Médica ‘receita’ influenciadores e intelectuais negros para jovem deprimido

Bastante conhecida por postagens sobre sua rotina como médica de família, mais uma vez, a médica Júlia Rocha deu um exemplo de atendimento humanizado. Seu relato mostra que representatividade tem tudo a ver com saúde mental: representatividade salva vidas.
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Esses dias Júlia atendeu um jovem negro, de 22 anos, gay e periférico. O rapaz, conta a médica, estava gravemente deprimido: há cerca de dois meses tentou se matar usando os remédios do pai; ficou internado em estado preocupante.
É que o rapaz carregava um sentimento de culpa “por não corrigir sua sexualidade”. Ele já fazia acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Mas, para Júlia, ele precisava “se aprofundar no entendimento do seu lugar social como um homem gay, negro e periférico”.
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“Tem horas que só enxergando e conhecendo as estruturas que nos oprimem pra conseguir dar o próximo passo”, ressaltou Júlia, que além de médica é cantora.
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Pois então, Júlia escreveu no receituário nomes de pessoas que pudessem ajudar o jovem a entender melhor seu lugar social. Pediu que buscasse pelo Spartakus Santiago e AD Júnior, dois jovens negros e gays que compartilham suas vivências nas redes sociais.
Indicou intelectuais negras (Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro e Juliana Borges) e, por fim, prescreveu o livro ‘O que é racismo estrutural?’, do Silvio Almeida. No papo que tiveram, Júlia e o rapaz também conversaram sobre intolerância de espiritualidade, de afeto… A médica entregou a receita desejando uma melhora profunda e sincera ao rapaz.
E ele melhorou?
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E se melhorou! Júlia encontrou o rapaz alguns dias depois: sorridente, lhe deu um abraço, um instante que, segundo ela, durou alguns anos. Perguntou se ele estava bem e ouviu: “Estou melhor. Bem melhor… Li o livro [‘O que é racismo estrutural’] passei a receita pra outros amigos…”. O jovem disse que queria marcar seu retorno, e a médica quis saber se ele tinha alguma novidade para contar:
“E ele se aproximou pra falar o segredo: ‘Tô namorando’.”
Sim, àquela primeira conversa com Júlia foi libertadora para o rapaz. Aliás, mais do que uma conversa entre uma médica e um paciente, foi uma conversa entre dois negros: pode parecer desnecessário pontuar isso, mas só parece mesmo.
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E que depois incluiu outras pessoas negras, desconhecidas para o rapaz até então, mas que agora estão o ajudando a entender melhor seu lugar social, para viver sua vida ao máximo: com menos vergonha de quem ele é verdadeiramente e mais autoaceitação e amor próprio. Um caso concreto de que representatividade, sim, salva vidas!
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crédito das imagens: Reprodução/Instagram @cantorajuliarocha
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