Por Gabriel Oliveira da Silva
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Eu nasci em 13 de setembro de 1996. Filho único da Ana Rosa e do Manoel. Aos 3 anos de idade meus pais se separaram e passei a morar com a minha mãe em uma ocupação na Piraporinha, zona sul de São Paulo.
Minha mãe fazia bicos como cobradora de ônibus e com a retomada do terreno da invasão pela Prefeitura, passamos a morar de favor em casas de conhecidos. Ficávamos um pequeno período de tempo em cada lugar. Geralmente em lugares perigosos, exposto a todos os riscos de uma criança em estado de vulnerabilidade social. Aos 5 anos pedia esmola, com a minha mãe, no terminal Santo Amaro.
Depois de um tempo fomos morar no Jardim Vera Cruz. Eu não tinha muitos amigos, só os cachorros, eram três. Um deles apareceu um dia na rua do bairro e passamos o dia todo conversando, contei minha vida inteira pra ele, que gostou da minha história e me seguia pra todo lugar. Alguns dias depois apareceu o dono. Apesar do reencontro com, Bingo escolheu morar comigo. Foi a primeira vez que eu fui escolhido. Ele me aceitou. Eu tinha 6 anos e ele virou o meu quarto cachorro.
Leia Mais
Foi também aos 6 anos de idade que perdi minha mãe, ela tinha apenas 31 anos. Fui morar com meu pai, voltei para a Piraporinha. Até então eu só convivia com ele aos finais de semana, por decisão do conselho tutelar. Desde aquela época ele trabalha como promotor de vendas. Um homem simples e honesto. Estudou até a quinta série do ensino fundamental.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Por falar em escola, eu lembro que no primeiro ano eu era um dos piores alunos da minha sala. Meu pai foi em uma reunião escolar e conversou comigo, me explicou que eu precisava mudar, precisava fazer algo por mim. A minha mudança começou naquele momento.
Mudamos para o centro de São Paulo, para a baixada do Glicério.
Quando terminei o ensino médio precisava procurar um emprego, mas não conseguia uma oportunidade. Andando pelas ruas do bairro eu vi uma propaganda falando sobre uma instituição que estava com inscrições abertas para um curso profissionalizante. Nem sabia o que era aquilo, mas fui com o meu pai até lá.
Passei por uma entrevista e pensei que não seria chamado para fazer o curso. Fiquei surpreso quando me chamaram, foi o segundo momento na vida em que me senti escolhido. A primeira vez com o Bingo e a segunda vez pelo Instituto Ser +.
Naquela época eu era uma pessoa muito fechada, concentrada apenas nos estudos, no meu mundo particular. Eu não tinha amigos, agora nem mais os cachorros. Eu lia muito e ouvia música clássica. Descobri a música clássica prestando atenção nas trilhas sonoras dos jogos de vídeo game, que era o meu amigo inseparável.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Fiz três cursos profissionalizantes: Conexão Direta, curso de Técnicas de Atendimento e Informática Básica; Conexões Digitais, que tem como objetivo aprofundar os conceitos sobre tecnologia da informação e mídia digital e o Conexão Farma, um curso de atendimento ao público em farmácia. Mais do que o conhecimento em áreas específicas, foi nesse tempo que eu comecei a me relacionar mais com as pessoas. Fiz amigos, criei vínculos e passei a me comunicar melhor.
Em março de 2015 recebi uma ligação falando sobre a oportunidade de me tornar um Jovem Aprendiz em uma das principais operadoras de celular do Brasil, com mediação do Instituto Ser +. Fiz o processo seletivo, eram em torno de 40 concorrentes, fui escolhido pela terceira vez na vida e conquistei a vaga. Estou lá até hoje, no prédio mais bonito que eu já entrei na minha vida.
Tenho 19 anos. Desenvolvi sonhos, comecei a acreditar em mim. Quando eu era criança eu não pensava no que queria ser quando crescer. No final do ano passado prestei vestibular para Psicologia, quero estudar a cabeça e o comportamento do ser humano, seguir a área de psicologia comportamental.
Com uma boa posição no vestibular, conquistei uma bolsa de estudos de 50% em uma universidade particular aqui em São Paulo. Quando contei pro meu pai ele pulava de alegria, dentro do meu peito meu coração também estava saltitante.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Meu primeiro dia de aula foi incrível. Comecei neste semestre. Fui parar numa sala errada porque tinha um aluno com mesmo nome e sobrenome que o meu. Foi engraçado. Quando cheguei na minha sala estava acontecendo a apresentação dos alunos, me apresentei. Estou me comunicando mais com as pessoas, me sentindo parte do grupo. Esses dias uma turma da faculdade veio conversar comigo, eles sabem quem eu sou, as coisas que eu gosto, fui aceito – pela quarta vez na vida. Parece que daqui pra frente vai ser assim.
Para algumas pessoas são conquistas irrelevantes, pra mim é o descobrimento do meu mundo. Descobri que eu posso ser o que eu quiser ser. Posso escolher, posso ser escolhido. Eu tenho uma filosofia de vida que me fez enxergar a vida de forma diferente. É preciso sonhar e depois não desistir dos seus sonhos. Não importa a dificuldade que tenha vivido no passado, não importa a dificuldade que apareça no caminho, é preciso se manter firme porque sempre dá para superar e escrever uma nova história.
Gabriel Oliveira da Silva é aluno do Instituto Ser +, Jovem Aprendiz da Nextel e aluno do primeiro semestre de Psicologia na Universidade São Judas.
Quer ver a sua pauta no Razões? Clique aqui e seja um colaborador do maior site de boas notícias do Brasil.