Sem burocracias nem juros: o reciclador de materiais Paulo Roberto Carvalho, 56 anos, conseguiu financiar uma Kombi com a ajuda da corretora de imóveis Estela Vizcaychipi, que jamais questionou a capacidade do autônomo em honrar seus compromissos.
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“Eu escrevi assim para ele: ‘Todo dia 2 de cada mês, R$ 1 mil, completando R$ 7 mil’. Em nenhum segundo me passou pela cabeça que ele não pagaria”, lembrou Estela.
“Foi sofrido, mas compensou. O combinado era pagar dia 2, mas antes, lá pelo dia 26, 29, eu pagava. Deus colocou a dona Estela e meus clientes no meu caminho”, contou Paulo.
Paulo vive na Vila dos Papeleiros, em Porto Alegre (RS), e é conhecido pelos comerciantes e pedestres do Centro Histórico da capital gaúcha. Em posse da Kombi, ele recolhe e recebe doações de todo tipo de material para reciclagem. Ao chegar em casa, separa os itens e vende.
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O veículo foi adquirido há cerca de seis meses, e isso só foi possível graças à sensibilidade de Estela. Tudo começou com um pedido humilde e terminou com uma oferta que foi muito além do dinheiro.
“Eu conheci o Paulo há três anos, quando chamei ele para retirar umas caliças [restos de obra] lá de casa. Ele tinha uma Kombi velha e fez uma vaquinha para consertar ela, era uma lata velha. Depois que ela estragou de novo, não teve mais conserto. Ele teve que pegar uma carroça. Eu via ela sempre cheia, e ele de cima para baixo, magrinho. Eu pensava: ‘O que vou fazer para ajudar esse homem?’. Ele não sabia que eu queria ajudar.”
Antes da Kombi, o reciclador trabalhava com uma carroça. Na primeira vez, ele deixou uma carta na caixa de correio dos moradores do bairro: pedia R$ 5 mil em imediato, e dizia que devolveria o dinheiro.
“Infelizmente minha Kombi estragou novamente, fundiu o motor, e me cobraram R$ 4,5 mil, mas eu acho que não vale a pena porque está muito velha, por isso eu queria comprar outra Kombi. Prometo pagar a todo o valor que preciso arrecadar”, ele escreveu na carta.
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“Eu queria devolver o dinheiro, eles já tinham me ajudado a pagar a outra Kombi”, disse Paulo.
Ao receber a carta, Estela iniciou uma ação paralela, sem o reciclador saber. Com a ajuda de amigos, ela arrecadou R$ 3 mil em doações. Ao mesmo tempo, Paulo juntou outros R$ 2 mil com os moradores do bairro e com uma vaquinha virtual.
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Infelizmente, a quantia somada não era suficiente, faltava bastante.
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“Eu perguntei para ele como iria pagar pela Kombi, ele disse que tentaria financiar o valor que faltar e que tinha R$ 1 mil reais para dar, por mês, de prestação. Eu sabia que ninguém financiaria isso para ele. Eu disse para ele procurar uma Kombi e ver quanto custaria, que a gente iria ajudar. Ele ficou numa alegria e me ligou no dia seguinte.”
Adquirida de uma paróquia de Canoas, seminova, a Kombi custou aproximadamente R$ 14 mil. Para chegar ao valor, Estela doou R$ 2 mil e se ofereceu para financiar os R$ 7 mil que faltavam.
“As pessoas me perguntam como eu fiz isso sem um contrato. Meus amigos criticavam, riam. Sou uma corretora, não tenho dinheiro sobrando, mas, no que a gente pode, a gente ajuda. Tenho as fotos dele no dia em que pegamos a Kombi, da felicidade dele”.
“Foi uma emoção muito grande. Fiquei muito feliz. Quando eu vi a Kombi bem bonita, fiquei mais emocionado.”
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Fonte: G1/Fotos: Arquivo pessoal
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