“Um amor roxo?” É assim que Felipe Bezerra descreve a relação com a esposa Maria Cristina Freitas. Tudo parecia um sonho, desde o casamento à gravidez do primeiro filho. Até que o dia mais festejado do casal se tornou o mais doloroso da vida.
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Os dois eram apaixonados desde a adolescência, começaram a namorar assim que se tornaram adultos e noivaram em frente ao castelo da Disney. A lua de mel foi nas Ilhas Maldivas. “Estávamos vivendo um Conto de Fadas”, relembra Felipe.
Tudo era perfeito e a gestação do pequeno Antônio iria coroar essa relação tão bonita e cheia de cumplicidade e companheirismo. “Choramos e comemoramos muito”. Mas os capítulos seguintes desse conto maravilhoso seriam muito duros.
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O casal realizou todo o pré-natal, fez todos os exames, acompanhamentos e estava tudo muito bem com a gestação. No tão esperado dia, Kiki sentiu as primeiras contrações e foi para a maternidade sem nenhuma complicação. Foi nesse instante que aquele castelo de sonhos começou a ruir.
Kiki se sentiu mal e a equipe precisou fazer o parto às pressas. “Nosso filhinho, aparentemente, ficou em sofrimento e foi retirado com o auxílio de um vácuo extrator. Ele nasceu sem batimentos cardíacos e foi reanimado, bem próximo da gente”, relembra.
Após o parto, Maria Cristina seguiu passando mal. “Eu presenciei tudo, pois estava junto da Minha Kikizinha a todo momento, segurando sua mão, dando beijos e dizendo que a amava muito”, conta.
A maternidade não tinha UTI. Felipe foi retirado da sala para que os profissionais tentassem salvar a vida de sua esposa e, após 30 minutos tentando reanimá-la, a equipe dava a Felipe a notícia mais impactante da sua vida: a sua esposa não tinha resistido.
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“Chorei de desespero no corredor. Meu mundo desabou! Quantas vezes falei para ela que não conseguiria viver sem ela e agora essa seria minha nova trágica realidade”.
Não bastasse a perda da esposa, cinco dias depois o pequeno Toninho não resistiu e também morreu. “Infelizmente nosso anjinho também não resistiu e foi para os braços da sua mãezinha”.
Felipe reencontrou forças e sentido para recomeçar a vida no amor pela esposa
Os primeiros quinze dias não foram fáceis e até hoje ainda continua difícil. “Dizem que com o tempo a dor diminui, mas a verdade é que a gente apenas aprende a se adaptar a eterna dor”, avaliou Felipe.
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Mas depois de um tempo, ele percebeu que precisava seguir e encontrou inspiração na esposa e no filho. “Tentei criar novos sentidos para minha vida e o maior deles foi honrar o legado da minha esposa, o nosso amor roxo e o fruto desse amor”.
Foi assim que surgiu a música e o clipe em homenagem a Kiki, a sua Kikizinha Ossi Mamãe, como ele diz.
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Veja a letra!
AMOR ROXO ?
Antes do primeiro beijo
já tava até sem jeito
Apaixonado pelo teu
Riso doce
Hummmm
E depois que eu provei
do sorriso o sabor
Mil aventuras, teu calor
Amor roxo
Hummmm
Canto pra você meu conto de fadas
Minha conexão de almas
Da vida você não é a melhor parte
Você é minha vida inteira
Dengo, eu preciso agradecer
Quem me ensinou o amor
eterno e roxo foi você
Meu Céu, espera eu chego já
Você sempre falou
que eu sou o amor das suas vidas
Chego já
Dengo, que me inspira a viver
Minha Kikizinha
O amor roxo é você
Tonino, espera eu chego já
Painho quer brincar
Com a encomenda da sua vida
Chego já
Associação para crianças carentes em homenagem a Kiki
Além do clipe, Felipe também ajuda fomentar uma associação que leva o nome da sua esposa. Kiki era coordenadora do curso de Odontologia e coordenadora do curso de Radiologia no Centro Universitário UniFacid, em Teresina. Ela fez mestrado e doutorado na USP.
A professora orientadora de Maria Cristina, Dra. Fidela Navarro, criou a Associação Kiki Freitas em lembrança a ex-aluna. O objetivo da ONG é transformar escolas públicas abandonadas, sem verbas e políticas públicas, em Escolas Promotoras de Saúde, prestando atendimentos gratuitos para as crianças carentes. O projeto já está sendo implantado pela Profa. Fidela em duas escolas públicas de Bauru-SP.
“É a pessoa mais incrível que já conheci! Com ela aprendi a ser muito mais humano, humilde e levar a vida com toda firmeza, alegria e leveza que se pode ter. Desejei então focar em transformar minha dor em mais amor, acalentando corações e inspirando pessoas. Outra forma de tentar orgulhá-los será buscando ajudar a fomentar a Associação Kiki Freitas e também instituições beneficentes”, disse Felipe.
O roteiro dessa história de amor não teve o destino que todos queriam, mas as pessoas que amavam Kiki estão transformando esse enredo em um novo conto cheio de amor.
Veja o relato completo do marido e tente não se emocionar :
Eu me apaixonei pela Maria Cristina Freitas, a Kiki, quando a conheci aos treze anos e essa paixão platônica permaneceu guardadinha por 21 anos, até a noite de sábado de 23 de setembro de 2017, quando fui deixá-la em casa após um barzinho com amigos em comum.
A intenção era roubar aquele beijinho na despedida, mas ela, como sempre, foi quem mandou na situação e me roubou o beijo primeiro.
Após vários beijos, ficamos no carro conversando e nos conhecendo melhor até o dia amanhecer.
Saí do condomínio me sentindo idiota por ter me apaixonado mais intensamente por ela ainda no primeiro encontro.
No dia seguinte, nós fomos comer sushi e não nos desgrudamos mais. Todos os dias dávamos um jeitinho de nos encontrar.
Já no primeiro mês eu disse que a amava, uma semana depois ela disse que me amava. Tudo MUITO INTENSO!
Os amigos logo brincaram: “eita que aí é AMOR ROXO demais, viu!?” E assim surgiu a cor do nosso amor.
Por mim, casaria no mês seguinte, mas como seria para sempre, preferi seguir o protocolo de um ano namorando e um ano noivo para a família dela me conhecer melhor.
Um ano depois e o pedido de casamento aconteceu em frente ao Castelo da Disney.
O pedido veio seguido de um vídeo contando nossa história de amor e com depoimentos de familiares e amigos que não puderam viajar para participar desse momento tão especial.
Após o pedido, hora de organizar nosso #casamentokilipe e a moradia do futuro lar. Tudo sempre com muita leveza, companheirismo, ternura e amor roxo.
Dia 28 de setembro de 2019 foi, sem dúvidas, o dia mais feliz das nossas vidas. Para todos que presenciaram foi unânime: o casamento mais lindo e com sintonia que se poderia ter!
Na lua de mel fomos para as Maldivas e aquele paraíso foi ofuscado pelo doce sorriso da Minha Kikizinha. Com ela sempre foi tudo PERFEITO! Até as poucas briguinhas normais de casal eram resolvidas no mesmo dia. O combinado era nunca irmos dormir brigados. Fazíamos as pazes rapidamente.
Novo lar bem perto de ser recebido e agora era a hora de realizarmos o nosso maior sonho: termos um filho, fruto desse amor roxo. E a notícia não demorou. Em 08 de novembro de 2020, um mês após a suspensão do contraceptivo, Minha Kikizinha fez uma surpresa para anunciar a gravidez. Comprou uma camisa que dizia: “Tatuado, Bonito, Papai. Como um pai normal, mas mais legal” e me deu acompanhada do teste de gravidez. Choramos e comemoramos muito!
Passei a conversar todos os dias com a barriguinha da Minha Kikizinha Ossi Mamãe para demonstrar meu amor incondicional ao meu filhinho e reforçar nossos laços afetivos. A Kiki sempre ficava toda boba admirando a cena.
Durante a gravidez, tiramos nota dez em todos os exames e eu participei de tudo. Até nas fisioterapias pélvicas eu ia e, de quebra, reforçava em casa o que tinha aprendido na clínica.
Optamos por parto normal, pois além da recuperação ser bem mais tranquila, ele é mais benéfico para o bebê. Minha Kikizinha queria fazê-lo como primeira demonstração de amor ao nosso filho.
Fizemos tudo o que acreditávamos ser necessário para o completo sucesso do parto. Tínhamos todo o passo a passo anotado e seguimos a risca.
Tudo pronto!
Na manhã de 21 de julho de 2021 fui acordado por ela às 5 horas com as primeiras contrações. Imediatamente ligamos para a enfermeira de plantão e a fisioterapeuta pélvica que chegaram em torno de 25 minutos.
Após 2 horas medindo as contrações e aferindo o Antônio Freitas Neto, nome em homenagem ao avô, pai da Kiki, a enfermeira disse que ela estava pronta para ir para a maternidade para o dia mais feliz das nossas vidas.
Minha Kikizinha chegou caminhando na maternidade e fomos diretamente para a sala de preparação.
Passei uns 10 minutos distante dela, na recepção, resolvendo a questão da suíte do nosso filhinho Tonino.
Ao adentrar na sala de parto, Minha Kikizinha já estava fazendo as posições treinadas previamente. Até que, algum tempo depois, ela não se sentiu bem e todo o nosso sonho começou a ruir.
Nosso filhinho, aparentemente, ficou em sofrimento e foi retirado com o auxílio de um vácuo extrator. Ele nasceu sem batimentos cardíacos e foi reanimado após uns 10 minutos, bem próximo da gente.
A situação foi se agravando cada vez mais e eu presenciei tudo, pois estava junto da Minha Kikizinha a todo momento, segurando sua mão, dando beijos e dizendo que a amava muito. Ela dizia não estar se sentindo bem. Eu acreditava ser pelo esforço do parto, infelizmente não era.
Minha Kikizinha precisava de uma UTI, mas na maternidade não tinha e houve certa demora na solicitação de uma UTI Móvel.
Algum tempo depois a equipe estava tentando reanimá-la. Essa foi a hora que saí do lado dela para dar lugar aos profissionais que chegavam para tentar salvá-la.
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Chorei de desespero no corredor da maternidade abraçado com a “Soglinha Quelida”, mãe da Kiki e depois rezei de mãos dadas com alguém que não me recordo.
Após uns 30 minutos tentando reanimá-la, a notícia mais impactante da minha vida chegou: Minha Kikizinha Ossi Mamãe não resistiu as complicações do parto.
Meu mundo desabou! Quantas vezes falei para ela que não conseguiria viver sem ela e agora essa seria minha nova trágica realidade.
Optei por não fazer autópsia, pois nada a traria de volta e só aumentaria o sofrimento de toda a família.
A causa do óbito, sem confirmação por uma possível autópsia, foi embolia amniótica.
Durante todo o velório fiquei segurando sua mãozinha e dizendo que a amava muito. Pedia para ela me esperar, pois agora eu iria cuidar e educar nosso filhinho com todo amor do mundo e depois chegaria para continuarmos nossa história de amor.
Nosso Tonino estava entre a vida e a morte na UTI Neonatal.
Após intensos e angustiantes cinco dias, infelizmente nosso anjinho também não resistiu e foi para os braços da sua mãezinha. Talvez esse fosse o “melhor desfecho”, pois Minha Kikizinha Ossi Mamãe estava completamente radiante com a chegada do Tonino e com certeza estaria muito feliz em recebê-lo nos braços no Paraíso.
Meu coração bateu descompassado durante uns quinze dias. Jurava que infartaria e não falei para ninguém, pois queria ir logo para junto da minha sagrada família.
Dizem que com o tempo a dor diminui, mas a verdade é que a gente apenas aprende a se adaptar a eterna dor.
Depois de um bom tempo, tentei criar novos sentidos para minha vida e o maior deles foi honrar o legado da minha esposa, o nosso amor roxo e o fruto desse amor.
Honrar o legado dela será a parte mais difícil. Minha Kikizinha Ossi Mamãe é a pessoa mais incrível que já conheci! Com ela aprendi a ser muito mais humano, humilde e levar a vida com toda firmeza, alegria e leveza que se pode ter.
Desejei então focar em transformar minha dor em mais amor, acalentando corações e inspirando pessoas. Outra forma de tentar orgulhá-los será buscando ajudar a fomentar a Associação Kiki Freitas e também instituições beneficentes.
A Associação Kiki Freitas é uma linda homenagem criada recentemente pela Professora e Doutora Maria Fidela Navarro, uma sumidade da Odontologia no Brasil e exterior. Ela foi a orientadora do mestrado da Kiki na FOB-USP e, mais do que isso, uma espécie de mãe para ela em Bauru-SP. Minha Kiki fez por lá especialização, mestrado (com sanduíche em Granada-ESP) e doutorado (com sanduíche em Toronto-CAN) e deixou sua brilhante competência e doçura por lá.
A Associação Kiki Freitas visa transformar escolas públicas abandonadas, sem verbas e políticas públicas, em Escolas Promotoras de Saúde, prestando atendimentos gratuitos para as crianças carentes, para que elas tenham prazer de ir para a escola e assim possam ter a possibilidade de sonhar. O projeto está no início, mas já está sendo implantado pela Profa. Fidela em duas escolas públicas de Bauru-SP.
Após o doutorado, Minha Kikizinha voltou para Teresina-PI e devido a sua competência e amor à Odontologia, rapidamente se tornou uma referência na cidade. Professora e coordenadora do curso de Odontologia e coordenadora do curso de Radiologia no Centro Universitário UniFacid, mesmo local onde se formou. Por lá, ela também sempre foi unanimidade. Todos os alunos a tem como fonte de inspiração.
A verdade é que sou um privilegiado por ter vivido ao lado desse ser de luz de forma tão intensa. Graças a Deus, sempre fiz tudo para demonstrar para ela e para o mundo o quanto a amava.
A música em forma de homenagem é mais uma maneira que encontrei de continuar demonstrando todo meu AMOR ROXO pela minha esposa. Uma forma de ETERNIZAR meu gigantesco sentimento.
Sei que irei errar bastante no final dessa minha jornada terrena, pois não tenho mais meu centro, meu norte, aquela que sempre me direcionou pelo melhor caminho, mas tentarei cumprir minha missão da melhor maneira possível.
Para todos aqueles que não acreditam em Conto de Fadas, eu posso afirmar categoricamente: eles existem, eu vivi um! Aliás, vivi não, VIVO! Afinal, todos eles terminam com “…e foram felizes para sempre”. Vai demorar um pouquinho, mas sei que um dia irei reencontrá-los e esse dia será PERFEITO!
Até lá, eu espero ter resiliência, serenidade e sabedoria na espera, afinal, o que serão cinco, dez ou trinta anos perante a vida eterna ao lado deles?
Por aqui, a vida terrena realmente é um sopro e descobri isso da pior forma possível. Se eu puder lhe dar apenas um simples conselho, diria: não deixe para depois! Demonstre agora. Fale agora. Abrace agora. Responda agora. A vida é agora!
Não adie o sorriso. Não adie o amor.
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