Jovem se torna médico com ajuda de livros encontrados no lixo e em paradas de ônibus

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Existem pessoas com tanta vontade de vencer na vida de forma correta, que mesmo diante dos maiores obstáculos consegue encontrar saída e tornar-se vencedor. É o caso de Cícero Pereira Batista, 33 anos, que comemora – merecidamente, o diploma de médico conquistados graças à sua obstinação, como ele mesmo define.

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Ele cresceu em Brasília, em uma área com altos índices de violência junto com mais 20 irmãos, ele perdeu o pai quando tinha apenas 3 anos e sua mãe entrou para o mundo do alcoolismo pra tentar fugir das dificuldades que apareciam a todo tempo, e seu irmão mais velho passou a traficar e usar drogas.

Diante de grandes dificuldades, ele teve que procurar meios para sua subsistência, procurando no lixo algo para comer e alimentar seus irmãos:

“Eu tinha que chafurdar no lixo para encontrar comida. E muitas vezes encontrava pedaço de carne podre, iogurte vencido, resto de comida que ninguém queria. Era aquilo que me alimentava. E no meio do lixo surgiu a minha oportunidade de uma vida melhor.”

Em meio ao lixo, Cícero encontrava livros e vinis velhos, que passaram então a ser seu refúgio e oportunidade de fugir um pouco de sua triste realidade, onde passou a ler tudo que achava e a escutar os vinis na casa de um vizinho – Bethoven e Bach foram suas grandes inspirações.

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Sua irmã resolveu matriculá-lo em uma escola pública, onde conseguiu com ajuda de amigos e professores chegar ao ensino técnico, logo depois decidiu fazer o curso técnico de enfermagem e passou em segundo lugar na seleção feita pelo Cespe, banca que integra a UnB (Universidade de Brasília).

Ao concluir o curso logo veio a primeira vitória. Foi aprovado no concurso da Secretaria de Saúde para técnico em enfermagem e passou a trabalhar no HRT (Hospital Regional de Taguatinga). Mas ainda era pouco para quem estava acostumado com tanta dificuldade. Então ele buscou o que já procurava desde a infância. Passou para o vestibular de medicina em uma faculdade particular de Araguari.

Cícero estudava de segunda a sexta-feira e aos fins de semana tirava plantão de 40 horas no HRT. Não tinha outro jeito. Acabava perdendo as aulas da manhã de segunda, mas tinha a ajuda dos professores. O salário que recebia ia todo para o pagamento da mensalidade. Sobrevivia de doação e da própria determinação.

Como a rotina estava muito difícil, Cícero decidiu fazer o Enem e tirou nota suficiente para lhe garantir uma bolsa de estudos em uma faculdade particular do DF. Passou a estudar medicina no Gama onde enfrentou o preconceito racial e a rotina de estudos. Mas para quem trazia cicatrizes da infância, ser vítima de preconceito era apenas mais uma etapa a ser vencida.

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“Eu nunca pensei em desistir. Meus companheiros sempre foram os livros e a música clássica me dava leveza de espírito para seguir em frente. Eu pensava que se Beethoven se tornou um dos grandes compositores da história eu também poderia me tornar um bom médico.”

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E sua forma otimista de levar a vida deu certo. No dia 6 de junho deste ano, o ex-catador de lixo tornou-se médico. Hoje faz questão de contar a própria história no lugar onde tudo começou. A casa ainda sem nenhum conforto é o lugar que abriga a mãe e os livros achados no lixo e nas paradas de ônibus. Os planos agora são outros, mas sempre focados em dias melhores.

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Eu quero justificar a confiança que meus professores e meus amigos depositaram em mim. Por isso estou focado em me tornar um bom médico, dar uma vida melhor para minha mãe e depois me especializar em psiquiatria ou pediatria. Mas ainda penso estudar Direito, quem sabe.

Alguém duvida?

Leia a matéria na íntegra aqui.

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7 COMMENTS

  1. Discordo de você Camila. Não haveria miséria no mundo se houve a distribuição de renda igual p/ todos e politicas publicas que funcionassem na pratica, políticos corruptos e menos pessoas com seu pensamento.

  2. As pessoas acham que o pobre é pobre porque quer. Ele simplesmente nasceu num lugar difícil, não teve sorte, poderia ter
    sido com qualquer um, inclusive muitos que reclamam de uma ajuda mensal de 80 reais. Auxílios-família existem na Europa. Mas o brasileiro acha que receber ajuda é injusto. Reclamam de toda e qualquer iniciativa para a pobreza, dizendo que é populista. E se fosse com você… Você nascer num barraco, com 20 irmãos, sua mãe bebendo, o tráfico ali. É a
    realidade de muitos da periferia, e a realidade da mulher na periferia é ainda pior. Ele poderia ter menos amor pela erudição e cedido às dificuldades como a maioria, ter
    sido um traficante, ladrão e estaria aí roubando todos os dias ou matando por 10 reais. Na
    hora que estava tentando dar mais dignidade à própria vida, só encontrou preconceito novamente dos que não querem ver a pobreza e não querem aceitar um pobre e mulato crescer. Como se ainda estivéssemos no século 19. Nós precisamos de mais segurança nas ruas, precisamos olhar para a periferia e deixar pessoas como Cícero, agora o médico Cícero, crescerem.
    Acorda, Brasil.

    • concordo com você, eu nasci há 5 décadas atras de família muito pobre mas honrada e pais trabalhadores. mas não era fácil para eles criarem 6 filhos com a pouca renda que adquiriam. Com 12 anos tive que parar de estudar e trabalhar para ajudar a família, o que era comum e normal acontecer nas famílias mais carentes. Somente depois de adulta, casada e independente, tive condições de retornar à escola. Hoje eu penso que se houvesse na época alguma ajuda de governos, como o Bolsa Família, nossa vida teria sido mais fácil e talvez não nos faltasse muitas vezes uma roupa ou um calçado mais quente. Por isso eu vejo sempre como bem vindas iniciativas que ajudem os mais necessitados, quem é contra é porque essa ajuda nunca lhes fez falta.

  3. E de emoção eu chorei… São histórias de brasileiros como Cícero que me fazem ter orgulho de ser brasileiro. Não porque a merda do futebol tem 5 estrelas!!

    Cícero, brasileiro, batalhador. Você sim deve ser um dos ídolos desse país!

  4. Concordo com você Camila. Uma grande vencedor!!
    Essa história é linda e inspiradora. Não devemos esperar que os outros mudem, temos que mudar a nós mesmos. Há sempre um dia em que os “outros” somos nós.

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