Em Haia, terceira cidade mais populosa da Holanda, a fé tem sido um instrumento de protesto e esperança. Isso porque os fiéis da Igreja de Betel, de denominação protestante, tem orado por um mês e três dias, sem interrupção, para evitar a deportação de uma família de nacionalidade armênia.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
A Constituição dos Países Baixos proíbe que a polícia entre em um templo enquanto houver um culto religioso em andamento; em função disso, 300 pastores de todas as vertentes protestantes da Holanda se revezam para impedir a prisão do casal Anousche e Sasun Tamrazyan, e seus três filhos.
Após ser ameaçado de morte por razões políticas, Sasun diz ter fugido na Armênia e se refugiado em território holandês. Sua família está no país há nove anos, no entanto, recebeu ordens do governo para voltar, já que a Armênia é agora considerada uma “nação segura” pelo governo sediado em Amsterdã. Sasun e sua família, no entanto, não acreditam nisso.
Leia Mais
Leia também: ONG recolhe milhas áreas para reunir famílias de refugiados
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Apesar de reivindicarem ao estado uma anistia para menores refugiados, tentando assim ficar no país, não obtiveram permissão oficial, mesmo invocando um artigo especial da Constituição que trata de “situações excepcionais” para refugiados.
Se a reivindicação fosse aceita, o benefício dos filhos (que são menores de idade) também se estenderia aos pais, e os problemas da família estariam resolvidos. Infelizmente, o governo holandês parece absolutamente indisposto a fazer isso.
“O futuro da família Tamrazyan não está na Holanda. Concluiu-se que eles não têm o direito de serem protegidos,” disse Mark Harbers, secretário de Estado do Asilo e Migração.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Mark Harbers, governista liberal de centro-direita, disse dois meses antes o mesmo sobre Howick e Lili, irmãos armênios de 13 e 12 anos, que há 10 anos moram na Holanda. O político havia decidido expulsá-los do país, alegando que a Armênia lhes receberia de braços abertos como cidadãos armênios. No entanto, devido a uma grande pressão da mídia e comoção social, mudou de ideia e os anistiou. A família Tamrazyan luta pelo mesmo destino para seus filhos: Seryan, 15 anos, Warduhi, 19, e Hayarpi, 21. O secretário de estado, no entanto, não dá o braço a torcer.
“Eu não entendo porque o nosso caso chegou ao Conselho de Estado, no momento em que poderíamos ficar. Chegaram a me dizer que se me encontrarem no trem ou na rua, me deportarão e a vida que levo terminará,” disse Hayarpi à uma TV holandesa.
O governo diz que existem cerca de 400 menores na mesma situação e que não pretende decretar uma anistia geral. Se as autoridades holandesas consideram que os solicitantes de asilo estão seguros em sua terra natal, então quer que eles voltem.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
A Constituição holandesa e os códigos complementares que regem a ordem do país respeitam os templos religiosos, mas rejeitam “abusos de norma”.
Theo Hettema, presidente do Conselho Geral Holandês dos Reverendos Protestantes, sabe disso melhor do ninguém. “Nenhuma igreja teria que escolher entre respeitar a dignidade humana ou a autoridade governamental,” disse ele.
Afinal, Theo Hetemma decidiu abrir as portas para a família Tamrazyan “pela fidelidade à hospitalidade eclesiástica”. O tempo que ele deseja ganhar até o Secretário de Estado decretar o visto de permanência da família armênia é apoiado por outros fatores, dentre eles a morosidade dos serviços de imigram, que costumar resolver com atrasos as solicitações de asilo devido ao corte de funcionários e orçamento promovidos pelo próprio governo.
Teoricamente, o pedido de asilo poderia ser resolvido em seis meses, mas devido às burocracias estatais, leva pelo menos um ano para ser efetivado. Além da burocracia, a demora para análises dos pedidos está diretamente ligada ao grande fluxo de refugiados sírios de 2015, até hoje não completamente solucionada.
Leia também: O que tiraria você de uma vida confortável para morar no maior campo de refugiados do mundo?
Ao receberam tantos pedidos de asilo, na casa das centenas de milhares, os departamentos de migração e fronteira do governo colapsaram.
“Cada caso deve ser avaliado com cuidado”, diz o departamento. Interessante notar que os atrasos de resposta do governo são multados e os solicitantes, bonificados. Em outubro, a Holanda teve que pagar mais de um milhão de euros (R$ 5 milhões) aos requerentes de asilos que não obtiveram resposta em tempo hábil.
Compartilhe o post com seus amigos!
- Siga o Razões no Instagram aqui.
- Inscreva-se em nosso canal no Youtube aqui.
- Curta o Razões no Facebook aqui.
Fonte: O Globo
Quer ver a sua pauta no Razões? Clique aqui e seja um colaborador do maior site de boas notícias do Brasil.