Dackson Mikael de Sousa Rodrigues é um exemplo de superação ao preconceito e paradigmas, ele se monta de drag e tem o nome bafônico de Chandelly Kidman.
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O jovem concilia sua vida nos palcos com um projeto social, em que leva alegria para crianças fazendo tratamento de câncer em um hospital do Piauí.
“É um projeto de realização pessoal, que alimenta o meu ser e me faz mais humano. Particularmente, dos projetos que eu estou ligado, é o que mais gosto porque é um projeto social, diferente de qualquer outro projeto artístico já visto. E não está nem um pouco ligado à arte de ser drag queen, que trabalha na noite, em festas e baladas”, disse em entrevista ao G1.
Um vez por mês, ele passa no Hospital São Marcos onde monta divertidas festas, onde pais, mães, funcionários, médicos, todos acabam se rendendo e cantam juntos.
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“Esse projeto significa muito tanto para mim quanto para as crianças porque isso acaba sendo uma extensão do tratamento que elas fazem no hospital. Era um desejo pessoal e eu não tinha noção do quanto era importante. Estou fazendo parte da vida dessas crianças e de alguma forma ajudo no tratamento. Com o projeto, eu reflito mais sobre o mundo por conta do poder dessa sutileza”, contou.
Ao todo, já foram 10 apresentações e quem recebe as visitas não quer mais ficar sem. Quem vê a felicidade das crianças, só quer mais e mais para elas.
Além disso, tem uma outra questão, claro!
“Tem também toda uma questão da quebra de paradigmas. Porque no imaginário das pessoas, o lugar de uma drag é na noite. A gente vive em um momento de caos em relação ao preconceito. E acho que quando eu levo uma drag para este ambiente, causa um questionamento político sobre LGBT, sobre gêneros. É preciso refletir”, disse.
Mikael, que também é bailarino, mora atualmente no bairro Dirceu, Zona Sudeste de Teresina.
Ele diz que o fato de ser engraçado, extrovertido e divertido sempre o ajudou muito. “Eu não sofri bullying na escola porque sempre coincidia de eu estudar com as mesmas pessoas. E também era muito popular, o mais engraçado, o mais danado e o mais divertido. E isso atraia as pessoas ao meu lado”, contou.
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Também conta que a transição para se assumir homossexual para ele mesmo foi bem natural. Porém, com a família nem tanto. “O meu maior desafio foi enfrentar a minha família porque eles não me aceitavam como gay, nem como drag. Essa transição da descoberta da minha homossexualidade na adolescência foi bem pesada. Porque na época minha mãe não sabia o que era e não sabia como lidar com isso. E foi um choque. Até porque era algo que eles não tinham conhecimento, sobre a homossexualidade. Tinha várias perguntas que ela não conseguia responder. Ela ficou muito confusa, mas com o tempo tudo se resolveu”, disse.
E sua vida como Chandelly Kidman mudou de vez após ganhar o título de melhor drag do país durante um dos concursos mais importantes do movimento artístico, o Brazilian Drag em 2014.
Desde então, Chandelly já se apresentou em festivais de danças e foi convidado para eventos em diversos Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e na terra natal, o Piauí.
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“Hoje eu procuro encontrar uma relação entre Mikael e a Chandelly. Mikael é bailarino, que trabalha com a dança contemporânea, dá aulas de danças para crianças e também dá aulas de drag queen. Já a Chandelly tem toda uma áurea de glamour, que entrou em um projeto social e também tem uma ligação muito forte com as crianças, mas os dois são diferentes, mas que podem se fundir e sair uma mistura boa”, disse.
Com a visibilidade, ela quer criar um movimento para desvincular esta imagem de que ser drag queen é apenas coisa da noite e de boates.
“As minhas participações no movimento LGBT sempre foram individuais e tímidas. Era uma espécie de militância particular, desvinculada de qualquer grupo. Estudava sobre, debatia, mas sempre de forma individual. Depois que o nome da Chandelly ganhou espaço, foi que eu comecei a militar com os grupos e apoiar de forma mais pública e coletiva a causa”, finaliza.
[Atualização]
Esse trabalho louvável agora é retratado na série de minidocumentários “Os Originais”, da Netflix. Criada para as redes sociais da Netflix, a série narra, em três episódios diferentes, a história de pessoas que representam diversidade e merecem reconhecimento. O segundo episódio de “Os Originais” conta a história inspiradora de Chandelly Kidman.
“São crianças muito sofridas, que precisam de muita fé, de muita esperança e de muito amor. E eu acho que você passa tudo isso”, diz o médico Joaquim Barbosa Neto para a drag queen.
Dá play no vídeo e acompanhe a série “Os Originais”:
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