Logo depois de terminar a faculdade, em 2013, a terapeuta norte-americana Sarah Conque recebeu o convite para uma missão humanitária no Haiti, para cuidar de crianças com doenças graves.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
No Haiti, existe uma cultura de que crianças doentes são “malditas” e não merecem viver. Por isso, os pais preferem entregá-las para centros de acolhimento ou, pior, abandonam os pequenos à própria sorte.
Uma dessas crianças comoveu Sarah profundamente, enquanto ela trabalhava em um centro médico chamado Danita.
“Um dia veio uma mulher com um bebê com hidrocefalia, um transtorno caracterizado pela acumulação de líquido no cérebro. A mulher disse que era a tia do bebê e que sua irmã havia morrido um mês depois de dar à luz à menina que havia chamado Nika”, disse Sarah.
Leia Mais
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
O estado de Nika era degradante: com três meses, ela pesava apenas dois quilos, estava totalmente desnutrida e necessitava urgentemente de atendimento médico para reduzir a hidrocefalia.
“Aconselhei que Nika começasse a vir duas vezes por semana para a reabilitação, mas sua tia estava sobrecarregada com a responsabilidade e tivemos que ajudar para suprir os cuidados mais básicos”, lembra a terapeuta.
Sarah acompanhou a tia de Nika em uma viagem de 10 horas até o único hospital do Haiti onde tratam a hidrocefalia. O hospital possui poucos recursos e os médicos são voluntários que chegam de várias partes do mundo. “Nika com cinco meses conseguiu entrar na lista e programaram sua cirurgia, foi um milagre.”
A operação foi um sucesso, mas a tia de Nika não voltou mais ao hospital. Foi quando Sarah descobriu que a tia era a mãe de Nika. A mulher disse que sentia vergonha da filha doente e que preferiu não contar a verdade.
A terapeuta também soube que a mãe de Nika era prostituta e que ela não sabia quem era o pai da menina, tendo tomado diferentes venenos para abortá-la.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Nika recebeu alta e elas regressaram ao centro Danita para começar a reabilitação da menina, porém a mãe faltava muito às consultas. “Eu estava muito preocupada porque a reabilitação é quase mais importante que a cirurgia e Nika necessitava de cuidados diários”, explica Sarah.
Alguns dias depois, a mãe voltou ao centro sem a bebê para pedir dinheiro. “Sentia que alguma coisa estava errada e pedi a um colega que fosse comigo buscar a menina.”
Sarah encontrou Nika deitada em um saco de arroz, rodeada de lixo, preservativos e até fezes de cachorro! Pesava apenas dois quilos e o líquido na sua cabeça havia aumentado bastante. “O estado da casa era lamentável, não sei como a menina estava viva, a mãe veio correndo e fiquei inconformada porque estava com um vestido muito elegante, joias, cheirando a perfume e com um smartphone na mão.”
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
A terapeuta pegou Nika nos braços e a levou embora. No dia seguinte, denunciou a mãe da menina por negligencia e abandono. A mãe abriu mão da guarda da filha e Sarah passou a ser sua tutora.
Sarah levou Nika ao hospital de Porto Príncipe, capital do Haiti, e lá lhe disseram que não poderiam fazer nada por Nika, que ela morreria a qualquer momento, pois o líquido na cabeça estava pressionando o cérebro. Mas, Sarah não desistiu: ela localizou nos Estados Unidos um médico especialista em nutrição infantil e conseguiu que ele fosse até o Haiti para colocar um tubo de alimentação na pequena.
Em 2015, finalmente, Sarah conseguiu levar a menina para os Estados Unidos para operar a hidrocefalia, num hospital na Flórida, especializado em neurocirurgia infantil. A menina foi internada às pressas e a operação foi bem sucedida. Nika perdeu dois quilos de líquido no cérebro e sua cabeça diminui quase cinco centímetros.
No meio de tudo isso, Sarah se casou e hoje ela forma uma família normal com o marido e Nika. A terapeuta criou um site para arrecadar doações para o tratamento de Nika e de outras crianças acolhidas pelo centro médico Danita, no Haiti. Também é possível acompanhar as conquistas de Nika no Facebook e Instagram.
Fotos: Reprodução Instagram e Facebook
Quer ver a sua pauta no Razões? Clique aqui e seja um colaborador do maior site de boas notícias do Brasil.