Padre celebra casamento do próprio neto em Porto Alegre (RS): ‘Uma oportunidade única’

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Padre celebra casamento do próprio neto em Porto Alegre (RS)

Contar com a presença dos avós nas cerimônias de casamento é bem comum para os noivos, mas a maneira como o avô de Ânderson participou de seu matrimônio foi super especial – e inusitada.

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No último dia 14, o noivo de 31 anos se casou com a médica Rafaela Pilla Muccillo Müller, 30, na Igreja Santa Teresinha, em Porto Alegre (RS).

E, bem, o avô dele estava no altar ao lado da noiva, e não na condição de padrinho, mas de padre!

Padre celebra casamento do próprio neto em Porto Alegre (RS)
Ânderson e Rafaela com o avô na festa de casamento — Foto: Fernando Lacerda/Divulgação

Paulo Müller, de 85 anos, é um dos padres auxiliares na Catedral São Luiz Gonzaga, de Novo Hamburgo, na Região Metropolitana da capital gaúcha, tendo sido ordenado há três décadas (em 1992), quatro anos após perder a esposa, Dona Lizzete, com quem foi casado por 29 anos.

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“Convidamos o vô, ele ficou super feliz, faceiro com a possibilidade de casar um neto”, disse Ânderson Martins, 31, que é engenheiro químico.

Antes de se tornar padre, Paulo teve 4 filhos – e agora, também tem 4 netos, incluindo o noivo, que vive em Estância Velha (RS).

“Foi uma coisa maravilhosa. Quase ninguém tem essa oportunidade que eu tive”, comentou o avô.

Rafaela e Ânderson namoravam há nove anos quando planejaram formalizar o casamento em 2019, marcando a cerimônia para outubro de 2020. Só que aí veio a pandemia e seus planos foram por água abaixo.

“Naturalmente, a gente teve que ir postergando. A data de sábado (14 de maio) foi a nossa quarta e última”, comentou o engenheiro.

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Até então, os pombinhos queriam fazer uma celebração ecumênica fora da igreja, mas mudaram de ideia depois de conversarem com seus pais. Eles sugeriram um casamento religioso, abrindo espaço para ao convite ao padre – e avô – de Ânderson.

“No começo da cerimônia, o vô comentou que algumas músicas que a gente tinha selecionado para entrar foram músicas que tocaram no casamento dele. Para ele, teve lembranças”, contou o neto.

O casamento foi sacramentado na Igreja Santa Teresinha, em Porto Alegre, bairro onde vive a família da noiva.

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Casamento celebrado pelo avô do noivo ocorreu em 14 de maio de 2022 — Foto: Fernando Lacerda/Divulgação

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Paulo seguiu todos os ritos católicos, a começar pela preparação dos noivos. “Ele é uma das poucas pessoas que podem falar que já estiveram dos dois lados da mesa”, brincou Ânderson.

Para o pároco, um bom relacionamento entre os casais se fundamenta em 3 princípios básicos: “Muito amor, bastante amor, um caminhão de amor pelas pessoas. Segundo: fidelidade. O máximo de fidelidade para não trair aquela pessoa, para ela não se sentir frustrada pelo compromisso que assumiu. A terceira é a caridade entre o casal, parceria”, defende.

Horas depois do “sim”, Paulo deixou a condição de padre e virou avô na festa dos noivos. “O vô era o astro”, relembru o neto.

No entanto, sua presença foi rápida, já que no dia seguinte, o sacerdote deu início a um período de retiro com colegas da Diocese de Novo Hamburgo (RS).

De pai a padre

Desde criança, Paulo via com bons olhos as funções religiosas, mas não chegou a fazer parte do corpo da Igreja.

Após o serviço militar, ele abandonou a ideia de ser padre. Na mesma época, em plena década de 1950, ele conheceu sua futura em uma cafeteria.

“Na primeira vez que eu vi ela, [disse]: ‘pois é, dona Lizzete, eu vou lhe dizer uma coisa com toda a coragem, a senhora vai ser a mãe dos meus filhos’. Ela ficou escandalizada com aquilo”, recordou.

Mesmo durante os anos de casamento, Paulo conta que lia a Bíblia e cumpria os sacramentos católicos.

Padre celebra casamento do próprio neto em Porto Alegre (RS)
Padre Paulo Müller sendo ordenado em 1992 — Foto: Diocese de Novo Hamburgo/Divulgação

Em 1992, prestes a completar 30 anos de matrimônio, Lizzete faleceu. Devastado com a perda, ele buscou amparo na Igreja e começou a participar das atividades ecumênicas.

Nos anos seguintes, Paulo foi catequista, ministro da eucaristia e, depois, diácono. “Três dias depois do sepultamento dela, eu procurei a igreja para me envolver em alguma coisa”, relembrou.

Certo dia, enquanto era diácono, o religioso atendeu a um sepultamento em que os familiares do falecido cobraram a presença de um padre. Essa foi a deixa para ele ir para o seminário, onde recebeu a benção do bispo de Novo Hamburgo, dom Boaventura Kloppenburg.

O bispo levou o pedido de Paulo para o Vaticano, que autorizou a formação do religioso.

“Histórias de cumplicidade”

Apesar de nunca ter conhecido a avó, que faleceu anos antes de seu nascimento, Ânderson cresceu ouvindo as histórias de cumplicidade entre ela e o avô, contadas por seu pai.

Durante o casamento, o padre Paulo ressaltou a importância de respeito, igualdade e parceria necessários para a vida de um casal. “Ele tentou passar muito dessa parte de cumplicidade, até porque o vô e a vó eram pessoas muito apaixonadas um pelo outro”, destacou o neto.

Padre celebra casamento do próprio neto em Porto Alegre (RS)
Padre Paulo Müller celebra o casamento do neto Ânderson com Rafaela em Porto Alegre — Foto: Fernando Lacerda/Divulgação

Por fim, Ânderson afirmou que sempre viu com naturalidade a vocação do avô, que foi ordenado um ano antes do seu nascmento.

Entretanto, algumas pessoas relatavam um certo “estranhamento” pelo fato do padre ter sido pai e um homem casado no passado.

“Eu dizia: ‘meu vô é padre’, e as pessoas achavam estranho. Mas, para mim, sempre foi uma coisa natural, muito embora pouco comum”, completou.

Fonte: Correio Braziliense

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