Motoqueiros socorrem cadeirante ilhada dentro do carro, clube de jazz acolhe 30 crianças por toda a madrugada, mulher leva de carona desconhecidos pra sua casa, amiga da amiga resgata crianças em ônibus… Confira estas e outras histórias de solidariedade.
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A chuva alagou o Rio de Janeiro e deixou um rastro de estragos e tragédias, mas trouxe também muitas histórias de solidariedade. Heróis, sem capa, que não mediram esforços para ajudar desconhecidos que passavam apuros nas enchentes.
Um grupo de motoqueiros, por exemplo, se deparou com Maria Paula Teperino, uma cadeirante que estava em seu carro, já parada em um posto de gasolina, e viu a água subir de repente ao seu redor, deixando-a ilhada, na altura do Parque dos Patins, na Lagoa.
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“Abri o vidro do meu carro e disse para um deles que estava ficando com medo de ficar ali dentro, que não andava e que, se entrasse água no carro, eu não teria como sair. Esse rapaz que é bombeiro e mais um outro disseram que, se a água subisse mais, eles me tirariam de dentro e me levariam pra loja de conveniência. Assim eles fizeram. Primeiro levaram a cadeira e depois me carregaram”, contou Maria Paula em suas redes sociais logo após a chuva.
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Ela passou a madrugada nesta loja e recebeu a ajuda de muita gente. “Por lá fiquei de 19h30 às 3h. Vi o melhor e o pior do ser humano. Como as pessoas mais humildes são solidárias, empáticas, e como a nossa ‘elite, branca” (da qual faço parte) pode ser mesquinha e babaca. Fiquei muito cansada, me sentindo impotente diante do descaso total para com a nossa população. Em nenhum momento fiquei desesperada. Me senti protegida pelo bombeiro, pelo entregador de pizza que me resgataram do carro. Por um casal do Méier que ficou comigo até eu poder sair e ainda me orientou a pegar a ciclovia e voltar pra casa pela praia. Pelo motorista de táxi, que me ajudou a passar por um lugar alagado para que eu usasse o banheiro”.
Ônibus com 30 crianças
A onda de solidariedade não ocorreu apenas ali naquele posto. Poucos metros adiante, no Lagoon, um ônibus com 30 crianças que iam para uma festinha de aniversário se viu preso no alagamento. Os pais do aniversariante saíram do ônibus com a turminha e todos buscaram abrigo debaixo do pilotis do Lagoon.
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“As crianças muito agitadas, algumas nervosas, várias molhadas, situação difícil de controlar. A brava mãe do aniversariante, Mari, fazia o que podia”, narra uma postagem que se espalhou nas redes sociais. Outros pais chegaram para tentar ajudar, a pé e de moto (porque pra filho se faz de tudo, né?).
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De acordo com a publicação, lá pelas 23h, vendo que a situação se arrastaria por muito mais tempo, o grupo tentou ajuda em um cinema, mas infelizmente não teve sucesso. Mas vamos falar de gente boa? No mesmo complexo, as crianças foram muito bem recebidas pelo Blue Note Rio, uma casa de Jazz e Blues.
Madrugada com show
“Daniel Sztajnberg abriu as portas da casa para que as crianças pudessem se acomodar nos sofás em um local mais fechado e protegido. Por volta de meia-noite e meia as crianças foram ao show da noite do Blue Note Rio, que perdurou até às 4h da manhã!”, contam pais na postagem.
Perto dali, outras crianças também estavam em apuros. No Jardim Botânico, o filho de Alessandra Bovoleta, de 11 anos, retornava pra casa no ônibus da escola quando o veículo ficou preso na enchente. Alessandra, de carro, estava na mesma situação: “A angústia era imensa porque pelo aplicativo eu via que ele tinha 1% de bateria, e o amigo dele já estava sem bateria”, contou a mãe ao Razões Para Acreditar.
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A sorte foi que a mãe do amigo do filho de Alessandra conhecia uma pessoa que morava perto de onde o ônibus da escola estava parado.
A mulher chamada Patrícia também estava presa no trânsito, mas conseguiu chegar em casa, ainda que tarde da noite. Mesmo exausta após um dia de trabalho e horas de engarrafamento, Patrícia não pensou duas vezes. Saiu de casa, debaixo da chuva, e foi resgatar o filho de Alessandra e o colega no ônibus da escola.
“Crianças que ela nunca viu, filhos de pessoas que ela não sabe quem são”, afirma Alessandra.
Carona e abrigo
Foi uma noite atípica no Rio: além do filho de Alessandra, outras pessoas acabaram dormindo na casa de desconhecidos e foram muito bem acolhidas. Um desses anjinhos foi Andrea Prado. Já de madrugada, no meio do caos causado pela tempestade, ela milagrosamente conseguiu um Uber quando a água baixou um pouco.
Diante de tantos olhares desesperados, convidou pessoas que acabara de conhecer a irem dormir em sua casa, em São Conrado. Salvou três delas de ficarem ao léu, contou a jornalista Lu Lacerda em seu site.
Em um dia tão difícil para a cidade, muita gente teve a chance de se sentir agradecida. Amanda Moscoso, moradora de Copacabana, foi uma delas.
E os anjos vieram também, imaginem só, de igrejas! O padre Omar, pároco da igreja de São José da Lagoa, decidiu abrir as portas do local para receber quem estivesse ilhado nas imediações da Lagoa. Cerca de 50 pessoas puderam passar a noite ali, abrigadas, e receber café e leite para varar a madrugada até que a água desse uma trégua, por volta de 5 horas da manhã de terça-feira (09).
E você, soube de alguma? Deixa no comentário! <3
Crédito de fotos: Reprodução
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