sua saúde.

“Escolhi me emponderar dos cuidados da minha saúde e contribuir com todo o esforço da equipe multiprofissional que estava cuidando de mim. O que eu poderia fazer por mim mesma, pela minha saúde, para viver bem durante o tratamento?”

Uma nova vida na vida de Roberta

A remoção do ovário e da trompa de Roberta se tornariam um empecilho para que conseguisse engravidar, em teoria. Bom, realmente isso ficou só na teoria, porque no início deste ano a fisioterapeuta simplesmente descobriu que está esperando um bebê!

Para anunciar esta grande novidade para o mundo, ela e o papai, Rodrigo Peres, decidiram gravar um vídeo com a reação dos parentes mais próximos com a notícia. O vídeo virou um sucesso e já tem mais de 10 mil visualizações no Instagram da Roberta. Confira abaixo como ficou!

Apesar da felicidade de se tornar mãe, Roberta tomou um susto com a notícia. Como está em seu quarto ano de remissão, não era aconselhável que ela engravidasse. Porém, uma aventura de Réveillon trouxe a ela um “presentinho”!

“Me arrepio só de lembrar [do vídeo], porque essa emoção foi o que me ajudou a aceitar [a gestação]. Então eu ficava revendo e editando, lembrando dessa sensação e me fortalecendo enquanto mãe. É um presentinho mesmo!”

Não sabemos ainda se Roberta e Rodrigo trarão ao mundo um virginiano ou um libriano, mas temos certeza de que esta criança será muito amada e já é o símbolo da batalha, luta e perseverança desta jovem que, a cada dia, nos dá um exemplo de força.

Obrigado por isso, Roberta! ?

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