Desde o dia 26 de outubro, o Papai Noel e suas ‘noeletes’ recebem crianças e jovens no shopping Center Lapa, em Salvador (BA). O bom velhinho naturalmente se destaca com sua barba branca e roupa vermelha, mas neste ano, não somente isso.
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“O Papai Noel é negro, gente. Eu nunca tinha visto um Papai Noel da minha cor. Fiquei tão emocionada que parei para fazer uma foto. Eu tinha que fazer”, contou a estudante Érica Vitória, 16 anos, que foi ao shopping com as amigas e disse estar feliz e surpresa com a novidade.
Segundo um levantamento feito pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, divulgada em maio deste ano, cerca de 80% da população de Salvador se autodeclara negra ou parda, o que levanta a questão da representatividade na capital baiana.
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Muitas pessoas argumentam que a predominância de papais-noéis brancos está única e diretamente relacionada ao local onde a lenda surgiu, na Europa. No entanto, o Center Lapa decidiu mudar o endereço do bom velhinho.
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O tema da festa é Madagascar, um país insular no sul da África.
“A gente já trabalha o ano inteiro o Selo da Diversidade que é um selo que a prefeitura concede para empresas que combatem o racismo e promovem a diversidade. Isso já acontecia com as ‘noeletes’, mas faltava o Papai Noel. Nós vivemos em uma cidade onde a maioria da população é negra, então, ele ser sempre branco não casava com a realidade. O Natal é um momento de reflexão, e essa iniciativa permite que as crianças se vejam representadas nessa imagem mágica que é a do Papai Noel”, afirma a gerente de marketing do shopping, Ivanir Mattos.
‘Sua barba é de verdade, Papai Noel?’
Quem personifica o Papai Noel neste ano é o aposentado Ubirajara Pereira, o Seu Bira, de 66 anos. Ele disse que ficou surpreso ao receber o convite e que agora está se divertindo com a criançada.
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Muitas delas gostam de puxar a barba de Seu Bira para terem certeza que é ‘de verdade’. Entre uma foto e outra, algumas crianças emocionam o aposentado.
“O que elas mais pedem é brinquedo. Eu digo para elas fazerem uma cartinha dizendo o que querem de Natal, mas sei que alguns não vão ganhar nada porque a família é muito simples. Isso me emociona. Eu já chorei aqui (no trono). Teve um garotinho que me deu R$ 0,10, e foi embora esperando receber o presente”, contou.
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“Eu sempre tive o sonho de ser Papai Noel, pelo menos uma vez na vida, mas nunca pensei que isso aconteceria um dia. Estou muito feliz porque não houve rejeição. As crianças aceitaram muito naturalmente. O preconceito está na cabeça dos adultos”, disse.
Para o administrador de empresas Vidal Campos, 47 anos, a iniciativa de recrutar um Papai Noel que foge ao modelo de sempre é muito bem-vinda.
“A ideia do Papai Noel negro foi brilhante. Ele me representa e representa meus filhos. Pela primeira vez eu sento para tirar uma foto com o Papai Noel, não por ser apenas um Papai Noel, mas por ser um Papai Noel negro. Isso é importante, isso é representatividade”, afirmou ele. Nesse momento, sua filha, a pequena Sofia, de 5 anos, precisou enxugar as lágrimas do pai.
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Fonte: Correio 24h/Fotos: Betto Jr/CORREIO
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