“Três anos atrás, eu não conseguia subir 4 degraus de escada sem travar a perna e quase cair. Não conseguia surfar, jogar bola ou correr… Era praticamente impossível. Hoje faço tudo isso, mesmo com o câncer e suas sequelas”. Assim começa o relato do tatuador Gustavo Teixeira, um exemplo genuíno de superação em meio às adversidades da vida.
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Recentemente, Gustavo criou o projeto “Esmagando Câncer“, que busca mostrar para as pessoas que fazem algum tipo de tratamento que é possível – e muito importante – fazer qualquer atividade física dentro de suas limitações.
“As atividades físicas preparam nosso corpo para aguentar todo o tratamento e ajudam a liberar hormônios que aliviam o estresse”, afirma o tatuador, que se diz prova viva disso.
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No começo de 2019, ele desenvolveu polineuropatia, uma condição clínica onde há danos nos nervos periféricos que causam fraqueza, dor e formigamento persistente nas mãos e pés, decorrente do tratamento e medicações pesadas que Gustavo faz uso desde 2007, quando foi diagnosticado com Linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer do sangue, assim como a leucemia.
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Ele já fez diversos tipos de tratamento, como quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e 2 transplantes de medula óssea. A luta, muito árdua, se mantém há quinze anos!
“Em mim, a polineuropatia causa dormência nos 4 membros e na boca. Se eu falasse um pouco a mais ou fizesse algum esforço físico de leve meu corpo inteiro ficava rígido por alguns segundos e não respondia mais. Isso estava impossibilitando minha qualidade de vida, parei de fazer todas as atividades físicas que me davam prazer e eu já estava entregue a esse fim”, relembrou.
A gota d’água, como ele conta, foi no auge da pandemia, em 2020. “Eu estava andando na praia quando fui pegar algumas coisas no bolso, sem querer o dinheiro que estava nele voou e eu corri para pegar. Afinal ninguém quer perder dinheiro, né? Mas foi em vão, caí duro no chão com o esforço, com as pernas travadas. O pior é que eu não percebi que a chave da casa também caiu do meu bolso nesse meio-tempo”, contou.
Gustavo se sentiu triste e humilhado com a situação. Aos poucos ele conseguiu se recuperar e encontrou a chave, mas aquele momento o marcou para o resto da vida.
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Foi com a ajuda da noiva, Juliana, que ele conseguiu dar a volta do por cima. “Ela não queria me ver naquela situação, nem que eu me entregasse. Com ela, eu vi que era possível amenizar a polineuropatia”, disse. Pouco depois, Gustavo começou a fazer pilates e fisioterapia – com muita força de vontade viu, já que dias antes ele havia feito uma cirurgia de retirada de tumor!
“Depois de alguns meses, esses exercícios começaram a apresentar resultados, meu corpo ainda travava porem eu estava mais ‘elástico'”, relembrou o tatuador.
Aliado ao tratamento, ele mudou sua dieta alimentar e passou a fazer acupuntura com eletro estimulação. Em um ano, o corpo de Gustavo já era outro. “Fiquei preparado o suficiente para fazer academia e andar de bicicleta com alguns amigos. Sempre fazendo dentro das minhas limitações, mas a cada dia que se passava eu me superava“.
Sempre de pouquinho de pouquinho, Gustavo foi quebrando seus próprios limites. No primeiro ano do “Esmagando Câncer”, ele ainda tinha cãibras e não conseguia jogar bola ou surfar – seus hobbies preferidos. “Eu até arriscava algumas vezes, mas não era seguro surfar sendo que meu corpo ficava totalmente rígido por alguns segundos sem responder aos movimentos que eu queria fazer. Até tentava, mas tinha que boiar as vezes para me recuperar, sabe?”.
Com o esforço, veio a recompensa. “Continuei nessa transição de melhorar alimentação, fazer academia, acupuntura e diversos exercícios físicos. A primeira grande alegria veio quando consegui correr na praia sem travar muito, vi que era possível”.
Na virada de 2021 para 2022, outra conquista: Gustavo conseguiu surfar sem ‘travar’… E mais: surfou por horas e horas!!!
“Lembro até hoje do dia, um dia ensolarado com a água na temperatura que ao mesmo tempo que o sol esquentava ela refrescava. Cheiro de filtro solar e maresia tomavam contam da cena também. Que sensação inexplicável, algo que eu achava que não conseguiria voltar a fazer, mesmo percebendo a mudança em meu corpo eu achava que não seria possível.
Se surfar voltou a ser possível, então jogar bola também seria – com muita luta, claro.
“Meses depois de ter conseguido surfar eu tentei jogar bola mas não deu muito certo, qualquer impacto ainda travava minhas pernas. Mas não me deixei por vencer, ja havia tido tantas mudanças que sabia que era possível. Mesmo entre internações, cirurgias ou afastamento de qualquer atividade física devido algumas complicações do câncer, eu mantive a vontade de voltar a jogar bola. Quando dava eu treinava um pouco”.
Em abril deste ano, quatro meses depois de voltar a surfar, Gustavo se juntou com seus amigos e realizou o sonho de jogar bola, “sem travar”, como ele diz.
“Aos olhos dos outros eu apenas estava jogando, como qualquer outra pessoa na quadra. Alguns amigos sabiam da minha história, e outros não. Mas dentro de mim reinava uma alegria inexplicável de força e gratidão a vida. De sentir meu corpo respondendo aos meus comandos, dentro das minhas limitações é claro, mas eu estava conseguindo jogar. Não consegui jogar 1 hora completa nem ter o desempenho que tinha antes. Mas você acha que eu liguei? Claro que não, isso me deu mais vontade de seguir e mostrar que é possível ter qualidade de vida fazendo tratamento“. Sensacional!!!
Gustavo provou que é possível, agora sua missão é inspirar outras pessoas diagnosticadas com câncer a continuarem lutando e fazendo aquilo que mais amam!
“Quero mostrar que você pode e deve se preocupar não somente com o protocolo do seu tratamento, mas também com a qualidade de vida que você vai ter durante esse tratamento. Eu sou prova viva disso, que exercícios físicos ajudam e muito. Eles dão qualidade de vida, força, prazer e preparam seu corpo durante seu tratamento”, afirmou o tatuador.
“Mostre que você manda nas suas escolhas, seja você quem decide o que quer em sua vida. Eu decidi a minha, e estou aproveitando ao máximo minhas experiências. Um dia de cada vez, busque sempre melhorar dia após dia. Se teve dia difícil, não tem problema, mas não deixe ele sempre ser ruim, mude para melhor”, complementou.
Hoje, cerca de 50 milhões de pessoas convivem com o câncer mundo afora. Para Gustavo, é fundamental haver mais representatividade e inclusão de pessoas em tratamento ou mesmo sob cuidados paliativos por parte das grandes marcas, seja em campanhas publicitárias, seja no oferecimento de produtos e serviços.
“Por isso, fica aqui também meu apelo e dica a todas as marcas: essas pessoas não estão sendo “enxergadas” por elas. Apenas algumas ações são feitas para nós, mas nada concreto que nos represente e estimule. Ver grandes marcas fazendo produtos e tendo como seus garotos(as) propaganda com câncer seria muito bom. É um nicho não explorado pelas marcas há anos. Está na hora de mostrar que o câncer é vida, temos sonhos, desejos e ambições como todas as outras pessoas”, completou Gustavo.
“Seja você o melhor exemplo a ser seguido”. ???
Saiba mais assistindo ao vídeo abaixo:
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Fotos: Reprodução / Instagram: @guteixeiratattoo
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