O mineiro Alex Bretas fundou no final de 2013 o projeto ‘Educação Fora da Caixa’. O nome foi escolhido para o seu percurso de “doutorado informal”. A primeira fonte de sustentação do projeto foi um financiamento coletivo realizado no Catarse em 2014.
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Desde então, o jovem tem colecionado métodos e abordagens que acredita ter potencial para transformar a Educação. Nasceu assim o ‘Kit Educação Fora da Caixa’. Na prática, o kit funciona assim: às segundas, quartas e sextas-feiras do mês ele escreve sobre uma ferramenta de aprendizagem que considera inovadora no blog do projeto. Descreve sua importância, como pode ser aplicada no seu contexto e também indica alguns links de aprofundamento.
Na entrevista a seguir, concedida ao Razões Para Acreditar, Alex fala sobre aprendizagem de jovens e adultos, financiamento coletivo, o impacto do projeto nas pessoas e graduação informal.
Educação fora da caixa. Uma educação fora da caixa é aquela que não se curva perante imposições heterodidatas (o que o outro acha que eu devo aprender). Na verdade, o melhor termo pra isso é (livre) aprendizagem. Uma educação fora da caixa, como eu a vejo, é auto e alterdidata. É, por isso, independente e interdependente, mas nunca obrigatória. A caixa é a hierarquia, o peso, o desprazer de se fazer algo esvaziado de desejo. Uma educação fora da caixa é prazerosa, e até mesmo dolorosa em alguns momentos, mas é a dor e o prazer que se escolhe, que faz sentido. Neste sentido, a Educação Fora da Caixa é um movimento em prol da livre aprendizagem, e também o nome do projeto que financiei coletivamente em julho de 2014.
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Projeto. A ideia surgiu no final de 2013, quando eu havia acabado de me mudar de Minas para São Paulo. Hoje vejo que minha transição pessoal-profissional me fortaleceu a coragem para empreender o projeto. Inicialmente, a principal diferença era priorizar o contexto da aprendizagem de jovens e adultos. Eu via iniciativas fantásticas tomando forma no universo infantil, mas tive dificuldade em encontrar tantas inspirações no universo adulto. Por isso, decidi escrever um livro inteiramente dedicado a mim e a tantas outras pessoas já crescidas que anseiam por inaugurar jornadas autônomas de aprendizagem. Com o Kit Educação Fora da Caixa – uma caixa de ferramentas de aprendizagem inovadoras -, acredito que o projeto deu mais um passo no sentido de oferecer algo singular: conteúdos que espelham as práticas mais interessantes que venho presenciando na pesquisa para o livro.
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Financiamento. A primeira fonte de sustentação veio com o financiamento coletivo que realizei no Catarse em 2014. Arrecadamos mais de 150% do previsto com a ajuda de 161 apoiadores que acreditaram no valor do projeto. Junto com o Kit comecei um financiamento coletivo recorrente no Unlock, o que na prática significa que qualquer um hoje pode apoiar mensalmente o projeto via cartão de crédito ou boleto bancário. Acredito muito em mecanismos de viabilização como esses, baseados numa mobilização em rede. Contudo, tudo isso ainda é muito novo e o projeto ainda não consegue se sustentar somente a partir desses meios. Outras fontes de sustentação são encontros, palestras e mini-consultorias individuais e organizacionais que objetivam compartilhar os aprendizados gerados no projeto.
Livre aprendizagem. Recentemente, um jovem que eu não conhecia me procurou dizendo que iria começar uma graduação informal. Frustrou-se em sua história escolar e decidiu tomar um novo caminho quando teve a chance. Tem gente que já está fazendo isso. O UnCollege, por exemplo, é um movimento que impulsiona as pessoas hackearem sua educação. Existem atalhos, meios alternativos, e eu acredito que esses meios podem ser uma fonte incrível de auto-descobrimento. Como uma vez vi o chefe de gestão de pessoas do Google falar, se uma pessoa consegue fazer algo digno de nota tendo abandonado a escola, esta é uma pessoa a se acompanhar. Num cenário em que somos jogados num sistema de ensino cada vez mais massificado, sair dele pode se tornar um diferencial.
Impacto nas pessoas. A recepção tem sido ótima: parece que muita gente já tinha isso na cabeça, guardado em algum lugar, e ao ver mais pessoas inaugurando caminhos isso acaba desabrochando. A Educação Fora da Caixa foi o nome que dei para o meu percurso de doutorado informal, e essa ideia de uma jornada independente de pesquisa-ação tem agradado muita gente. Tem havido em geral uma compreensão de que a ciência é somente uma das gramáticas possíveis quando se fala de construção de conhecimento. E mesmo ela, a ciência, tem nuances muito diversas que acabam praticamente impossibilitando que se arranje tudo sob uma mesma palavra. Estamos saindo do monopólio – ou da ditadura – científica.
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Doutorado informal. O doutorado informal é um caminho auto-dirigido de construção de conhecimento que visa a sabedoria. É baseado na autonomia e na corresponsabilidade consigo mesmo e com o mundo. Com o doutorado informal é possível transcender os muros da universidade e “pesquisagir” sobre o que mais faz sentido para cada um. No doutorado tradicional, conteúdo, interação e procedimento estão fadados a seguir os ditames acadêmicos; no doutorado informal, quem dita as regras são as pessoas, alimentadas por suas relações, crenças, experiências etc. Dá pra dizer que o doutorado informal é, então, ao mesmo tempo experimento e experiência. Faço o convite a todos que quiserem lançar-se nesse percurso a entrarem no grupo do doutorado informal no Facebook.
Todas as imagens: Reprodução/Kit Educação Fora da Caixa
É cada vez mais visível a sensação de total falta de sentido. Desenvolvemos nossas habilidades para executar tarefas e ocupar um cargo, mas pouco fazemos em nome da melhor convivência e da vida em sociedade.
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Ainda investimos muito em conhecimentos específicos, muitas vezes desconectados da realidade, com o único objetivo de se vencer etapas: passar de ano, passar no vestibular, entrar numa boa faculdade, conseguir um bom emprego… Tudo isso para quê?
Se você quer tentar encontrar respostas para algumas dessas questões, venha participar de mais um encontro do R:evolucione, no dia 26/07, com Priscila Alvim, consultora especialista em comunicação e que acredita na troca e no diálogo como meios verdadeiros de aprender e ensinar.
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