“Para as pessoas preconceituosas eu digo, nós sempre vamos resistir, sempre!“. Assim começa o relato de Emery Khoury de Jesus Santos, jovem trans que sonha cursar Medicina na Argentina.
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Em 2019, ela fez parte da equipe do Centro Cultural de São Paulo – sendo a primeira funcionária transexual negra a trabalhar na repartição pública.
Uma vida de trabalho e estudo
Emery pode ser jovem, mas é uma mulher cheia de experiências, desde a infância: aos 11, trabalhava entregando anúncios de venda de apartamento. “Eu conseguia mais ou menos uns 40 reais por final de semana”, ela conta.
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Aos 13, fez um curso de panificação e entrou no seu ‘primeiro emprego de verdade’.
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“Eu era de auxiliar de panificação em uma padaria que doava pães para o orfanato. Então era isso. Dava uma fugida do orfanato para ganhar algum dinheiro e aí eu chegava ao orfanato e conseguia comprar o lanche da escola. Aí me perguntavam: “como você tem dinheiro?”. Teve um dia que a minha tia passou na avenida e me viu panfletando. Ela disse que ia denunciar a empresa para a qual eu estava trabalhando porque eu era muito nova para fazer isso”, relatou Emery.
Na padaria, ela ganhava mais de um salário mínimo e com ele podia ajudar o orfanato. “Eu comprava meus próprios produtos de higiene e não dependia dos meus padrinhos”, relembra.
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Durante o ensino médio, fez um curso técnico de administração. Logo depois, entrou na faculdade de Direito. “Consegui a bolsa para essa graduação por meio de um programa chamado EDUCAFRO, que tem aqui na Sé. Morei na Casa 1, que é um projeto que acolhe LGBTs em situação de rua, e foi graças a essa participação que tive a oportunidade de trabalhar aqui. Como não tive quase nenhum auxílio familiar, eu tive que fazer tudo sozinha para conseguir ter um lugar só meu”, contou a jovem.
Entretanto, a estadia no curso não demorou muito. Nos anos seguintes, conseguiu viajar para a Noruega, onde fez curso de babá e trabalhou por dois anos. Retornou ao Brasil e ainda fez um curso técnico de enfermagem. Haja disposição, hein?! ?
Nesse meio-tempo, descobriu o amor pela Medicina.
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“Quero poder salvar vidas assim como aqueles que me aceitaram e salvaram a minha… Tive apoio da Educafro, da Casa 1, e da maravilhosa Paula Raia (empresária do setor de moda), que me ajudou demais! Ela disse que ia me ajudar a conseguir uma bolsa em medicina, e na mesma hora pedi demissão do meu emprego de secretária para correr atrás desse meu sonho”, explicou Emery.
Traumas passados
O gosto em estudar, aprender e trabalhar talvez seja a ‘válvula de escape’, isto é, um modo de escapar da turbulenta e traumática vida que ela vivia quando criança.
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“Vivi minha infância e adolescência no orfanato, fugindo do meu pai. Ele me amarrava, me espancava, e muitas vezes até trancava o armário de comida para eu passar fome. Perdi as contas de quantas vezes fui roxa pra escolinha”, relembrou.
A luta de Emery persiste a cada dia, para que as gerações futuras não passem pelas coisas que ela mesma passou. “Foi só após a ajuda de vários psicólogos que eu me reconheci como uma mulher trans e finalmente pude me assumir! O começo nunca é fácil, e você vai ter que engolir muita coisa até começar a ser aceita. Agora eu estou determinada a seguir meu sonho de ser uma médica trans!”.
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Um futuro cheio de possibilidades
E Emery não para… Ela já aprendeu inglês, espanhol e até mesmo norueguês enquanto cursava faculdade em Bragança (SP). “Infelizmente, tive que trancar porque acabou todo meu dinheiro… Agora meu objetivo é outro”.
A futura médica planeja ingressar em Medicina na melhor instituição pública de ensino superior da Argentina. “Vou arrasar em todas as provas e me formar na melhor faculdade pública de lá! A Paula já me ajudou com toda a minha documentação e com todas as burocracias, agora só falta juntar o dinheiro para cobrir meu aluguel e alimentação”, explicou.
Para isso, Emery fez uma vaquinha virtual para ajudá-la na conquista do seu sonho. O objetivo é arrecadar R$ 10 mil. Até esta sexta-feira (2), um terço da meta já foi alcançada. Você pode contribuir também clicando aqui.
Fotos: Reprodução / Facebook: @spinvisivel
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