Médica indígena vence batalhas para oferecer atendimento ao seu povo

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A indígena Eliniete de Jesus, 40 anos, enfrentou muitas batalhas para realizar o sonho de ser médica e oferecer um atendimento melhor para seu povo, as etnias Baré e Baniwa, nas margens do Rio Negro, no estado do Amazonas.

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Ainda criança, quando tinha 9 anos, os pais dela se mudaram para o município de Santa Isabel do Rio Negro. A página do Facebook Fábrica Fest compartilhou o relato da médica sobre os acontecimentos que marcaram a trajetória dela até o ingresso na faculdade de Medicina. “Meu nome indígena é Hywyxy dado pelo meu avô baniwa. Faço parte de duas etnias Baré e baniwa originários do Rio Negro no estado do Amazonas. 

“Sem condições financeiras para buscar o tão sonhado curso de Medicina, fiquei na cidade ajudando a minha mãe na roça. Em 1999, passei a ser agente indígena de saúde, e em 2008 conclui meu nível técnico em enfermagem”, afirma ela.

Ela começou a trabalhar, mas sem desistir do sonho de fazer Medicina. Incentivada pelo marido, em 2012, Eliniete fez sua inscrição no Enem e no vestibular da Universidade Estadual do Amazonas. “Comecei a trabalhar, mas sempre sonhando com a Medicina, poder oferecer um atendimento melhor para meu povo.”

Uma fatalidade, no entanto, impediu que ela realizasse as provas. Eliniete sofreu um acidente no caminho para a roça da mãe dela e fraturou a perna direita.

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médica indígena

Ela se recuperaria logo e, no início de 2013, Eliniete lutou mais uma batalha para realizar seu grande sonho, e venceu, novamente: foi aprovada no processo seletivo da Universidade Federal do Pará (UFPA). “Mesmo com muita dificuldade de adaptação e sem conhecer nada em Belém comecei minha trajetória”, lembra.

Mas, a luta não parou por aí. A maior batalha durante o curso foi superar a saudade que sentia dos filhos, já que a família continuou morando no Amazonas, enquanto ela estudava no Pará.

Eliniete encontrou apoio nos amigos da faculdade, fundamentais para ela não cair em depressão – também por ser indígena e mais velha do que o restante da turma –, jogar tudo para cima, e voltar para casa sem o seu diploma de médica.

Após uma batalha atrás da outra – a fratura na perna, a saudade dos filhos e a discriminação na faculdade –, Hywyxy (seu nome indígena) formou-se médica e agora vai cuidar do povo de quem recebeu uma energia ancestral para ter êxito nas batalhas que venceu com um sorriso largo no rosto.

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Confira o relato na íntegra:

Meu nome indígena é Hywyxy dado pelo meu avô baniwa. Faço parte de duas etnias Baré e baniwa originários do Rio Negro no estado do Amazonas. Nasci dia 14/08/78 na aldeia chamada Ingaiua no Município de Santa Isabel do Rio Negro. Meus pais resolveram mudar então para Sede do Município de população indígenas de várias etnias do Alto Rio Negro. Na época com 9 anos comecei a estudar e em 1997 consegui finalizar o Ensino Médio. Sem condições financeiras para buscar o tão sonhando curso de Medicina, fiquei na cidade ajudando a minha mãe na roça. Em 1999 passei a ser agente indígena de saúde, e em 2008 conclui meu nível técnico em enfermagem. Comecei a trabalhar, mas sempre sonhando com a Medicina, poder oferecer um atendimento melhor para meu povo. Em 2012, meu esposo me chamou e disse vai atrás do teu sonho este mundo aqui não pertence a você. Então me inscrevi no Enem e no vestibular da (Universidade estadual do Amazonas) No processo diferenciado para povos indígenas que a UFPA oferece desde 2010. Mas, devido um acidente no caminho da roça fraturei a perna direita que me impossibilitou de fazer o Enem em outra cidade e a prova do vestibular. Ficando então apenas o processo seletivo da UFPA no início de 2013. Com ajuda de amigos e do meu marido fiz a prova e logo o resultado: Passei. Mesmo com muita dificuldade de adaptação e sem conhecer nada em Belém comecei minha trajetória. Foram muitas dificuldades, principalmente por saudade dos meus filhos, mas encontrei em minha turma muitos amigos e logo também entrei para o time da nossa atlética, o que me ajudou também a superar cada momento, inclusive da temida depressão que por alguns momentos tive. O medo de ser discriminada por ser indígena e mais velha foi vencido.”

crédito da foto: divulgação

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