Desde a adolescência, Karen Affonso Arruda, de Lençóis Paulista (SP), sonhava trabalhar no ramo da indústria e da soldagem, nichos historicamente dominados por homens.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Com paixão e muita força de vontade, a jovem alcançou posições de destaque neste mercado de trabalho, abrindo portas para outras depois dela.
Em entrevista ao portal Solutudo, Karen, 32 anos, disse que se descobriu profissionalmente aos 16, quando decidiu ingressar na Escola Senai de Lençóis Paulista, onde cursou Desenho Técnico Industrial e Soldagem de Manutenção, entre outros.
Leia Mais
“Eu não tive nenhuma inspiração ou referência, foi apenas uma paixão intensa que nem sei de onde veio! Quando vi já tinha feito vários cursos, até Mecânico Industrial e Montador de Andaimes!”, contou.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Entre um curso e outro, Karen teve sua primeira grande certeza na vida: queria ser uma soldadora.
Dificuldade de arranjar trabalho
Infelizmente, sabemos da realidade hostil que as mulheres precisam enfrentar quando optam por ingressar em ramos do trabalho fortemente dominados por homens, como o industrial.
Existe um machismo estrutural dentro de muitas empresas, provável razão pela qual Karen teve tanta dificuldade pra arranjar um emprego – mesmo depois de formada.
Tanto que seu primeiro trabalho, em 2007, foi ajudando um rapaz na montagem de portões, sem ganhar nada por isso. “Eu fui trabalhar de graça para aprender o serviço. Não foi nada fácil, mas não desisti”, relembra.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Com o passar do tempo, Karen continuou fazendo pequenos serviços até tomar conhecimento de uma “mega obra”, da maior fábrica de celulose do planeta.
Centenas de postos de trabalho foram abertos para a construção da fábrica – e a nossa soldadora logo foi atrás da oportunidade e se candidatou para uma vaga.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
“Eu fui até a empresa Irmãos Passaúra e me candidatei, porém não entrei para a vaga que era meu objetivo, mas sim como Auxiliar de Serviços Gerais”, lamentou.
Era a oportunidade certa, mas na carreira errada: como Auxiliar de Serviços Gerais, ela fazia a manutenção do local, como limpar banheiros, varrer os departamentos e cuidar da área externa da fábrica.
Ali, trabalhando todos os dias, Karen decidiu se arriscar.
Em busca do sonho
Certo dia, a jovem pediu para alguns soldadores da fábrica que a ensinassem durante seu horário de almoço. Surpreendentemente, eles toparam na hora!
“Fiquei intimidada no início… As pessoas falam com muito preconceito quando falam dos ’Peões’ de obra, principalmente quando sabem que muitos de lá são nordestinos que vieram em busca de uma oportunidade de vida. Porém eu fui muito bem recebida por todos!”, disse.
Aos poucos, Karen desbravou um novo mundo e descobriu técnicas que nunca havia visto. De quebra, conquistou o respeito e admiração de todos os funcionários do local.
Não demorou muito para ser querida pelos soldadores, que a apelidaram carinhosamente de “Chaveirinho”. Ao final, após três meses sacrificando seu horário de almoço, Karen atingiu seu objetivo: uma oportunidade de trabalhar como soldadora.
O setor de contratação da fábrica fez um teste com a jovem, que passou sem maiores problemas e recebeu a promoção. Assim, Karen se tornou a primeira mulher no projeto diretamente ligada à mão de obra.
“Haviam outras mulheres na empresa, porém nenhuma na obra em si. Todas como encarregadas, técnicas de segurança, engenheiras, então eu fui a primeira “Peoa” hahaha!”, brincou.
Inspiração
Infelizmente, em uma fábrica com milhares de operários (homens) o preconceito e olhares tortos aconteciam de vez em quando. Mas nada que a abalasse: seu empenho e dedicação superavam tudo!
“Me diziam que era um serviço sujo, que outros operários agiriam com segundas intenções comigo. Porém na prática era o contrário. Fui tratada com muito respeito lá dentro, por cada um que trabalhei junto, e era valorizada por meu trabalho, viam meu esforço. Olhando hoje, todo esforço e toda lágrima valeu muito a pena”, disse Karen.
E é inspirador constatar que o caminho trilhado pela soldadora incentivou outras mulheres a buscarem seu sonho no ramo da indústria e soldagem: hoje, há mais trabalhadoras diretamente ligadas ao ramo industrial do que há quinze anos.
Planos para o futuro
Atualmente, Karen presta serviços na JAN Soldagens Industriais, onde também é a primeira mulher soldadora.
Em breve, ela espera atuar na ampliação da Usina São José, com um bônus: agora, será ela quem estenderá as mãos!
“Não sei tudo ainda, e estou aprendendo novas técnicas, mas o pouco que eu sei quero passar adiante. Sei que vou ajudar e apoiar o sonho de alguém e vou dar todo o incentivo, assim como os soldadores dos lugares que passei me deram!”, disse.
No médio prazo, a soldadora sonha tornar-se a primeira Encarregada de Solda na empresa que trabalha, e quem sabe, em toda a região paulista.
Karen, você é um baita exemplo de dedicação e referência para as mulheres do nosso Brasil! ❤️
Assista como foi, na íntegra, o I Prêmio Razões Para Acreditar!
Fonte: Solutudo
Fotos: Arquivo pessoal / Karen Affonso Arruda
Quer ver a sua pauta no Razões? Clique aqui e seja um colaborador do maior site de boas notícias do Brasil.