Professora do povo Umutina é a 1ª mulher indígena doutora em Antropologia pela UnB

A professora Eliane Boroponepa Monzilar, 40 anos, filha do povo umutina, se tornou recentemente a primeira mulher indígena doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB).
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Quando criança, ela não teve a chance de estudar em uma escola indígena, tendo crescido em um meio pouco favorável e sem referências escolares de sua cultura e vivência na aldeia.
“Só fui me entender enquanto indígena e pertencente a um povo quando ingressei na graduação”, conta.
Foi quando ela compreendeu que precisava lutar pelas causas de sua etnia. “Durante a formação como professora indígena, não só eu como outros colegas fomos cobrados pela nossa identidade. Comecei a procurar saber da minha história, da minha cultura, conversar com os anciãos”, disse.
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Atualmente, Eliana é professora de uma escola infantil da sua comunidade.
Em julho, ela se tornou a primeira mulher indígena a concluir doutorado em Antropologia na Universidade de Brasília.
Resgate da Ancestralidade
Durante seus anos na Academia, ela compreendeu a importância da educação pautada nos saberes dos povos tradicionais como uma ferramenta para fortalecer sua cultura, fragilizada após os primeiros contatos com não indígenas, no século XX.
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“A população umutina foi praticamente exterminada, fisicamente e culturalmente, por todo o processo de colonização”, relata.
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Segundo registros do regime de Getúlio Vargas, na década de 1940, a comunidade umutina fora reduzida a apenas 23 membros.
Nos últimos 70 anos, esse povo tem lutado em defesa de seu território e sua cultura; cerca de 600 pessoas, de nove grupos indígenas, convivem hoje na terra Umutina, de onde retiram seu sustento e reiteram os vínculos com suas tradições.
Grande parte desse processo de manutenção da identidade e da memória do povo umutina advém do próprio incentivo de professores indígenas, como Eliane, à valorização dos antigos saberes entre as novas gerações.
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Para a própria professora, essa é uma missão na qual ela tem se dedicado há mais de 15 anos. Eliane foi a primeira mulher de sua aldeia a concluir um curso de pós-graduação. Ela tem licenciatura em Ciências Sociais na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e fez especialização em Educação Escolar Indígena.
Hoje ela ministra aulas de campo para incentivar jovens estudantes a conhecerem seu próprio território.
“Na universidade, não sou somente a Eliane. Represento um povo e isso é uma grande responsabilidade, não só por ser indígena, mas por ser mulher”, compartilha.
Ao ser aprovada no mestrado, a professora propôs a si mesma incentivar a busca de alternativas que contribuam para a sustentabilidade da aldeia e para reavivar os saberes e fazeres dos umutina.
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Ao lado dos anciãos da aldeia e dos jovens alunos da comunidade, eles trabalham na possibilidade de reavivar conhecimentos tradicionais já em esquecimento, como o cuidado da roça.
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Fonte: SNB/Fotos: Arquivo Pessoal
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