Matheus Maia, 33, Renato Marques, 33, e Tiago Pizzolo, de 30 anos, formam um trisal, isto é, um relacionamento amoroso e afetivo entre três pessoas e precisavam de um colchão maior.
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O relacionamento poliamor surgiu há cerca de dois anos, mas passaram a morar juntos seis meses atrás. Logo surgiu um desafio no dia-a-dia: queriam mais conforto na hora de ir dormir após um cansativo dia de trabalho, sem abrir mão da companhia de ninguém. Assim, pensaram em comprar um colchão maior, que pudesse acomodar os três de uma vez sem maiores problemas.
Após muito procurarem, descobriram uma startup brasileira recém-chegada no mercado, especializada no desenvolvimento de colchões e tecnologia do sono, que logo aceitou a empreitada.
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A partir de uma despretensiosa mensagem enviada por Matheus no Instagram, a Zissou, que comercializa colchões que utilizam a tecnologia de compactação, permitindo a venda em caixas bem pequenas, assumiu a tarefa de desenvolver um modelo king size (ainda) maior!
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“A gente se conhece há quase dois anos, mas os três começaram a morar juntos há seis meses. A cama era do tamanho Queen e alguns probleminhas para dormir surgiram”, disse Tiago.
O rapaz brinca que por ter sido o último a entrar no relacionamento, sobrou pra ele o pior lugar da cama: o meio, onde é mais apertado. “A gente tinha que dormir coordenado. Todo mundo para a direita. Depois todo mundo junto virando para a esquerda. Quando um se mexia, eu acordava”, relembra.
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Profissionalismo
O trisal conta que se surpreendeu com a proatividade, profissionalismo e respeito da empresa com a sua necessidade. “Vivemos em um mundo cheio de julgamentos e, por isso, infelizmente ainda ficamos surpresos quando um atendimento acolhedor e sem julgamentos como este acontece. De fato, em nenhum momento nosso relacionamento foi julgado ou colocado em pauta.”
Infelizmente, não são todas as empresas que conseguem tratar com a naturalidade como a Zissou tratou.
Thiago relembra alguns constrangimento que passaram. “Já viajamos algumas vezes juntos e muitas vezes encontramos dificuldades em encontrar um hotel que acomode 3 pessoas em um quarto com apenas “uma cama para dois”. Desde olhares curiosos no check-in até dificuldades de registrar nós três no sistema, já passamos por situações diversas e até constrangedoras,” relata.
“Pluralidade”
É interessante notar que em nenhum momento a empresa questionou sobre a cama ser para um “casal de três pessoas” – uma postura muito correta.
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“Acho que a mensagem principal é ‘o mundo é plural, a forma de amor entre as pessoas é plural, e sim existe espaço para você ser e viver quem você é’. Somos gays, somos três, e quem sabe um dia tudo isso deixe de chocar as pessoas,” afirmam.
Agir com naturalidade deveria ser a norma, e não a exceção. Por isso, é importante que ações como estas ganhem visibilidade: trazem uma perspectiva e referência diferentes para as pessoas, e assim esta e outras formas menos convencionais de relacionamentos comecem a ser cada vez mais bem aceitas e naturalizadas em nossas vidas.
Reação das pessoas
Os rapazes contam que algumas pessoas “se chocam” ao saber que os três formam o núcleo de um relacionamento sério. No melhor dos casos, os enchem de perguntas: “mas não existe ciúmes? Qual o tamanho da cama de vocês? Quem dorme no meio?”
“Um relacionamento a três, hétero, já gera algum estranhamento nas pessoas. Um relacionamento a três gay acaba tendo que lidar com ainda mais questões e preconceitos,” diz Renato.
Tabu e poliamor
Aprendemos desde cedo que amar e relacionar-se com apenas uma pessoa (do sexo oposto) é o “correto”, o “normal”, o “natural”. Este é provavelmente o formato de relacionamento de nossos pais, familiares e da maioria das pessoas que conhecemos.
As oportunidades para questionar esses padrões e rótulos ainda são escassas, mas para o trisal o importante é questionar este padrão e trazer mais liberdade de escolha para as pessoas.
“Talvez o importante sobre este tema seja evidenciar às pessoas que elas podem (e têm o direito) de viverem o que faz sentido para a vida delas, assim como mostrar que não faz sentido você tentar determinar o que faz sentido para a vida do outro,” afirmam.
Repercussão
Os meninos ficaram surpresos com a grande repercussão da história nas redes sociais.
Eles contam que a intenção era apenas agradecer publicamente o carinho que receberam da marca, mas a notícia acabou ganhando destaque. “De amigos comentando, logo vieram alguns desconhecidos deixando mensagens de carinho ou mesmo interessados em ter uma cama gigante,” conta Tiago.
A maioria dos comentários são positivos, construtivos ou bem-humorados. Mas sempre tem aquela ‘laranja podre’ para estragar a festa. “Nos deparamos com alguns comentários discriminatórios e preconceituosos – como um que fala sobre ‘promiscuidade de corno gourmet’. Decidimos não apagar nenhum, estão todos lá na publicação original no Instagram.”
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Colchão aprovadíssimo!
O trisal foi uníssono sobre a primeira noite no super-colchão: maravilhosa.
Um material extremamente confortável, que compensou a falta de uma roupa de cama do tamanho do colchão. Matheus, Renato e Tiago contam que nem pensaram nisso ainda, mas devem encomendar algo sob medida.
“A vantagem é que agora a gente tem opção. Se quiser dormir juntinho, tem. Se quiser dormir separado, agora dá”, brincou Matheus.
Conversamos com a Zissou
Em uma entrevista exclusiva ao Razões, Amit Eisler, um dos co-fundadores da Zissou conversou um pouco com a gente sobre a repercussão da história do trisal nas redes sociais, sobre o profissionalismo da empresa e como ela lida com a diversidade.
1. Na conversa que a equipe teve com o Matheus, em nenhum momento houve algum tipo de indagação ou questionamento de eles precisarem da cama para 3 pessoas. Existe algum direcionamento de conduta dos colaboradores com relação a intolerância, seja ela qual for?
Todo o time Zissou tem muita sinergia. Apenas contratamos alguém quando há um match de propósito com a marca de redefinir a relação de todos os brasileiros com o sono. Esse direcionamento existe, mas acima de tudo somos comprometidos com uma cultura que preza diversidade, respeito e empatia.
2. O que vocês acreditam que seja um bom atendimento?
É primordial entender o que o cliente precisa. A Zissou é uma empresa que se comunica diretamente e de forma íntima com os consumidores. O principal canal de ativação da marca é o digital (seja por redes sociais ou e-commerce) e um de nossos grandes ativos é a proximidade e carinho que conseguimos transmitir de forma ampla e ao mesmo tempo personalizada. Procuramos promover experiências incríveis que tornem a Zissou um assunto para a mesa de jantar.
3. O que tem achado da repercussão da história do trisal envolvendo vocês?
Em primeiro lugar, nós gostaríamos de agradecer a confiança do Matheus, do Tiago e do Renato em nosso propósito e produtos – foi a nossa primeira experiência com um colchão dessas proporções. Ficamos bem surpresos com toda a repercussão que a publicação deles tomou. Lemos quase todos os comentários e ficamos ainda mais felizes com as manifestações, que em sua grande maioria foram muito positivas. Inclusive, acabamos identificando que diferentes famílias passam pela mesma situação de falta de espaço e conforto – sejam trisais, pais que dormem com os filhos e até mesmo casais que dormem com seus pets. Além de expandir nossos horizontes a uma nova realidade, a situação de uso nos trouxe um desafio para aprimorar nosso processo de pesquisa e desenvolvimento de produtos que beneficiará nossos futuros lançamento.
Então, fica a dica: procurem atender seus clientes de forma empática, querendo resolver realmente seus problemas sem julgamentos, e com certeza muita coisa boa vai acontecer.
Crédito das fotos: Reprodução Instagram / Arquivo pessoal
[Nota da Redação]
A Opaloka apoia a causa LGBT e é uma parceira do Razões, saiba mais seguindo o perfil aqui.
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