Professora defende tese em Libras e se torna a 1ª surda com título de Doutora na UFMG

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Professora surda faz história ao defender tese de doutorado usando Libras na UFMG

No início deste ano, a professora universitária Michelle Murta, 40 anos, fez história ao defender sua tese de doutorado usando Libras – a Língua Brasileira de Sinais.

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Para isso, ela contou com três intérpretes que traduziram sua fala em tempo real para uma plateia formada por mais de 100 pessoas, boa parte delas que não dominavam a língua gestual.

A tese foi aclamada pela banca da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e aprovada com louvor. Com isso, Michelle se tornou a primeira pessoa surda a conseguir o título de doutora na universidade! ❤️

Professora surda faz história ao defender tese de doutorado usando Libras na UFMG
Foto: Arquivo pessoal / UFMG

“Parece que estou num filme quando lembro a trajetória de vida que tive, escolar e pessoal. Penso como consegui chegar até aqui”, disse a professora, que mora em Belo Horizonte. “O significado, para a minha vida, é gratidão.”

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Michelle também aproveitou a conquista para reconhecer outro feito importante: alguns dias atrás, no dia 24 de abril, completou-se vinte anos que a Língua Brasileira de Sinais se tornou reconhecida como meio legal de comunicação e expressão no nosso país.

Esse reconhecimento foi importantíssimo para que ela pudesse defender sua tese.

“É a minha língua”, disse a servidora pública, que defende que a Libras deva ser considerada a segunda língua oficial do Brasil. “É por isso que lutamos.”

Professora surda faz história ao defender tese de doutorado usando Libras na UFMG
Foto: Arquivo pessoal / UFMG

Na juventude, Michelle estudou em escolas convencionais, sem um intérprete ou apoio pedagógico. Sem essa assistência tão importante, ela demorou a compreender que não conseguia distinguir palavras como “bala” e “mala”.

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A falta de suporte atrasou bastante a formação acadêmica dela, que foi reprovada 5 vezes no ensino fundamental. “Esses dias, eu conversei com uma professora que me deu aula e ela falou que nunca percebeu que eu era surda. Só fui ter atendimento em Libras na faculdade.”

Michelle deixou a casa da mãe aos 14 anos para realizar o sonho de ser professora. O caminho foi difícil: primeiro, ela concluiu os estudos na EJA (Educação de Jovens e Adultos), aos 23 anos, na capital mineira.

Em seguida, passou no vestibular de Letras/Libras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde formou-se.

Em 2016, veio uma enorme conquista: Michelle se tornou a primeira professora surda da UFMG, aprovada em concurso público.

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“Tomei posse como professora efetiva na UFMG. Sabe aquele sonho de criança? O meu foi realizado. Eu sempre desejei estudar ali e, quem sabe, trabalhar. E veja que realizei os dois. Ai que maravilha tudo isso“, comemorou. ?

Com a orientação do docente Guilherme Lourenço de Souza, a professora universitária defende em sua tese de doutorado os “mapeamentos da estrutura interna dos verbos na língua de sinais”.

Quando não está estudando ou ministrando cursos nas salas de aula, Michelle se dedica ao Projeto Mãos Literárias, fundado há cerca de três anos. A iniciativa coloca pessoas pessoas como protagonistas de histórias, piadas, poemas e lendas, todos em Libras!

Fonte: Leia Já

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