Centenas de guarda-chuvas estragados estão sendo transformados em sacos de dormir forrados com cobertores para pessoas que vivem em situação de rua em Porto Alegre (RS).
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“Ao entregar as capas, ganho sorrisos. Esse é o meu pagamento. Tudo que o dinheiro compra, estraga. Uma pessoa dormir aquecida não tem preço”, diz Lídia Borges, de 40 anos, idealizadora do projeto. Ela é carinhosamente chamada de Professora Pafúncia pelos quase 500 alunos que ensina diariamente em nove escola da capital gaúcha.
A casa de Lídia serve como um grande depósito de objetos aparentemente sem condições de uso, estragados. No entanto, é aqui que ela os reaproveita de alguma maneira, seja costurando os panos e cobertores, recortando as colchas ou retirando as hastes dos guarda-chuvas doados por vizinhos e voluntários – ao final, os guarda-chuvas se transformarão em confortáveis sacos de dormir para a população em situação de rua.
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Como surgiu a ideia
A Professora Pafúncia conta com o apoio do marido e da sogra, que ajuda no acabamento e vedação da bolsa protetora. “Minha recompensa é quando a gente entrega. Saber que tem menos um passando frio. Se já se sente frio em casa, não dá para imaginar o que é na rua, que ainda tem toda a umidade”, acrescenta.
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Lídia conta que a ideia de moldar as capas surgiu quando estava hospitalizada em uma Santa Casa, tratando um câncer de mama.
“Eu fazia radioterapia no Santa Rita (do complexo hospitalar) todas as noites. E notei que vários irmãos dormiam no chão “puro”. Tiramos força do bem. Porque se todo mundo fizer um pouquinho de bem, o mal perde. O mal só tem força quando o bem fica inerte, parado. E não custa. Uma hora e meia da vida, tomando chimarrão, conversando, a gente faz os sacos”, relata.
“Com doações, poderíamos produzir o dobro de sacos de dormir”
Semanalmente, três a quatro sacos de dormir ficam prontos na “fábrica” de Lídia. “Se tivéssemos mais doações, certamente poderíamos chegar ao dobro de sacos. Por isso, precisamos de cobertores, principalmente, para produzir mais.”
A professora conta com algumas instituições parceiras, como a Escola Matias de Albuquerque, na Zona Sul, que recentemente realizou uma campanha de doação de guarda-chuvas entre pais e alunos.
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A Associação dos Funcionárias da Carris (Use) também contribui com matéria-prima por meio do projeto Quem Tem Fome Tem Pressa, que recolhe e distribui roupas e lanches para a população pobre.
“Como professora, tenho a função de deixar um mundo melhor”
Na terça-feira (13), seis sacos de dormir foram entregues para moradores em situação de rua na região central.
Wagner Rodrigues, marido de Lídia, conta que a receptividade de quem recebe é o que deixa o casal mais feliz. “As pessoas primeiro pensam que são cobertores. Mas depois acham bem legal. Teve um que disse: ‘Com essa coberta, vou conseguir dormir hoje, porque na noite passada fiquei andando de um lado pro outro pra esquentar'”.
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Além do gesto de altruísmo, a professora defende que seu trabalho também melhora o planeta. “Ia tudo para o lixo. Algumas pessoas me perguntaram se eu queria tecido impermeável. Eu não quero. Quero produzir menos lixo, tirar o lixo da rua. Como professora, tenho a função de deixar um mundo melhor”, finaliza.
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Fonte: Gaúcha ZH/Fotos: Ronaldo Bernardi/Agencia RBS
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