À frente do Projeto Abrigo Escola, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, o jovem protetor Esdras Andrade, 23 anos, se acostumou a resgatar animais abandonados e vítimas de maus-tratos, aliás, estamos com uma campanha de vaquinha para comprar o terreno do abrigo que ele quer construir, contribua aqui. Mas, em 2017, aconteceu algo inesperado: Esdras ‘resgatou’ a Dona Cida.
A idosa de 83 anos estava acamada, vivendo em condições insalubres, assim como seus animais de estimação. Através de denúncias de maus-tratos contra os bichinhos, Esdras conheceu Cidinha, e ficou arrasado com o que viu. Muita gente não fazia ideia, mas a idosa também precisava de cuidados.
Dona Cida estava abaixo do peso, com um ‘bolor’ na dentadura e até mesmo sarna nos braços. Havia lixo acumulado e entulho por todos os cantos da casa. A cama de Cidinha tinha urina, e tanto a geladeira quanto o banheiro estavam infestados por ratos. Cidinha ficava dias sem tomar banho. ?
Como não tem filhos, dependia da ajuda de vizinhos, mas não era sempre que podia contar com essa ajuda. Esdras levou os animais para o abrigo e passou a ir à casa de Cidinha todos os dias, tentando convencê-la que não era bom ela ficar sozinha. Ele enviou um ofício para a prefeitura pedindo que levassem a idosa para um abrigo.
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Porém, Esdras não poderia esperar a prefeitura atender o pedido. Depois de insistir muito, ele convenceu Cidinha a ir para sua casa. Ao mesmo tempo em que cuidavam da idosa, Esdras e voluntários do Projeto Abrigo Escola fizeram um mutirão de limpeza na casa de Cidinha. Também pintaram a casa, mas não havia a menor chance de Cidinha voltar.
“Foi uma luta até convencê-la. Ela dizia que não ficava sozinha, que os bichos subiam na cama, mas eram ratos. Então, eu a abracei como se fosse parte de mim, e fiz tudo o que pude por ela. Em casa, eu conseguia dar atenção pra ela 24 horas por dia”, disse Esdras em conversa com o Razões.
Esdras fazia de tudo pra facilitar a adaptação de Cidinha. Muito católica, Esdras decorou seu quarto com quadros religiosos, levava a idosa para a Igreja e colocava o DVD do Padre Marcelo Rossi para Cidinha assistir: ela adorava!
Foram 51 dias de muito amor e cuidado, até o asilo chamar Dona Cida. A despedida deixou saudades, mas Esdras visita Cidinha sempre que ele pode. “A minha vida é muito corrida, mas sempre que posso eu vou visitá-la. Sempre levo um cachorrinho, não só pra ela, mas também para os outros idosos.”
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Adestramento em troca de tratamento para os bichinhos
Desde criança Esdras é apaixonado por animais. Aos 13 anos, fez seu primeiro curso de adestramento de cães. Passado um tempo, Esdras encontrou uma cachorra atropelada na estrada e achou que ela estivesse morta. Mas assim que tocou no animal, ouviu um choro. Esdras pegou a cadelinha e a levou para casa.
Naquele ano, Esdras treinava dois cães: um deles da Bruna Benites, capitã da seleção brasileira feminina de futebol. Sem dinheiro, Esdras pediu a ajuda de Bruna para pagar o tratamento da cadelinha. Gentilmente, Bruna deu para Esdras seu cartão de crédito. Esdras internou a cachorra e decidiu adotá-la, com o nome de Vitória. Esse foi o primeiro resgate de Esdras e ele não parou mais. E agora ele quer comprar um terreno para construir o próprio abrigo, contribua aqui.
A falta de dinheiro continuava sendo um problema. Esdras pensou bem e teve a brilhante ideia de oferecer aulas de adestramento a clínicas veterinárias em troca de tratamento para os animais resgatados. Mas, por ser um adolescente, nem sempre conseguia fechar a parceria, comenta Esdras. Como no caso do cachorro Guerreiro.
Esdras encontrou o animal com a boca sangrando. Ele foi a diversas clínicas, mas nenhuma quis trocar o tratamento de Guerreiro por aulas de adestramento. “Eram 18 horas, e eu não tinha conseguido absolutamente nada. Eu tirei uma foto dele e postei em grupos no Facebook”, lembra Esdras.
Um homem ligou para Esdras dizendo que bancaria o tratamento de Guerreiro. O cãozinho foi internado, mas, para a surpresa de Esdras, outras pessoas fizeram pequenas doações para o tratamento de Guerreiro. Foi quando surgiu a ideia de criar um grupo no WhatsApp com pessoas interessadas em ajudar animais abandonados: estava plantada a sementinha do Projeto Abrigo Escola.
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Da ordem de despejo a uma sede própria
Dos cães resgatados com o apoio do grupo, Esdras adotou nove. Os cães ficavam no quintal da casa que Esdras dividia com mais quatro pessoas. Até que um dia alguém deixou o portão aberto, e os animais acabaram fugindo. Esdras não estava em casa na hora, mas conseguiu resgatar os cães.
Sabendo que precisava de um espaço maior e mais seguro para esses e outros animais resgatados, Esdras fez uma campanha de financiamento coletivo. Ele conseguiu alugar uma chácara, mas, três meses depois, recebeu uma ordem de despejo, pois não conseguia mais pagar o aluguel. Esdras teve que deixar na casa de amigos os 25 animais que viviam no abrigo.
“Tive que voltar com todos eles. Essa época foi muito difícil. Lá no fundo, eu sabia que [o abrigo] poderia dar certo um dia. Mas muitas pessoas desacreditavam. Eu tive que fazer uma nova campanha.”
Esdras alugou um espaço novo, onde atualmente fica o Projeto Abrigo Escola: lar de mais de 100 animais, entre cães e gatos. O endereço é temporário: Esdras trabalha duro para comprar um terreno e construir um espaço próprio. Ele já tem uma parte do valor, mas falta o restante, que você pode ajudar a acontecer contribuindo aqui.
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Vaquinha do Razões: Voaa!
Para isso, Esdras criou uma vaquinha online e conta com o apoio de parceiros do abrigo, como a nutricionista Lara Nesteruk (relembre aqui). Lara arrecadou 140 mil reais para a construção da nova sede do Projeto Abrigo Escola. Clicando aqui, você ajuda finalmente comprar o terreno!