Mulher que nasceu com deficiência rara recebe transplante de orelha feita com impressão 3D

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Mulher que nasceu com deficiência rara recebe transplante de orelha feita com impressão 3D

Uma mulher de 20 anos que nasceu com uma deficiência em uma das orelhas recebeu um implante de orelha impresso em 3D feito de suas próprias células – uma novidade revolucionária dentro da Medicina.

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Especialistas independentes afirmam que o transplante bem-sucedido é um avanço impressionante no campo da engenharia de tecidos.

A nova orelha foi impressa “à imagem e semelhança” da orelha esquerda, que não tem qualquer deficiência. Quem liderou o esforço foi a 3DBio Therapeutics, uma empresa de medicina regenerativa com sede no Queens, em Nova York.

Mulher que nasceu com deficiência rara recebe transplante de orelha feita com impressão 3D
Foto: Andres Kudacki

Já o transplante foi realizado em março e é capaz de autoregenerar o tecido cartilaginoso, dando à ele a aparência de uma orelha natural.

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“É definitivamente um grande passo adiante”, disse Adam Feinberg, professor de engenharia biomédica e ciência e engenharia de materiais da Universidade Carnegie Mellon.

Adam, que não faz parte do 3DBio, é cofundador da FluidForm, uma empresa de medicina regenerativa que também usa impressão 3D. “Isso mostra que essa tecnologia não é mais um ‘se’, mas um ‘quando’ [se tornará algo corriqueiro dentro da Medicina]”, disse ele.

Os resultados da cirurgia reconstrutiva da mulher foram anunciados pelo 3DBio em um comunicado à imprensa e afirmou que os dados serão publicados em uma revista médica quando o estudo for concluído.

O ensaio clínico, que inclui 11 pacientes, ainda está em andamento, sob supervisão da equipe de engenheiros biomédicos. É possível que alguns dos transplantes falhem ou tragam complicações de saúde imprevistas. Mas como as células se originaram do próprio tecido do paciente, a nova orelha provavelmente não será rejeitada pelo corpo, disseram médicos e funcionários da empresa.

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Foto: Divulgação

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O sucesso da iniciativa, que vem sendo construída há 7 anos, é um dos vários avanços recentes na busca pela melhoria dos transplantes de órgãos e tecidos.

Em janeiro, cirurgiões em Maryland transplantaram o coração de um porco geneticamente modificado em um homem de 57 anos com doença cardíaca, prolongando sua vida em dois meses. Os cientistas também estão desenvolvendo técnicas para prolongar a vida útil dos órgãos doados para que não sejam desperdiçados.

A United Therapeutics, a empresa que forneceu o porco geneticamente modificado para o procedimento cardíaco, também está experimentando a impressão 3D para produzir pulmões para transplantes. E cientistas do Instituto de Tecnologia de Israel relataram em setembro do ano passado que haviam impresso uma rede de vasos sanguíneos, que seria necessária para fornecer sangue aos tecidos implantados.

Início de uma revolução

A paciente, que é do México, nasceu com microtia, um defeito congênito raro que faz com que a aurícula, ou parte externa do ouvido, seja pequena e malformada (também pode afetar a audição no ouvido).

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Com mais pesquisas, disseram os executivos da empresa, a tecnologia pode ser usada para fazer muitas outras peças de reposição do corpo, incluindo discos espinhais, narizes, meniscos do joelho e muito mais. Mais adiante, eles esperam que a impressão 3D poderia até produzir órgãos vitais muito mais complexos, como fígados, rins e pâncreas.

“Isso é muito emocionante, às vezes eu tenho que me controlar um pouco”, brincou o Dr. Arturo Bonilla, cirurgião pediátrico de reconstrução de orelha em San Antonio, nos EUA, que realizou a cirurgia de implante da mulher. “Se tudo correr como planejado, isso vai revolucionar a forma como os transplantes são feitos”, disse ele.

Mulher que nasceu com deficiência rara recebe transplante de orelha feita com impressão 3D
Foto: Sergio Flores

Engenharia a serviço da Medicina

A paciente que recebeu a nova orelha foi uma das primeiras a ter um transplante bem-sucedido como parte do ensaio clínico liderado pelo Dr. Bonilla.

Para tanto, o cirurgião removeu 0,5 gramas de cartilagem da orelha com microtia da mulher. Em seguida, fez uma varredura 3D de sua orelha saudável.

No passo seguinte, os condrócitos da paciente – células responsáveis ​​pela formação da cartilagem – foram isolados da amostra de tecido e cultivados no laboratório, proliferando-se em bilhões de células que geraram um novo órgão!

As células vivas foram então misturadas com a biotinta à base de colágeno da empresa, “como pedaços de chocolate misturados em sorvete de massa de biscoito”, de acordo com Nathaniel Bachrach, diretor científico da 3DBio.

Mulher que nasceu com deficiência rara recebe transplante de orelha feita com impressão 3D
Foto: Andres Kudacki

Por fim, o colágeno foi inserido através de uma seringa na bioimpressora 3-D especializada, moldando-se em uma pequena réplica espelhada do ouvido saudável do paciente. Todo o processo de impressão durou menos de 10 minutos.

Dias depois, o Dr. Bonilla implantou a orelha sob a pele da paciente, logo acima do maxilar. Quando a pele foi apertada ao redor do implante, surgiu a forma de uma orelha.

Implante contribui para melhora da autoestima

Nos EUA, cerca de 1.500 bebês nascidos a cada ano têm microtia ou uma condição relacionada, anotia, na qual todo o ouvido externo está ausente. O ensaio clínico até agora incluiu 11 voluntários, com idades entre 6 e 25 anos, que serão acompanhados por cinco anos para avaliar a segurança a longo prazo e os resultados estéticos.

Outra opção para reconstrução de microtia – que geralmente é feita enquanto os pacientes são jovens para que não sejam submetidos a bullying ou ridicularização quando começam a escola – requer cirurgia de internação para retirar cartilagem das costelas do paciente, que é então esculpida em uma forma aproximada de a orelha, disse o Dr. Bonilla.

Mas o novo procedimento pode ser feito em poucas horas e fora de um hospital. A 3DBio não especificou quanto cobraria pelo implante, mas uma porta-voz disse que o preço estaria de acordo com o custo do atual padrão de atendimento.

Mulher que nasceu com deficiência rara recebe transplante de orelha feita com impressão 3D
Foto: Andres Kudacki

Espera-se que com o passar dos anos, o custo da cirurgia caia consideravelmente.

“Sempre senti que todo o mundo com microtia estava esperando por uma tecnologia em que não precisaríamos ser invasivos e os pacientes se curariam de um dia para o outro”, disse Bonilla.

A paciente, Alexa, que pediu para ser identificada apenas pelo primeiro nome por questões de privacidade, disse estar empolgada com a nova orelha, apesar de ainda estar coberta por um curativo.

Embora muitas crianças com microtia sejam provocadas por seus colegas, o que pode levar à ansiedade, depressão e hostilidade, Alexa disse que nunca se incomodou muito com isso até a adolescência, quando se tornou mais autoconsciente sobre sua aparência.

Mulher que nasceu com deficiência rara recebe transplante de orelha feita com impressão 3D
Orelha criada usando a técnica de impressão com células da 3DBio — Foto: Divulgação

“Você se importa um pouco mais com sua imagem quando é adolescente”, disse ela. “Algumas pessoas disseram coisas que não foram pensadas, e isso começou a me incomodar.”

Alexa disse que aperfeiçoou a arte de cobrir a orelha direita usando o cabelo comprido e solto, e a maioria das pessoas nem sabia de sua deficiência. Mas agora, ela disse, está ansiosa para se divertir com seu cabelo, colocando-o de volta em tranças ou em um coque.

“Acho que minha autoestima vai aumentar muito”, concluiu.

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Fonte: GNN / ABC

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