Em fevereiro de 2019, o pianista e maestro João Carlos Martins, reconhecido mundialmente como um dos grandes nomes da música clássica, anunciou sua despedida dos pianos por conta de um problema de saúde que limitou a movimentação de suas mãos.
No entanto, quase um ano depois, o pianista voltou a tocar em público no sábado (25), durante as comemorações do aniversário de 466 anos de São Paulo (SP).
Isso foi possível graças a uma luva biônica desenvolvida por um designer industrial de Sumaré (SP), que trouxe de volta o movimento de todos os dedos do músico, permitindo que ele tocasse novamente.
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De volta ao jogo
“É a primeira vez em 22 anos que eu coloco os dez dedos no teclado. Eu senti que o grande segredo na vida é levar o seu coração para o coração do público. Eu achei que mesmo com todas as limitações que eu tenho e com o milagre que o Bira fez nas minhas mãos, com essa luva biônica, eu ainda posso transmitir um pouco de emoção. E isso mexeu com meu coração, com meu cérebro, com tudo”, disse o maestro em entrevista à EPTV.
João Carlos Martins, que neste ano completa 80 anos, se reencontrou com o instrumento que o consagrou no Teatro Municipal de São Paulo.
Ao lado da Orquestra Bachiana Filarmônica do Sesi, tocou obras dos compositores alemães Ludwig van Beethoven e Johann Sebastian Bach.
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Feliz por estar de volta, o pianista conta que está ‘em êxtase‘ por ter conseguido tocar normalmente. João ainda passa por um período de adaptação com a luva biônica, que já está na sexta versão.
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“Eu só podia tocar com dois polegares. Agora, eu tenho que reeducar o cérebro, acho que eu posso até recuperar a velocidade no futuro. Pode demorar um ano ou cinco anos, não sei, porque é uma musculatura que nunca usou esse terceiro, o quarto e o quinto dedo. Eu acho que eu vou recuperar a velocidade em um estudo, mas não tenho coragem de fazer em público. Em público vou fazer só coisas mais lentas por enquanto”, explicou.
João Carlos Martins conheceu o designer industrial Ubiratan Bizarro Costa, 55 anos, no ano passado.
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Luvas biônicas são feitas de forma artesanal
“Quando ele almoçou aqui em casa, eu percebi que eu estava diante de um gênio. Aí ele fez o primeiro protótipo, fez o segundo protótipo, eu fui para Sumaré, nós corrigimos o segundo protótipo. Qualquer coisa que eu pedia, ele ficava uma madrugada inteira trabalhando para chegar ao resultado que eu queria. Então eu só posso dizer que eu ganhei um anjo da guarda antes dos meus 80 anos“, afirmou o maestro.
As luvas biônicas se destacam por seu design minimalista, simples e objetivo, facilitando seu uso. No caso de João, suas mãos que antes fechavam após os movimentos, agora ficam estendidas com uso do invento, que funciona como molas para gerar o efeito esperado.
Para construir a luva, feita de forma artesanal, Ubiratan leva uma semana. Cada par custa cerca de R$ 1,5 mil. É feito um desenho à mão elaborado em 3D, que passa por um software que constrói a luva em camadas. Em seguida, ela é impressa, em até 3 horas.
Agora se sentindo mais seguro por ter usado as luvas em público, João Carlos Martins deseja aprimorar o uso delas para tocar “coisas mais rápidas”.
Em breve, ele fará um concerto no icônico Carnegie Hall, em Nova York, ao lado de Gal Costa, para comemorar os seus 80 anos de vida, em 25 de junho.
“Eu chegava a fazer 21 notas por segundo. Agora faço a cada 21 segundos uma nota, mas eu vou chegar lá. Porque a única coisa que vale na vida é a palavra esperança. E com a esperança você sempre pode provar que Deus existe e essa é a minha meta”, contou o maestro, que chegou a fazer 24 cirurgias.
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Fonte: G1/Fotos: Fernando Pacífico/G1 Campinas