O relato de um fotógrafo de Governador Celso Ramos (SC), tem emocionado o Brasil inteiro pela forma tão genuína sobre o processo de adoção tardia que fez junto com sua esposa, para receber o filho de 10 anos.
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Há dois dias, em 26 de Fevereiro, o fotógrafo Rafael Festa viu sua rotina e de sua esposa Tatiani Ziegler mudar completamente (muito pela chegada do filho), mas também quando escreveu despretensiosamente um post em seu Facebook contando sobre o processo de adoção do seu filho de 10 anos, no texto, ele usou um jogo de palavras para descrever a burocracia do processo e mostrando que, mesmo sendo uma criança já grande, a ansiedade é a mesma caso fosse um bebê.
Até o momento já foram mais de 400 mil likes, mais de 100 mil compartilhamentos e quase 50 mil comentários de pessoas emocionadas com o texto, Rafael disse, em conversa com o Razões, que a intenção era registrar o momento e mostrar aos amigos sobre o processo de adoção tardia, e que não fazia ideia do quanto o post iria viralizar: “Eu não fazia ideia. Mas tenho pessoas próximas que estão com intenção de entrar na fila de adoção. Então imaginei que seria algo para esse grupo mais próximo. Ontem quando fomos dormir e tinha 500 curtidas e uns 30 compartilhamentos já estava surpreso. Hoje durante o dia eu não consegui acreditar na dimensão que chegou.”
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Não é por menos, seu texto é de uma sensibilidade! Em um dos trechos ele escreveu:
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“Com 1,44m, 40 quilos e… 10 anos
Nossa gestação não foi das mais convencionais. Não vimos nossa barriga crescer (exceto a minha, mas não por este motivo), mas nosso peito já não aguentava mais de tanto aperto.
Tivemos um curso para explicar como seria nossa gravidez.
Ao invés de um teste de farmácia, tivemos uma assistente social nos falando que existia a possibilidade de estarmos grávidos.
Não ouvimos seu coração bater através de uma máquina, mas o nosso acelerou quando uma porta abriu e ele veio em nossa direção.
Não fizemos nenhum ultrassom, mas semana a semana tínhamos nossas visitas para poder ver o rostinho do nosso bebê.
Não experimentamos desejos estranhos nem passamos por enjoos terríveis, mas Deus sabe quão ruins eram os domingos à noite, quando precisávamos levá-lo de volta à casa-lar.
O acompanhamento da gestação não foi feito por enfermeiras e obstetras, mas sim por psicólogas e assistentes sociais.
A correria para montar o quarto do nosso bebê foi a mesma, mas ele estava junto para opinar na decoração.
Não podíamos bradar ao mundo todo que estávamos grávidos, mas sabíamos que o mundo seria pequeno para tanto amor.
As nossas dores de parto foram as angustiantes semanas de espera por decisões burocráticas.”
Na conversa que tivemos, ele falou sobre o processo de adoção, a vontade deles de adotar uma criança mais velha, e sobre a repercussão inacreditável que está acontecendo. Veja:
– Razões: Quando vocês decidiram que iam adotar?
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– Rafael: Nós sempre tivermos a ideia de paternidade. Mas nossa rotina é um pouco bagunçada. Então a ideia de adoção surgiu e nosso pensamento estava alinhado em tudo. Aí fomos ver os procedimentos e tudo correu muito rápido.
– Razões: Vocês já imaginavam uma adoção tardia ou aconteceu?
– Rafael: Desde o início tínhamos em menta a adoção tardia. No início imaginamos um perfil entre 3 e 7 anos. Mas durante o curso obrigatório a assistente social comentou sobre a situação de um menino que estava para destituição, de 10 anos. Como a diferença era pequena para o que imaginávamos, encaramos o desafio.
– Razões: O que significa destituição?
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– Rafael: Quando a família biológica, por diversos motivos, deixa de ter a guarda da criança. Esta, então, é encaminhada a um abrigo onde se inicia o processo de adoção.
– Razões: O processo desde que vcs descobriram a historia dele, até ele ir pra vocês, demorou quanto tempo?
– Rafael: Estávamos no curso nos dias 20 e 21 de junho. No dia 21 a assistente falou sobre ele. No dia 22 fomos no fórum e no sábado, 23 tivemos o primeiro contato com ele. No final de semana seguinte ele já veio passar aqui em nossa casa.
– Razões: Como foi o primeiro contato com ele? Como ele reagiu? Como vocês reagiram?
– Rafael: De lá, ele veio em todos os finais de semana e nas férias. Aí a guarda (provisória, ainda) saiu na sexta feira agora. Mas ele já estava morando aqui desde que pegou férias em dezembro. No início começamos como padrinhos afetivos, até que ele se sentisse aberto a adoção.
– Razões: Pelo jeito então tudo foi correndo muito bem…
– Rafael: Foi muito natural. Ele é um menino de ouro. Deixamos as coisas acontecerem no tempo dele, sem forçar ou acelerar nada.
– Razões: E o texto, como surgiu a inspiração pra fazer o texto comparando o nascimento dele ao dia em que vcs estão com a guarda?
– Rafael: Eu sempre gostei muito de escrever e é a forma que eu me expresso melhor. Queria conseguir mostrar a gratidão e alegria que estávamos passando e também incentivar outras pessoas a passarem pela mesma experiência.
– Razões: O que vc diria para quem está pensando em adotar, e especificamente, uma adoção tardia?
– Rafael: A adoção é algo maravilhoso. Temos praticamente o mesmo número de pessoas com intenção de adotar e de crianças na fila de adoção. Esses números não se encontram exatamente por conta do perfil que geralmente são procurados. A adoção tardia vai exatamente contra essa maré. É uma atitude linda e que requer sensibilidade e amor como qualquer outra forma de paternidade.
Veja o post na íntegra:
Por conta da grande repercussão, eles fizeram um vídeo para tirar as dúvidas sobre a adoção, pois muitas e muitas pessoas se mostraram interessadas, vejam:
Crédito de capa: Jaqueline Festa Costa
Conteúdo com feito com exclusividade para o Razões para Acreditar
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