A ideia era apenas contar a história da Juliana dos Santos, oitava colocada no ranking nacional feminino da Confederação Brasileira de Surf e campeã cearense feminino do Open 2020. Mas a jornalista Patrícia Calderón fez mais: está ajudando a mudar a vida da atleta que vive em pobreza extrema e passa por dificuldades.
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A Juju mora no Serviluz, periferia de Fortaleza (CE). A região, especialmente a praia do Titanzinho, é conhecida como o Havaí Cearense. Atrai surfistas do Brasil inteiro em busca das melhores ondas.
Foi ali, num cenário que mistura violência com ondas disputadíssimas, que Juliana, 21 anos, encontrou no surfe a oportunidade para superar a fome e a violência doméstica sofrida pela mãe, que é dependente química. O pai é envolvido com a criminalidade. A oportunidade surgiu através de um projeto social que ensina surfe a crianças do Titanzinho, que Patrícia foi conhecer para realizar a reportagem que citamos no início do texto.
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“Era pra ser mais uma pauta como tantas outras que a gente sai pra cobrir. A gente ia falar só sobre o projeto e eu vi nela um olhar tristonho. E ela falou assim: ‘Você quer tomar um café na minha casa? Você vai entender o que eu tô falando’. Foi quando eu conheci toda a realidade da Juliana” lembra Patrícia.
Surfista vive com irmã e avós em um cômodo de cinco metros quadrados
A jornalista conheceu de perto a dura realidade em que Juju, a irmã mais nova e seus avós vivem. Chegando ao endereço, Patrícia encontrou a avó da atleta, dona Francisca, de 69 anos, amassando latinhas em um beco da favela para ganhar alguns trocados.
“Aquilo me deu uma dor no coração. Vi que ela e todos os membros da família dividiam um cômodo de 5m². Tudo muito precário, saneamento básico zero, cheiro de esgoto muito forte, paredes emboloradas.”
Patrícia abriu a geladeira da família e encontrou apenas água e um pote de manteiga. De repente, uma barata gigantesca sobe na geladeira. A cena chocou tanto a jornalista, que Patrícia decidiu publicar um vídeo (veja abaixo) em suas redes sociais para mostrar como uma atleta que está no TOP-10 pode viver em condições tão precárias. Para você ter uma ideia, Juju dorme no chão e já ficou dias sem comer para os avós e a irmã poderem se alimentar.
“Aquilo era algo surreal na minha cabeça. E quando o vídeo começou a viralizar, eu tive a ideia da vaquinha”, conta.
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Doações para a casa nova
Patrícia criou uma vaquinha online para comprar uma casa para Juju e sua família viverem com dignidade. Surpreendentemente, 15 dias depois, a meta inicial havia sido batida. Atletas da elite do surfe, como o bicampeão mundial Gabriel Medina, ajudaram a divulgar a vaquinha.
“Fiquei muito feliz pela iniciativa da Patrícia de ter feito o vídeo e colocado na internet. E aí ela criou a vaquinha e a gente só teve fé. Graças a Deus, foi um sucesso! E assim, teve emoções dentro de mim que eu só queria viver, porque é um sonho meu desde pequena poder dar um lugar melhor pra minha família morar”, comemora Juju.
Com a repercussão da história, também apareceram empresários do ramo do surfe, educador físico e nutricionista dispostos a apoiar Juju com seu sonho de ser campeã brasileira profissional, disputar o Qualifying Series (QS) da WSL e chegar no circuito mundial.
Se sem patrocínio ela chegou tão longe, agora Juju está mais perto de tornar o seu sonho realidade – e ela vai conseguir, com certeza!
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“A Juliana tem um potencial muito grande. Ela só não chegou mais longe por conta de todas as adversidades. Acho que a mudança que está acontecendo vai levar ela pra muito mais longe”, acredita Patrícia.
“Eu tenho muita gratidão por Deus ter tocado a vida da Patrícia e a vida de tantas outras pessoas”, agradece a surfista profissional.
Juju também ganhou geladeira, fogão, micro-ondas e televisão para a casa nova, que também fica no Titanzinho. Logo, logo, Juju e a família irão se mudar (veja abaixo). Hoje, Juliana é só gratidão e espera inspirar meninas com histórias de vida parecidas com a sua.
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Escola Beneficente de Surf Titanzinho
Juju começou a surfar com 5 anos de idade com uma prancha de isopor. O talento para o surfe era evidente e o João Carlos, o Fera, fundador do projeto, logo percebeu.
Pela escolinha, já passaram nomes importantes do esporte, como Pablo Paulinho, campeão mundial Pro Júnior; Martins Bernardo, tricampeão cearense; e André Silva, campeão mirim, júnior e open cearense.
A disciplina é rígida: Fera não tolera atrasos e faltas e para participar do projeto o aluno precisa tirar boas notas na escola. Juju chama Fera de Tio, mas ele é como um pai para a atleta.
“O Tio Fera é como um pai pra mim. Ele que me orienta, dá conselhos. É um pai que está cuidando de mim. Tem um carinho enorme por mim e eu por ele”, afirma Juju, que em seu aniversário de 21 anos ganhou de presente do Tio Fera o cargo de instrutora do projeto.
Foi o melhor presente da sua vida, como ela mesmo disse à Patrícia. Agora, além de atleta profissional, Juju vai passar para a molecada tudo o que aprendeu. Sem dúvida, ela tem muito a ensinar ?
A Escola Beneficente de Surf Titanzinho, do Tio Fera, pode passar a atender ainda mais crianças e suas famílias com o nosso apoio. Clique aqui e faça a sua doação para que o local seja reformado e ganhe mais pranchas.
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