Modelar e construir são duas funções que podem sim estar juntas. O jovem Francisco Albuquerque, de 26 anos, é quem prova que não precisam existir barreiras entre profissões e mundos diferentes.
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O glamour das passarelas e das capas de revista é dividido com o cenário das obras cheias de cimento e poeira e ele ama as duas coisas que realiza, mas não foi muito fácil trilhar este caminho.
Francisco é de uma família pobre criada por uma mãe solo e tem uma irmãzinha de 9 anos. Foi a mãe, dona Tere, que trabalha até hoje como diarista, que decidiu colocá-lo para modelar.
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“Eu tentei ser modelo quando era criança, minha mãe tinha esse sonho pra mim, mas tivemos muitos problemas com as agências, eu tinha baixa autoestima, cresci e segui outros caminhos”, explica.
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Francisco passou no curso de administração em uma universidade pública federal e começou a estudar, mas sentiu muitas dificuldades por causa da fragilidade da base nas escolas públicas e acabou largando o curso e o emprego na área administrativa.
“Tive depressão, engordei bastante, procurei ajuda psicológica. Fui trabalhar como autônomo, vendedor, garçom”, conta. Na adolescência, ele já havia trabalhado como ajudante de pedreiro. Os tios dele são pedreiros e o padrasto também.
“Comecei por necessidade, mas era uma terapia. Decidi correr atrás do sonho de ser modelo de novo. Juntei as duas coisas, comecei a tirar fotos na obra, cheio de cimento e postar nas redes sociais. Foi onde eu consegui ganhar dinheiro e ter flexibilidade na agenda para investir na carreira de modelo”, relata.
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E foi assim, colocando a mão literalmente na massa, que ele conseguiu reviver o desejo de ser modelo. Hoje divide o dia entre o trabalho pesado como servente de pedreiro e as agendas de fotografia e desfiles, mas ralou um bocado para conseguir este espaço e sofreu bastante preconceito.
“Tem muitos julgamentos por causa dos esteriótipos. As pessoas dizem que eu não tenho cara de pedreiro, e isso é uma forma de preconceito com esses profissionais. O mundo da moda tem que mudar e dar visibilidade a outros perfis de beleza, porque a beleza é multirrepresentativa. Eu estou dentro desses padrões, mas quero inspirar outras pessoas, negro, asiático, plus size. Temos que ter essa consciência”, avaliou.
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“Você não pode ser modelo sujo de cimento”, foi o que eles disseram
As agências não aceitavam o perfil de Francisco. “No mundo da moda, as pessoas diziam que eu tinha que mudar, mostrar glamour, não postar as fotos de pedreiro, mas era a história que eu queria contar, não queria esconder minhas raízes”, disse.
O modelo pedreiro ou pedreiro modelo está fazendo um sucesso gigante nas redes sociais e já posou até para capas de revista. “Estou muito feliz com tudo isso o que está acontecendo na minha vida”, disse.
Apesar disso, a pandemia interrompeu os trabalhos do jovem, tanto como modelo quanto como servente de pedreiro. Mas ele segue lutando para conquistar mais espaço e dar uma vida mais confortável para dona Tere, que sonhou com este futuro para o filho e que continua ralando bastante como diarista.
Muitas pessoas estão ajudando o paranaense, como dentista, academia, fotógrafos. Francisco disse que quer ajudar a inspirar outras pessoas e que tem recebido muitas mensagens de profissionais que sonham em alcançar outras profissões.
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“Com esse trabalho, eu quero mostrar para as pessoas que independente da sua profissão, você pode sonhar. Não importa a roupa que ela está usando porque elas são trabalhadoras”, falou.
Francisco, você é literalmente um modelo para nós, um exemplo, uma inspiração!
Veja o vídeo que ele fez narrando sua trajetória:
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[Nota da Redação]
Como é a rotina de um gari? Alegrias e sofrimentos fazem parte do dia a dia desses guerreiros:
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